Passei o dia todo na casa dos meus pais, aturando a Noemí, zoando com a Nic e sendo mimada pelos meus pais.
O Lucas e a Noemí me deram uma carona até em casa logo depois das sete da noite, não os chamei pra subir por motivos óbvios e só me despedi com um tchauzinho.
Quando cheguei a casa tava silenciosa, fiquei na sala mesmo assistindo a um programa qualquer da tv aberta.
Era por volta das nove horas quando o Victor chegou da rua, com os cabelos molhados e sem camisa.
- E aí - me cumprimentou.
- Oi - o observei - tá chovendo?
- Não.
Odiava isso no Victor, de estar sempre com poucas palavras e não me responder as coisas direito.
Caguei pra ele e ele cagou pra mim, foi direto pro quarto dele e não saiu mais de lá.
Tomei um copo de suco antes de ir tomar banho pra dormir.
Acordei no dia seguinte com o despertador tocando, tomei um banho rápido, vesti uma calça jeans de cintura alta, um cropped e um jaqueta jeans meio destroyed.
Quando saí do quarto senti o cheirinho de pão fresco e encontrei Victor na cozinha tomando café da manhã.
- Bom dia - ele falou de boca cheia. Puta mania feia.
- Bom dia - fui até a cozinha pegar o iogurte pra tomar um copo.
- Comprei pão, senta aí - ele falou.
- Ué, não é você que não gosta de dividir suas coisas? - perguntei.- Se tu ficar falando demais eu não divido mesmo.
- Mas você é grosso, né Victor? - me sentei a mesa com ele.
Cortei a metade de um pão francês, retirei o miolo e um sorriso involuntário tomou meu rosto quando eu vi a embalagem conhecida de creme de ricota na mesa - Gostou mesmo hein.
- Comprei pra me redimir pelo seu que eu comi - explicou.
- Uau, ele sabe ser gentil - o provoquei e ele deu risada.
Tomamos café da manhã juntos, num clima até que bom, depois de comer eu fui escovar os dentes e passar um reboco rápido.
Peguei minha mochila e tava saindo do quarto e o Victor tava escovando os dentes no banheiro social.
- Tchau! - acenei pra ele e ele só acenou de volta.
Já tava mais que acostumada a pegar ônibus, até gostava de ir pra faculdade de ônibus - quando ele não estava lotado, claro -, deitar a cabeça na janela do ônibus, pôr os fones de ouvido e meditar sobre a vida é a melhor terapia.
O ponto de ônibus não era tão longe do prédio, caminhei até lá e dei uma olhada no aplicativo de ônibus pra saber a estimativa de chegada no ônibus.
Teria que espera só uns 20 minutos e se Deus cooperasse e eu não pegasse trânsito, eu chegaria na hora.
Estava distraída olhando pro nada quando um carro preto parou em frente ao ponto de ônibus e o motorista buzinou duas vezes.
Primeiro eu ignorei, imaginei logo que seria um daqueles caras sem noção que saem por aí mexendo com qualquer par de coxa que vêem na rua.
A pessoa tornou a buzinar e eu finalmente olhei, encontrando o Victor me encarando de dentro do carro.
- Quer uma carona não? - perguntou. Fiquei tentada a aceitar, mas não queria incomodá-lo.
- Não, obrigada.
- Qual é - ele destravou a porta do banco do carona e a abriu - entra aí, a gente tá indo pro mesmo lugar.
Dei de ombros e entrei, caronas são sempre bem vindas.
Seu carro cheirava bem e diferente do carro da Laís, que tinha lixo jogado pra todo o lado, o carro dele era bem limpinho e a única desorganização era uma jaqueta de couro no banco de trás, junto de sua mochila.
- Achei que tu fosse todo dia com aquela guria loira que você anda - ele puxou conversa.
- Nem sempre, normalmente vou de ônibus mesmo.
- Se você quiser posso te dar carona quando ela não for - ele disse sem me olhar.
- Você não acha que tá bonzinho demais comigo? - perguntei o estranhando e estranhando sua gentileza repentina.
- Tá reclamando? Posso te deixar aqui no meio do caminho então - ele parou o carro bruscamente. Pensei que ele fosse me deixar no meio do nada mesmo, mas só estávamos parando no semáforo.
- Não, idiota. - ele me olhou e aí percebi a ofensa - Quer dizer, não tô reclamando. Mas na semana passada você mal me olhava e agora tá aí me oferecendo carona.
- Hoje acordei com o espírito bondoso - tornou a dar partida no carro.
- Então agradeça ao seu eu gentil interior por mim, por favor.
Ele balançou a cabeça positivamente.
O caminho até a faculdade foi rápido, entramos no estacionamento e enquanto ele procurava por uma vaga eu fui passando o olho pelo lugar.
Vi que a Laís saía do carro dela no momento em que havíamos chegando e a conhecendo como conheço, ela ia surtar em me ver chegando com o Victor.
Ele estacionou, soltei meu cinto e saí do carro.
- Obrigada pela carona. - agradeci.
- Relaxa...
- Nat? - ouvi a voz da Laís e vi que ela se aproximava - Bom dia. - ela sorriu exageradamente pra ele - Não vai me apresentar ao seu novo amigo?
Fiz cara de tédio. - Como se você não conhecesse o Victor.- Mas ele não me conhece - me mostrou a língua e virou pra ele - prazer, Laís, melhor amiga da Nat. - deu dois beijinhos na bochecha dele.
- Prazer, Laís. - ele até sorriu pra ela. Sim, o ogro estava sorrindo. Sabia que a Lolis tava morrendo por dentro
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Regra Número 3
Romance+18 "É amor quando a gente sente que não deveria estar em outro lugar..." "- Não transformar a casa em um motel, cada um com a sua própria comida... - ele lia com atenção, até chegar à regra número três, onde ele me olhou com um sorriso sarcástico n...