Ele suspirou e tirou o tênis.
- Tô cansadão, mas tô precisando de uma loira depois do dia de hoje. Bora?
O encarei sem entender.
E daí que ele tava querendo comer alguém?
- Bora onde?
Ele riu, por ver que eu não tinha entendido.
O hobby dele é rir da minha cara.
- Bora tomar uma cerva, sonsa.
- Cerveja em plena segunda-feira? - fiz uma careta - Aquieta o rabo em casa, garoto.
- Porra, tu nem sabe as tretas que eu tive que resolver no trampo hoje. Bora aí, para de ser chata.
Fiquei meio receosa, ainda era início da semana, eu tinha aula pela manhã.
Mas ele tava sendo tão diferente comigo e parecia querer conversar.
Não tenho culpa se sou muito maleável.
- Tá, aff. Mas se for pra ficar bêbado eu te deixo pra trás!
- Bláblábláblá pra trás - ele me imitou - vou tomar uma ducha então.
Fiz uma careta pra ele e fui guardar minhas coisas no quarto.
Eu já tava tão quentinha no meu pijama de bonequinha e o Victor me faria trocar de roupa pra sair para saciar sua vontade de álcool.
Vesti uma calça jeans e uma t-shirt bem larguinha, usando a mesma jaqueta que havia usado pela manhã e só calcei uma sandália.
Prendi meu cabelo num rabo de cavalo e decidi que sairia de cara lavada mesmo, não estava com paciência pra tirar maquiagem depois e o Victor não merecia que eu gastasse a minha base caríssima com ele.
Fiquei esperando a mocinha se arrumar e ele voltou do quarto vestido como o Victor que eu estava habituada: moletom grande e bermuda, sem mencionar aquele perfume maravilhoso.
- Tu conhece um barzinho que tem ali na próxima quadra? - ele perguntou enquanto eu pegava minha bolsa e nós saíamos de casa. - Parece que tem umas porções massas.
- Que bom, porque eu tô morrendo de fome e você vai me pagar uma porção gigante de batata frita - a gente entrou no elevador e ele apertou o botão do térreo, encostando-se no vidro do elevador - mas e aí, você vai me contar do seu dia lixo ou eu vou ter que implorar?
- Até que seria legal te ver implorar - ele falou e eu revirei os olhos, o fazendo rir - lembra da Mariana? - eu balancei a cabeça positivamente - É ela quem fodeu o meu dia.
Menos de quinze minutos de caminhada e nós chegamos no tal barzinho.
Ele tava relativamente cheio pra uma segunda-feira, escolhemos uma mesa lá dentro por causa do tempo meio frio e pedimos uma Skolzinha pra começar.
- Me explica então, o que foi que a sua cunhada te fez?
Ele bebeu um gole longo da cerveja dele e pareceu relaxar depois disso.
- Aquela mulher me enlouquece qualquer dia desses, na moral - ele suspirou.
- Ah para - eu ri - cê tá zoando, né? Você e a sua cunhada?
- É foda demais, Natasha. Ela é doida e quer me deixar doido junto.
Tá lá agora provavelmente dando pro meu irmão, mas amanhã na empresa vai se jogar pra cima de mim, e é nessas que ela me tira todo o foco.
- Você gosta dela? - eu perguntei ao ver que a coisa era mesmo séria.
- Sei lá - tornou a beber - esse negócio de gostar não é comigo, também não sei se gosto.
- Ela mexe com você? - insisti.
- Pra caralho.
- Então você gosta - concluí - o que é uma merda, já que ela é casada com o seu irmão. Mas se ela se joga pra cima de ti, é porque nem do seu irmão ela deve gostar de verdade e você deveria contar isso pra ele.
- Tu não entende, Natasha. Meu irmão é tão louco por ela quanto eu, ele não acreditaria em mim e ainda partiria pra mão dizendo que eu quero pegar a mulher dele.
- Mas você quer - acabei soltando um risadinha e ele bufou.
- Tá vendo o que ela faz comigo? Me deixou tão puto que eu tô aqui desabafando com uma pessoa nada a ver.
Dessa vez eu que bufei. - Tava demorando para começar com as ofensas - tomei do meu copo - só lembra que quem me chamou pra vir aqui foi você.
- Foi mal. É foda porque eu nunca fui dessas coisas, de sentir essas paradas e falar com alguém sobre isso.
- Às vezes é bom falar, pôr pra fora pra não explodir - eu sorri pra ele e ele balançou a cabeça positivamente, servindo mais do copo dele e completando o meu.
- Só preciso de um tempo pra tirar ela da minha mente, tá pesando demais.
- Achei que você utilizasse outras mulheres pra te ajudar nisso - falei sem me tocar que tava o ofendendo de novo.
- Tu acha que sabe muita coisa sobre mim, né não Natasha?
Eu ri. - Só sei o que falam de você, Victor. - ele balançou a cabeça negativamente - Aliás, pode ficar a vontade e me chama de Nat, todo mundo chama.
- Teu mal é acreditar em tudo o que falam, Natasha. - ele insistiu em me chamar pelo nome.
- Ué, Victor - o chamei pelo nome da mesma forma que ele me chamou - você não me deixa te conhecer, fica sempre com essa cara de mal, cheio de grosseria e de patadas.
- Tu também é foda, Natasha, me tira do sério também. - reclamou de mim e eu fiz uma careta.
O silêncio perturbador de sempre se instalou. Puxei o cardápio da mesa pra olhar as porções e arrumar um pretexto pra não olhá-lo?
- Mas então tu quer me conhecer? - ele puxou o cardápio da minha mão pra olhar.
- Ei! - protestei - Para de ser assim. - cruzei os braços igual criança - Se tu for insuportável assim eu prefiro nem conhecer e a gente continua nas meias palavras.
Ele me olhou por cima do cardápio com cara de "ata" e eu acabei rindo, o fazendo rir também.
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Regra Número 3
Romance+18 "É amor quando a gente sente que não deveria estar em outro lugar..." "- Não transformar a casa em um motel, cada um com a sua própria comida... - ele lia com atenção, até chegar à regra número três, onde ele me olhou com um sorriso sarcástico n...