- VICTOR.
Minha manhã correu numa velocidade incomum, vai ver porque tava só o sono e dormi quase que todas as aulas. Depois do meu último tempo encontrei Kauã, meu brother e fomos almoçar num buraco qualquer.
- Então tu tá morando com uma mina? - perguntou - É gostosa, pelo menos? - Kauã só pensa nisso.
- Dá pro gasto - dei de ombros - é gostosinha, mas parece ser mó chata. Estuda lá na PIO também.
- Iá, eu conheço? Qual o nome?
- Natasha - bebi minha coca - nem perguntei qual curso ela faz.
É uma morena baixinha, cabelão, cintura fininha, toda estressadinha.
- Po, o que mais tem na faculdade é morena do cabelão né meu parceiro, mas não to lembrado de nenhuma Natasha não, será que ela cola nos rolês do pessoal da faculdade?
- Nem tem cara - relembrei o jeito cheia de não me toques dela - deve ser uma daquelas calouras frescurentas.
- Pelo menos a mina é gostosa, moleque - ele riu - e tu tem um apê gigante pra aproveitar com a morena.
Fiz cara de foda-se, tava mó foda-se mesmo, não tava nem pensando naquilo, tava de boa de mina enjoada no meu pé.
Quis sair de casa por dois motivos, um deles é que não suporto que fiquem no meu pé, não curto cobrança e o que mais tinha em casa era isso. Só queria arrumar um lugar com um aluguel mais de boa e meter o pé daquele apê.
Fui pra Brás&Co, a empresa de construção civil e urbana que trampo como inspetor de execução de obras.
A empresa é do meu tio Raul, então trampo ali desde que comecei o estágio obrigatório da faculdade, eu até curtia o trampo e o lugar, não tinha nenhuma pretensão de arrumar outro trabalho.
Chegando lá já bati o ponto e peguei a lista de afazeres do dia: relatórios e mais relatórios, e uma reunião com a equipe de segurança do trabalho no final do dia.
Já tava prevendo sair dali quase oito da noite.
- Boa tarde, Victor - eu tava tão concentrado em terminar os relatórios sobre a evolução do cronograma de uma das obras que nem vi quando a Mariana entrou na sala - como foi a mudança?
A encarei e vi que ela estava encostada no batente da porta. Usava uma saia dessas que vai até o joelho, uma camisa social que estava aberta um pouco demais e os cabelos soltos deixavam ela ainda mais gata, se é que é possível.
Porra, concentra Vitão.
- E aí, Mari - voltei a digitar, evitando olhar ela - foi tranquila. - resolvi não comentar sobre a treta do apartamento, senão sabia que ia ouvir.- Tentei te ligar ontem, você não atendeu, eu fiquei preocupada - ela se aproximou da mesa e se debruçou sobre ela - e o seu irmão também.
Ri ironicamente. - Beleza, Mari.
- Sabe que se precisar de qualquer coisa você pode me ligar, né? - perguntou.
- Tô ligado - olhei ela e viajei no decote da camisa dela - valeu.Ficamos ali naquela troca de olhares: eu, o decote dela, ela, ela, eu, o decote, até o telefone começar a tocar e eu me virar pra atender.
Quando desliguei ela já não tava ali e eu agradeci mentalmente por isso.
Mariana era uma filha da puta, sabia do poder dela sobre mim e não media forças em usar.
Mariana é a minha cunhada, casou com meu irmão mais velho faz um ano e meio, mas nos conhecemos desde a adolescência.
Éramos os três sempre juntos, os dois mais juntos na real, e eu igual um cachorrinho atrás da Mari, e ela sempre curtiu isso, não posso negar que eu também curtia um pouco ser feito de gato e sapato por ela.
Quando eles namoravam já era insuportável ter que aturar os dois juntos, depois que eles casaram então ficou impossível de morar no mesmo lugar que os dois, Vinicius sempre aproveitou qualquer oportunidade que tinha pra esfregar na minha cara a carreira bem sucedida, a mulher gostosa que ele tinha ao lado dele e como ele era mais bem resolvido que eu.
