Cinquenta e Quatro🌹

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— VICTOR.

O dia 31 cairia numa sexta, e por ter um milagre de Deus meu tio decidiu liberar todo mundo, até porque eu tinha marcado de ir pro sítio da Fefa com o povo dia 31 de manhã.

Na quinta feira eu trabalhei igual uma puta, entreguei uns relatórios, fui em duas reuniões de alinhamento e ainda fiz uma visita em uma obra que estava em andamento.

A galera do trabalho tinha marcado um happy hour pra depois do expediente, mas eu tava tão morto que deixei pra outro dia e fui direto pra casa.

Chegando lá, tudo tava aceso, já que normalmente a Natasha chega primeiro em casa e ela estava trancada no quarto.

Tomei um banho, coloquei meu samba-canção, fui ver se tinha alguma parada pra comer e não tinha nada de bom.

Me joguei no sofá pra ver qualquer merda na televisão e fiquei esperando a Natasha dar as caras pra perguntar se ela topava pedir alguma coisa pra comer.

Tava entretido num programa que tava passando quando comecei a ouvir a Natasha falar mais alto no quarto dela.

De início eu não tava entendendo nada, mas depois que eu abaixei a tv igual uma velha fofoqueira eu comecei a entender as palavras que ela dizia.

- Eu não quero saber, Thiago. - ela falava e eu deduzi que seria ao telefone - Caralho, olha o que você tá dizendo, Thiago. Eu não tô diferente, você que parou de comparecer e eu que parei de me importar. Não sou de ficar atrás de ninguém, você sabe muito bem disso. - ela falava alto e firme - Não tem nada a ver com a Moara, eu tô pouco me fodendo se você tá comendo ela ou não.
O meu problema é entre eu e você. (..) Eu. Não. Mudei. Enfia isso na sua cabeça! (...) Beleza Thiago, eu tô cansada pra caralho, tô morrendo de dor de cabeça e só quero sossego. (...) Eu não vou ficar aqui pra passar o réveillon com você só pra te provar que eu não mudei, me poupe né. (...) Ótimo! Mimado do caralho. (...) Tchau! - ela provavelmente desligou porque o silêncio se instalou, mas logo um estalo forte de algo se quebrando me fez tomar um susto - Que ódio! - ela gritou.

Beleza que eu fiz errado em ouvir a conversa dela, mas ela tava gritando, era impossível não ouvir.

Antes de aumentar o volume da televisão eu comecei a ouvir sons de soluço, como se ela estivesse chorando.

E eu não sei lidar com mulher chorando.

Regra Número 3Onde histórias criam vida. Descubra agora