Setenta e Oito🌹

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- Sério que você não vê o quão filha da puta ela tá sendo com você? Com vocês dois, na verdade. Ela tá usando essa briguinha besta de vocês pra aumentar o ego dela.

- Eu sei que ela tá brincando com a gente. Mas porra, eu sou um otário como você já disse, eu gosto de ter ela por perto, mesmo que seja assim, me levando à loucura.

- Eu posso te fazer uma pergunta que você promete que vai responder com sinceridade? - perguntei e ele balançou a cabeça positivamente - Você gosta mesmo dela, quer ficar com ela de verdade, ou você só quer ganhar essa competição besta contra o seu irmão e quer ganhar a garota como um troféu? - perguntei e ele ficou sem saber o que dizer, deixando o silêncio como resposta. Ele olhou pro lago e ficou quieto. - Não precisa me responder, mas pensa nisso. Essa disputa idiota só tá te machucando, enquanto você tá aqui perdendo noites de sono, ela vai voltar de novo pros braços dele imaginando qual a próxima situação em que ela vai poder mexer os pauzinhos pra virar sua mente de novo.

Ele permaneceu quieto, e eu também. O lago que era enorme estava sendo refletido pela luz da Lua, o que o deixava ainda mais bonito.

- Tá rolando alguma coisa entre você e o primo da Fefa? - ele perguntou me fazendo o olhar.

- Não, por quê?

- Vocês ficaram grudados o dia todo. Logo você, que odeia grude.

- Nós não ficamos grudados, só conversamos o dia todo. Ele é um cara legal.

- Hum.

Novamente o silêncio se instalou e eu voltei a viajar no lago.

A brisa da madrugada estava batendo, me deixando com frio.

- Vem cá - ele me chamou.

- Já disse que não quero ficar me pegando com você, Victor.

- Relaxa, estressadinha. Só tô te oferecendo um abraço, tu tá tremendo de frio.

Semicerrei os olhos pra analisar se ele estava sendo verdadeiro ou não, ele bufou impaciente e eu ri.

Me aproximei dele e me permiti ser abraçada.

Ele usava aquele mesmo perfume gostoso de sempre, seus braços quentes me envolveram e aos poucos o frio cessou.

- Tu não é tão má assim, sabia? - ele falou.

- Por que eu seria má?

- Eu imaginava que tu era uma patricinha mimada, quando a gente se conheceu. Depois você passou pra porra louca que só quer saber de se divertir, agora tu é só a Natasha, que reúne tudo isso, mas consegue ser uma mina firmeza.

- Então você tem filosofado sobre mim? - recostei a cabeça no ombro dele.

- Sonha.

Nós rimos e começamos a falar sobre a vida, esquecendo completamente do frio e da hora.

Mostrar a lista de pessoas que avaliaram A hora passou voando, mas voou tanto que nem vimos ela passar.

A gente conversou sobre tanta coisa, que quando demos conta os primeiros raios de sol já começavam a sair e o céu já estava claro.

- Caralho, já tá amanhecendo - cocei meus olhos.

- Porra - ele pegou o celular do bolso e me mostrou a hora. O relógio marcava 05:27 da manhã.

- Faz muito tempo que não vejo o sol nascer, nossa senhora - observei o sol começando a querer sair na linha do horizonte.

- Nem fala...

O frio já tinha até se tornado mais suportável, eu prendi meu cabelo e já estava sentindo meu corpo mais pesado.

- Acho melhor a gente ir nanar hein, daqui a pouco alguém acorda e vão querer falar merda da gente - eu falei.

- Pode crer, bora lá.

Entramos em casa, eu nem me dei o trabalho de trocar de roupa, me joguei logo na cama e só senti o cansaço do meu corpo depois que eu me joguei no colchão.

Dormi tão bem naquele dia, que só fui acordar depois das duas.

- UM MÊS DEPOIS.

Fevereiro, meu mês favorito do ano.

Fevereiro remete à carnaval, que remete à samba, que remete à pegação.

O primeiro mês do ano correu tranquilo, andei procurando por alguns apartamentos mais em conta, mas nada de bom me aparecia.

Entretanto, o convívio com o Victor acabou se tornando algo normal e eu me acostumei com a presença dele todos os dias, mesmo que haja discussão quase que toda noite sobre qualquer assunto idiota.

As aulas na faculdade ainda não voltaram, então tenho que aturá-lo por mais algumas horas dos nossos dias.

Mas parte dos meus dias estão sendo preenchidos pela presença do Raphael.

Nós saímos umas três vezes desde o réveillon, ele era um cara muito legal e totalmente diferente dos caras que eu costumava sair.

Ele era atencioso, carinhoso, não me pressionava pra fazer nada, tinha um papo muito bom.

Cheguei do trabalho naquele dia cansada demais, estava organizando uma palestra do psicológo do trabalho o dia todo e aquilo acabava comigo.

Peguei ônibus lotado, trânsito infernal e quando cheguei senti um cheirinho frango.

- Nossa, que cheiro é esse? - perguntei enquanto fechava a porta.

- Oi! - uma garota loira apareceu na sala - Você deve ser a Natasha, né?

- E você é quem? - eu perguntei.

- Sou a Ana Clara, amiga do Victor, prazer - ela esticou a mão pra me cumprimentar.
Apertei a mão dela só por educação mesmo.

- E o Victor? Cadê?

- Ele tá no banho, a gente acabou de chegar e ele me pediu pra vir adiantar a comida.
Sorri educadamente pra ela. Só larguei minha bolsa no quarto e marchei até o quarto do Victor. O esperei sair do banho sentada na cama.

Ele saiu com o corpo ainda molhado e a toalha enrolada na cintura.

- O que eu disse sobre transformar a casa num motel, Victor? - coloquei as mãos na cintura.

- Oi pra você também, Nat. - ele falou sorridente enquanto abria o guarda-roupa dele - Não tô fazendo nada de motel. Eu trouxe uma amiga pra jantar comigo, só isso.

- Só acho que você deveria ter pelo menos me avisado.

- Nunca rolou da gente ter que avisar essas coisas. Por que disso agora? - jogou uma camisa na cama ao meu lado.

Regra Número 3Onde histórias criam vida. Descubra agora