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- VICTOR.

Fazia tempo que aquilo não acontecia, porra, eu tava fazendo de tudo pra não voltar a acontecer, mas o filho da puta do Vinicius me conhecia e conhecia os meus pontos fracos.

Odiava como eu me sentia depois, impotente, com um aperto fodido no peito, aquela vontade de cair na cama e não sair mais.

Caralho, como era foda sentir aquilo tudo de novo.

E eu sabia que se eu fosse encarar a Mariana ou a minha avó depois daquilo, elas iam pilhar pra cima de mim.

Iriam querer saber dos remédios, da terapia, do psicólogo e iam ficar putas em saber que eu já tinha mandado tudo pra puta que pariu há muito tempo.

O que mais me deixou com aquele sentimento foda de culpa, foi ter caído na real depois e ter me dado conta de como a Natasha tinha ficado no meio daquilo tudo.

Ela, a mina fortona que aguentava de tudo, ficou totalmente sem reação, eu vi o medo nos olhos dela, e saber que eu que tinha causado aquilo nela, me enfraquecia ainda mais.

Mas eu teria que segurar a onda, por ela, pelo menos enquanto ela estivesse ali comigo.

Ela não tocou mais no assunto no caminho de volta pra casa.

Quando chegamos ela disse que iria tomar banho e eu fui cair na minha cama.

E era exatamente quando eu caía na cama que todo aquele sentimento ruim caía em cima de mim.

Aquele monte de merda passando pela minha cabeça, aquelas ideias erradas, aquelas cenas do meu passado que eu preferia deixar no passado.

Não podia falhar de novo, não agora que tava tudo correndo tão bem com a Nat.

Tirei minha camisa e fui pro banheiro pra jogar uma água fria no corpo.

Tava precisando pra caralho daquele choque da água gelada, demorei um pouco no banho, vesti uma cueca e uma bermuda, e fui na cozinha pegar gelo pra pôr na mão, aquela porra tava doendo pra caralho.

Enrolei as pedras de gelo num pano de prato e coloquei em cima dos meus dedos.
Tava indo pra sala quando a Nat saiu do quarto de pijama com o celular na mão.

- Fefa mandou mensagem - ela disse - churras amanhã na casa dela. Quem vamos?

- Tô nem afim - me joguei no sofá. Só queria ficar um pouco na minha.

- Ata que você não vai comigo, Victor - ela se jogou no sofá em seguida puxando uma almofada pro meu colo pra deitar nela - ata que você não vai me dar uma carona.
- Não tô afim mesmo, Nat.

- Tem certeza? - ela me perguntando com aqueles olhões castanhos claros me encarando e aquela boquinha abrindo um daqueles sorriso que me tirava o juízo, era impossível de dizer não.

- Caralho, já tô virando escravoceta. Olha o que tu me arruma, Natasha - reclamei e ela riu, segurando no meu rosto e me puxando pra um beijo.

Larguei o pano com o gelo no sofá pra segurar com maior precisão o rosto dela. Ela finalizou o beijo com alguns selinhos e sorriu.

- Nós vamos? - perguntou me olhando nos olhos.

Revirei os olhos. - Vamos, né.

- Sabia! - me deu mais um beijo e voltou a deitar no meu colo, puxando o controle da tv para ligá-la.

Voltei a pôr o gelo na mão e tentei expulsar do meu pensamento o que tinha acontecido no início daquela tarde e todo o sentimento horrível de nostalgia que aquilo me trazia.

Regra Número 3Onde histórias criam vida. Descubra agora