Sesenta e Um🌹

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— NICOLE.

- Mentira que você só tem 17 anos, mulher - a Victória falou - parece que tem mais.

- Sério que você acha que eu não tenho cara de pirralha? - perguntei a ela.

- Não mana, eu te daria uns 19 - me cutucou com o ombro - tu entraria fácil nos rolês comigo.

- Me chama que eu vou!

A gente riu, mas minha risada se perdeu quando o Victor entrou na casa rindo com a Fefa. Socorro Deus, por que tão lindo?!

- Nossa, que sapão - a Victória também babou nele - tu conhece?

- É amigo da minha irmã - expliquei, mas logo lembrei da Nat repetindo que eles não eram amigos.

- E o outro boy?

- Também é amigo dela.

- Tua irmã tá boa de amigo, hein. Onde vocês moram? Vou me enturmar mais.

Eu ri dela e tomei mais um pouco da tal caipiroca, que era só uma caipirinha um pouco mais forte.

O Victor foi apresentado à todos pela Fefa, ele me olhou rapidinho, nem deu bola.

Eles tavam conversando com o pessoal quando a Nat e a Lolis voltaram do segundo andar.

- Já tá enchendo a cara né garota - a Natasha chegou tomando o copo da minha mão e bebendo o que tinha nele.

- Ô sua mal educada - peguei o copo da mão dela.

- E aí, loirinha - o Kauã se aproximou abraçando a Laís por trás e ela fez uma careta.

- Oi Kauã - ela se virou pra beijar a bochecha dele e eu fiz uma careta.

- O que você acha de eu ir falar com ele? - perguntei pra Natasha.

- Falar com o Victor? - ela o olhou e no mesmo momento ele nos olhou. Olhou pra ela, na verdade - Vai falar o que, Nicole? - ela me olhou.

- Sei lá... Perguntar se ele lembra de mim.

- Você não disse que veio pra cá pra curtir? Vai querer ficar grudada em macho por quê? Se ele lembrar de você pode ter certeza que ele vem falar contigo - ela falou.

- Tá, você tá certa.

- E para de ficar secando o cara! - ela mandou e eu ri.

- Vou fazer o possível.

Nós ficamos na sala bebendo e conversando, eles nem se importavam com o fato de que eu era mais nova e falavam muita besteira na minha frente.

Não posso negar que eu estava adorando.

Vez ou outra eu dava uma olhada no Victor e ele me olhava de volta, mas na maioria das vezes o peguei olhando pra Natasha e fiquei sem entender.

- Onde fica o banheiro mesmo? - perguntei pra Vic, que estava do meu lado.

- Tem um no corredor depois da cozinha, gata. - ela me respondeu.

Deixei meu copo com a Nat e eu fui procurar o banheiro.

Não foi difícil de achar, apesar da casa se enorme de tão grande.

Fiz um pipes, lavei minha mão, tentei dar um jeito no meu cabelo desgrenhado e quando saí do banheiro quase enfartei ao encontrar o Victor encostado na parede de frente pro banheiro de braços cruzados.

- Nossa cara, que susto! - coloquei a mão no meu peito, sentindo meu coração acelerar - Quer me matar do coração?

Ele riu. - Po, foi mal.

Fechei a porta atrás de mim e me encostei nela, da mesma forma que ele estava.

- Veio usar o banheiro? - perguntei.

- Você sabe que não.

- Então...? - o incentivei.

- Caralho, guria - ele riu - como é possível você ser irmã da Natasha? Tu não acha muita coincidência?

- Vai ver é um sinal do destino - dei de ombros e ele riu, parecia se divertir.

- Tua irmã sabe dessa história?

- Hmm, e se souber? - perguntei.

- Porra - ele riu mais ainda - tu é muito parecida com a Natasha, dá nem pra negar.
- E você veio até aqui atrás de mim pra me comparar com a Natasha?

- Pelo jeito essa marra é de família, então. - ele me comparou a ela novamente e eu bufei - Sério. Você contou pra sua irmã?
- Sim. Era pra ser segredo?

- O que ela falou pra você? - me respondeu com uma pergunta.

- Nada. O que ela tinha que ter dito?

- Nada po. - ele se desencostou da parede - Se liga, queria esclarecer as coisas, pode ser? Aquele dia foi bom pra caralho, mas se eu soubesse que tu é de menor nada tinha rolado, então não vai rolar de novo, ok?
Confesso que engoli seco, mas mantive a pose.

- Também gostaria de esclarecer as coisas - me desencostei da parede - aquele dia foi bom pra caralho, mas eu tava bêbada, então só rola de novo se eu estiver realmente caindo de bêbada, ok gracinha? Porque sóbria fica muito difícil. - toquei o queixo dele e o deixei meio embasbacado pela segunda vez, mas desta vez ele riu depois de assimilar o que eu disse.

Se tem uma coisa que eu aprendi com a Natasha, é sair de um fora com classe.

Ela, que ama regrar tudo, diz que a primeira regra pós fora é fazer a fina e negar o desejo de ficar com a pessoa.

Pelo jeito funcionava.

Voltei pra sala, mas desta vez só quem tava na sala era a Mariana, cunhada do Victor.

- Cadê todo mundo? - eu perguntei.

- Foram colocar biquíni pra ir na piscina.

Sorri pra ela em agradecimento e fui procurar qual quarto nós iríamos ficar, porque nem isso eu sabia.

No meio do caminho eu fui juntando certas peças: os olhares da Nat e do Victor, a cena dos dois na loja de conveniência, a repulsa dela em relação a ele, o interrogatório dele sobre ela.

Eu tava perdendo alguma coisa...

Regra Número 3Onde histórias criam vida. Descubra agora