Vinte e Quatro🌹

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O primeiro episódio passava dos 30 minutos quando ouvimos um estouro e tudo ficou preto.

E quando eu falo tudo, é tudo mesmo, a televisão e a luz.

- Ai! - gritei pelo susto.

- Será que a energia caiu? - ele perguntou e foi até onde estava o interruptor pra tentar acender a luz - Ih moleque, caiu mesmo.

Meu coração batia rapidamente, quase que saindo pela minha boca.

Senti uma dor de barriga muito forte e me encolhi no canto do sofá.

Um dos meus maiores medos é de escuro, eu sei, meio infantil, mas não saber o que está a minha volta me apavora.

- Porra... - a luz do celular do Victor acendeu quando ele olhou a hora - Vai dar nove horas ainda. Se eu soubesse tinha saído.

Peguei meu celular pra acender a lanterna e vi que tinha só 10% de bateria. Karma filha da puta.

- Que cara é essa? - vi que o Victor me olhava.

- Nada, ué - falei firme e ele deu de ombros.

- Vou pro quarto deitar então, falou?

- Não, Victor! - me apressei em falar - Quer dizer... Fica aqui comigo, ué.

- Fazendo o que nesse escuro?

- Sei lá... Só fica.

Ele riu. - Peraí, cê tá com medo, Natasha?
- Não ri! - falei sério e foi aí que ele rachou o bico mesmo - Não ri, isso é sério.

- Como assim, mano? Quem tem medo de escuro? - ele disse entre risadas - Tu dorme com a luz acesa?

- Não né - me ajeitei no canto do sofá - é diferente. Eu sei que se eu sentir medo é só levantar e acender a luz, e agora não posso.

- falei e ele continuou rindo da minha cara - Será que dá pra você parar de rir, Victor? Não tô brincando com você.

- Ok, foi mal - segurou a risada.
Bufei. - Aff!

- Tá, eu fico - ele falou e eu respirei aliviada - mas só se você pedir com jeitinho - completou.

- Victor, vai pro seu quarto então. Não precisa ficar mais. - me estressei e ele riu ainda mais.

- Relaxa, eu fico ô coisa estressada - ele sentou no mesmo sofá que eu.
Meu celular vibrou na minha mão e desligou.

- Tá de brincadeira, né? - tentei ligar meu celular inúmeras vezes, mas tava total sem bateria.

- Toma - ele me deu o celular dele, totalmente carregado. Liguei a lanterna e iluminei a porta da sala, respirando fundo em seguida.

O olhei de relance e ele tava encarando o teto, com uma puta cara de tédio.

- Obrigada por ficar - falei baixinho e ele me olhou.

Não disse nada, e nem eu disse. Só ficamos nos encarando.

Os minutos que ficamos nos encarando pareciam décadas, foi o suficiente para que eu pudesse observar melhor cada detalhe de seu rosto.

Seus olhos eram tão escuros, que eu podia mergulhar neles, e contrastavam perfeitamente com a sua pele branquinha e seus lábios bem rosados.

Não podia negar que agora eu entendia todo o mimimi das garotas da faculdade, ele era lindo.

Seus olhos iniciaram uma trocar de olhares entre os meus e a minha boca, enquanto um sorriso meio torto surgia em seus lábios.

- Que foi? - perguntei ainda falando baixo.

- Nada. - sua voz também saiu mais baixa, e seu olhar não fugiu do meu.

- E você tá me olhando assim por quê?

- Não sei...

Ele continuou me olhando e então, do nada, eu me senti extremamente sem jeito e acabei desviando o olhar, soltando uma risadinha sem graça.

Qual é, homem nenhum me deixa sem jeito igual uma garotinha.

Ele bocejou e eu o olhei novamente. - Tá com sono? Vai dormir.

- E tu vai ficar aqui sozinha igual um zumbi? - perguntou e eu dei de ombros - Relaxa aí.

Ele fechou os olhos e eu fiquei o observando mais um pouco.

Regra Número 3Onde histórias criam vida. Descubra agora