Sempre fui foda-se pro que ele falava, mas aturar ter que ouvir a mulher que eu gosto pra caralho dar pro meu irmão todo dia era demais até pra mim, que não tenho sangue de barata.
Quando meti o louco dizendo que ia embora, Vinicius riu e falou que duvidava, e a Mari choramingou dias dizendo que ia sentir saudades.
Verdade é que eu nunca vou entender aquela mulher, tá casada com meu irmão, diz amar ele, mas a condição que ela me dá quebra as minhas pernas demais.
Passei o resto da tarde com a cabeça na Mariana, só pra variar um pouco.
Entreguei as pendências que eu tinha e fui pra reunião com os caras no finzinho do expediente. Tinha coisa pra caralho pra alinhar com eles, então só bati o ponto 19h e pouco.
Só queria ir pra casa comer uma besteira qualquer e me jogar no sofá...
NATASHA.
Pra variar, o vacilão que eu chamo de melhor amigo furou o almoço comigo porque ele teria mais um tempo de aula depois do meio dia e eu tive que almoçar num restaurante do centro da cidade mesmo.
Fui pro banco logo depois de almoçar e resolvi as milhares de coisas que tinha pra resolver.
Minha supervisora estava de férias então todo o trabalho que tinha pra fazer sobrou pra mim, avaliei alguns empregados que estavam pra entrar de auxílio doença, confirmei algumas perícias do INSS, marquei algumas consultas pro psicológo do trabalho do banco e meu dia se estendeu sem nenhum acontecimento de importância relevante.
Tava saindo do banco era 18h quando recebi uma ligação do vacilão.
Thiago: Ô morenassa, foi mal o furo, onde cê tá?
Eu: Tô saindo do banco, por quê?
Thiago: Quer colar num barzinho agora não? Passo aí pra te buscar.
Eu: Barzinho numa terça a noite, Thiago? Nem rola, né. To cansadona, vou pra casa mesmo.
Thiago: E eu ir conhecer o apê novo?
Sabia bem o que ele tava querendo, se eu não tivesse tão cansada e não tivesse um embuste desconhecido na minha casa, eu até toparia.Eu: Hoje não migo, outro dia a gente se vê, ok?
Thiago: Beleza então, tchau gatinha.
Eu: Tchau.Passei no mercado pra comprar algumas coisas que eu iria precisar pra não morrer de fome e comprei uns ingredientes pra fazer um strogonoff bolado.
O ônibus de volta pra casa demorou pra caralho, peguei um puta trânsito, mas consegui chegar em casa viva.
O Victor não tava em casa, então presumi que ele devia estar trabalhando.
Tomei um banho rápido, vesti um short jeans e uma camisa que tinha roubado do Thi e fui encostar a barriga no fogão.
Estava terminando de fazer o arroz quando ouvir a porta abrir e bater em seguida, furacão tinha chegado.
- Boa noite - ele botou a cabeça na porta da cozinha e eu me virei pra olhá-lo.
- Oi, boa noite - observei que ele não vestia a mesma roupa que havia saído pela manhã, usava um terno e sua gravata estava bem frouxa. Me virei pra desligar a panela do arroz - E aí, tá com fome? - perguntei e recebi o silêncio como resposta, quando me virei pra ele, ele já nem estava mais ali.
Nem liguei, coloquei meu prato bem garota e fui pra sala procurar o que ver na televisão e devorar minha montanha de comida.
Vi que no canto da sala estavam os tênis do Victor, junto de algumas sacolas de supermercado, pelo jeito ele tinha tido a mesma ideia que eu.
Ele retornou alguns minutos depois, sem camisa e com os cabelos molhados.
Não posso negar que eu dei uma secada de leve nele, o cara era realmente bem gostosinho, tinha umas tatuagens que me agradava, dava pro gasto...
VOCÊ ESTÁ LENDO
Regra Número 3
Romance+18 "É amor quando a gente sente que não deveria estar em outro lugar..." "- Não transformar a casa em um motel, cada um com a sua própria comida... - ele lia com atenção, até chegar à regra número três, onde ele me olhou com um sorriso sarcástico n...