Noventa e Três 🌹

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Descemos pro estacionamento pra pegar o carro, a gente entrou, a Natasha foi mexendo no rádio pra pôr um som que ela curtia e eu dei partida em direção ao shopping.

No caminho a Natasha conseguiu sintonizar numa rádio que tava tocando funk e ela já não tava mais se segurando, rebolava e cantava no banco do passageiro.

- Tá animada, hein?

- Meu corpo não entendeu que apesar de hoje ser sábado não vai ter rolê pra rebolar a tabaca - ela falou e eu ri.

- Fica avonts pra rebolar o que quiser lá no meu quarto - falei e ela fechou a cara.

- Vai sonhando, bebê... - ela falou olhando pela janela.

- Se faz não, Nanat - falei e levei uma mão pra coxa dela, mas ela tirou minha mão antes que eu apertasse a coxa dela.

- Se for pra você ficar tentando me pegar, não vai rolar, Victor. A gente já conversou sobre isso. - ela falou séria.

- Relaxa, carai - levantei a mão em sinal de rendição - tô só te zoando.

- Muito que bem - ela acabou sorrindo e voltou a olhar as ruas pela janela.

Não cansaria de repetir nunca que ela tava querendo me levar à loucura.


- LAÍS.

Tava terminando de fazer minha maquiagem quando a minha mãe entrou no meu quarto.

- Teu amigo tá te esperando lá embaixo - ela encostou no batente da porta.

- Sério? - peguei o celular pra ver a hora e tinhas umas sete mensagens dele, acabei rindo do desespero dele me mandando descer - Já tô terminando aqui.

- Ele tá lá conversando com o teu pai - ela falou e eu nem me preocupei, meus pais eram bem receptivos com os meus amigos - você tá saindo com ele? - ela perguntou enquanto eu terminava o esfumado do meu olho e procurava pelo meu batom no estojo de maquiagem.

- Ele é só meu amigo.

- Hmm, tem certeza? Ficaria muito feliz de saber que você parou com a graça de querer ficar saindo com aquela Mia pra sair com um homem de verdade - minha mãe começou o show de preconceito dela. Me arrependo amargamente de ter contado pra ela sobre minha orientação sexual.
- Não começa mãe, por favor. - pedi.

- É sério, Laís. Você sabe que aquilo não é certo, faço muito gosto que você esteja saindo com esse cara, ele parece...

- Já falei pra não começar, dona Clarisse - a interrompi - quem tem que decidir o que é certo ou não sou eu, você só tem que me respeitar.

- Tá... Desculpa. Vou ir oferecer uma água pro menino, não demora.
Ela saiu do quarto e eu suspirei aliviada.

Odiava ter que falar sobre esse tipo de assunto com a minha mãe, ela é extremamente conservadora e desde que eu contei pra ela sobre a minha relação com as garotas, ela vêm dizendo que preciso ir mais a igreja, que aquilo era só curiosidade minha.

E por mais que eu odeie tratar os meus pais mal, às vezes ela precisava de um chega pra lá.

Passei o batom, dei uma última retocada no meu cabelo, peguei minha bolsa e desci pra encontrar o Kauã.

Regra Número 3Onde histórias criam vida. Descubra agora