— NATASHA.
Os meninos estavam discutindo qual sabor de pizza pedir, pareciam até duas crianças.
- Mano, cê tá louco? Que graça tem pizza de mussarela? - Victor perguntou ao Kauã.
- Eu gosto, uai - Kauã falou - se tu não gosta, eu como sozinho.
- Melhor pedir uma de quatro queijos, carai - Victor insistiu.
- Concordo com o Victor, hein. Mussarela é sem graça, Kauã.
- Beleza então - ele deu ombros.
Estranhei ele ter cedido facilmente, mas logo me dei conta que ele estava querendo me agradar. A ficada com o Kauã tinha sido uma delícia e tinha deixado um gostinho de quero mais, mas eu tenho esse problema de ficar direto com a pessoa e acabar me apegando fácil.
Além do mais, tudo o que eu menos queria era me apegar fácil em alguém como o Kauã.
Decidimos pedir cinco pizzas grandes: quatro-queijos, portuguesa, frango com catupiry, toscana e uma de brigadeiro.
Pedimos todas com borda de catupiry, exceto a doce obviamente, uma coca e rachamos o valor entre os três.
Ficamos conversando de boa sobre assuntos aleatórios até a pizza chegar, eu e o Victor fizemos a visita ir buscar as coisas enquanto eu separava os copos com gelo na mesa de centro.
- Cheiro tá bom, hein - Kauã disse enquanto entrava em casa com as caixas empilhadas em uma das mãos e o refrigerante em outra. Ele deixou tudo na mesinha e nós atacamos as pizzas - qual é Nat, fala aí sobre você.
- O que você quer saber? - perguntei depois de uma mordida na fatia de quatro queijos que eu comia.
- Sei lá, a gente não sabe nada de você.
- Tem nem o que saber - eu ri - sou a filha do meio de três irmãs, nasci e cresci aqui, sempre morei na mesma casa, nunca namorei...
- Por que não? - dessa vez foi o Victor quem perguntou.
- Não sirvo pra essa vida de ficar presa a alguém.
- É das minhas - Kauã comemorou e o Victor revirou os olhos.
- E você, Victor? Já namorou? - perguntei.
- Tenho paciência pra isso não.
- As minas morrem de medo do Vitin, po - Kauã falou.
- Quais minas? Porque as que eu conheço só fazem molhar a calcinha quando vêem ele.
- Não curto mina assim - Victor falou - guria emocionada me cansa.
Fiz uma careta pra ele e voltei a comer, quando o celular do Kauã começou a tocar e ele levantou pra atender.
- Oi, fala...Que?...De novo?...Tô longe de casa não...Tá, tô indo pra aí mãe, calma...Tá, fica calma. - ele desligou o celular e retornou com o semblante totalmente diferente - Vou ter que meter o pé.
- Mas já? - eu perguntei.
- O que houve? - Victor perguntou.
- Meu pai piorou, tá no hospital e minha mãe tá ficando louca lá - ele disse enquanto colocava o celular no bolso e procurava pela chave dele no sofá.
- Caralho, corre lá então - Victor falou.
- Falou gente - ele saiu às pressas.
- O que o pai dele tem? - perguntei.
- Câncer de fígado, mas parece que ele não tá aguentando mais fazer a quimio.
- Que triste isso - suspirei - e o Kauã fica louco, né? Tadinho.
- É mais pela mãe dele - explicou - ela é gente boa demais, os pais dele eram divorciados, mas depois que o pai dele descobriu a doença eles voltaram a morar juntos e tal.
- Imagino como ela deve estar - e realmente imaginava. Meu coração doía só de imaginar alguém que amo numa cama de hospital sofrendo. - perdi até a fome - larguei meu pedaço de pizza na caixa.
- Pode crer - ele começou a fechar as caixas - eu guardo onde, na geladeira?
- Pode ser.
O observei guardar as coisas rapidamente e então retornar à sala.
- Vamos ver um filme, então? - sugeriu e eu balancei a cabeça positivamente.
Ficamos quase que meia hora procurando por um filme e então decidimos, depois dele reclamar muito, começar a assistir Narcos juntos.
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Regra Número 3
Romance+18 "É amor quando a gente sente que não deveria estar em outro lugar..." "- Não transformar a casa em um motel, cada um com a sua própria comida... - ele lia com atenção, até chegar à regra número três, onde ele me olhou com um sorriso sarcástico n...