Setenta e quatro🌹

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- Tu é amiga da Fefa há muito tempo? - ele perguntou depois de virar o espeto de carne na churrasqueira.

- Acho que vai fazer uns dois anos, por aí - tomei um gole da ice - e você?
- Desde que ela nasceu - ele riu - nós somos primos.

- Sério? Não fazia ideia...

- É, sou obrigado a aturar ela desde sempre. Já dei até mamadeira pra aquela guria.
Eu ri. - Até parece... Qual a diferença de idade?

- Quantos anos você me dá? - ele cruzou os braços, deixando os músculos mais flexionados.

- Hmmm - pensei um pouco - 25? - chutei.
- 27. - riu - E você? Tem cara de novinha igual a Lipa.

- Tenho 21.

- Hmm, bebê - ele riu.

- Sou uma bebêzinha.

- Aham - ele me olhou da cabeça aos pés - tô vendo, bebêzinha.

Nós rimos, e o assunto não morreu. Emendamos em mais alguns outros muitos assuntos e eu até esqueci do pessoal na piscina.

- Sabe o que eu tô com vontade de comer? - perguntei a ele - Vinagrete. Será que eu consigo fazer um pra gente?

- Ia ser uma boa, hein - falou - eu e a Lipa fomos no mercado mais cedo, deve ter os ingredientes lá dentro.

- Vamos lá ver então? - o chamei.

- Bora, deixa eu só cortar essa carne e levar lá pra eles.

Aparentemente, o Rapha era um homem muito do prendado.

Cortou a carne em tiras rapidamente, ele me ofereceu, eu peguei um pedaço e ele foi lá entregar pro povo na piscina.

- A Lipa fez um arroz, se tu conseguir fazer o tal vinagrete a gente já pode almoçar - ele falou ao voltar.

Nós fomos pra cozinha, pela vontade do Senhor Jesus tinha todos os ingredientes que precisava pra fazer um vinagrete.

Eu lavei um tomate, e peguei a tábua de carne pra cortar os cubos.

- Esses cubos não estão muito grandes não?
- o Rapha falou.

- Você acha? - analisei um dos cubos.

- Óbvio, tem que fazer render, morena - ele veio pra trás do meu corpo - deixa eu te ensinar.

O corpo dele se encostou nas minhas costas, eu podia sentir todo o calor do corpo dele e a respiração quente que batia contra o meu pescoço.

Por incrível que pareça, eu não sentia malícia vindo da parte dele.

Ele segurou nas minhas mãos pra me guiar, e começou a cortar pedaços menores que o meu.

- Tá vendo? - ele falou próximo ao meu pescoço.

- Tô - eu ri - tu é cozinheiro profissional, é?

- Debocha não, morena. Eu me viro bem.

Eu ri dele e nós seguimos cortando o tomate, em seguida a cebola.

- Meu olho tá ardendo - eu disse entre risadas.

- Fecha os olhos - ele falou.

Eu fechei os olhos, confiando nos movimentos dele e ri vez ou outra quando ele me pedia ter mais firmeza na mão.

- Atrapalho? - a voz da Mariana ecoou na cozinha, o Raphael me soltou rapidamente e eu virei pra olhar ela - Desculpa, é que o povo tá enlouquecendo de fome. A Natasha veio procurar a comida e sumiu.

- As carnes já devem estar boas, vou lá cortar - o Rapha falou - continua cortando assim, tá Nat? - ele falou e eu assenti.

O Raphael voltou pra churrasqueira, eu continuei cortando as coisas e a sonsa ficou ali me olhando.Mostrar a lista de pessoas que avaliaram - Precisa de alguma coisa? - parei de cortar e a olhei.

- Você é muito engraçada, Natasha. - ela falou.

- Ah sou? Por que?

- Porque até ontem você tava dando pro Victor - ela chegou perto da bancada onde eu tava, com aquela pose de imponente dela - ficou sem calcinha na festa porque deixou com ele e hoje já tá dando em cima de outro? Bem rápidinha você.

Eu ri sarcasticamente. - Você chama de rápidinha? Eu chamo de estar solteira, não dever satisfação pra ninguém e ficar com quem eu quiser na hora que eu quiser - comi um pedaço de tomate - você também é uma graça, meu amor. Tá se metendo onde não é chamada, a sua vidinha e a do seu marido não é suficiente pra você cuidar? Ah! Também tem a vida do Victor, né? Que você quer fazer questão de controlar e ter na palma da sua mão.

- Eu só vim aqui te dar um aviso... - interrompi.

- Não. Eu que vou te dar um aviso - me debrucei sobre o balcão pra ficar mais perto do rosto dela - com o Victor você pode pintar e bordar, mas comigo cobra não se cria. Não se mete com o que eu faço ou deixo de fazer que eu te faço morrer engasgada com o seu próprio veneno, entendeu?

- Espera. Você por acaso está me ameaçando? - ela colocou as mãos na cintura.

- Entenda como quiser. - permaneci calma e plena.

- Olha aqui, garota. Não sei se você sabe da minha formação, mas eu sou formada em direito, e se eu quiser eu meto um processo... - a interrompi de novo.

- Você tá cansando a minha beleza, Mariana. - continuei cortando o pimentão sem olhar pra ela - Espero que você tenha entendido o recado. Agora chispa.

- Você não vai falar assim comigo, sua pirralha! - ela se alterou.

- Anda, mete o pé - fiz sinal de "chispa com a mão" - não me tira do sério porque você não me conhece.

- Tá tudo bem aqui? - a voz do Victor surgiu do nada e ele brotou na cozinha. A Mariana engoliu seco e sorriu pra ele. Falsa da porra.

- Não, Victor. Só vim perguntar se a Natália precisa de ajuda. - ela errou meu nome de propósito.

- Na verdade ela só fez me atrapalhar mesmo, Victor. - o olhei - Se você poder levar ela embora, eu agradeço. Aliás, cada um com a sua cruz, não é mesmo?

O Victor revirou os olhos e a Mariana fez a ofendida.

- Nossa garota, não precisa ser grossa. Só ofereci minha ajuda.

- E eu estou recusando a sua ajuda, garota - falei o "garota" ironicamente - pode vazar.
- Menos, Natasha. - Victor se meteu.

- Relaxa, Vitinho - a Mariana falou - crianças levam tudo pro coração mesmo.
Eu ri ironicamente e apontei a porta da cozinha pra ela.

Ela bufou e saiu pisando fundo, o Victor balançou a cabeça negativamente e foi atrás dela.

Outro otário.

Fiquei pleníssima na frente daquela piranha porque sei que o que vagabunda detesta é calmaria diante de afronta e também porque não estava nenhum um pouco disposta de estragar minhas unhas recém feitas.

Mas se ela viesse fazer a mal comida comigo de novo eu não ia nem medir esforços pra não arrancar aquele cabelo dela com as mãos.

Regra Número 3Onde histórias criam vida. Descubra agora