— VICTOR.
Não tem um dia do ano que me lembre mais dos meus pais do que o Natal, era tradição em casa a ceia de Natal com o peru recheado da minha mãe e o pudim que o meu pai improvisava legal.
Depois da morte deles o Natal perdeu todo o sentido pra mim, eu e o meu irmão passamos a passar na casa da minha avó e não era a mesma coisa, a família toda zarpava lá e todo ano era a mesma coisa de "coitados do Victor e do Vinicius, trágico o que aconteceu com os pais deles".
Minha paciência tem limites.
Sabia que minha avó ficaria pistola por eu não ter ido, mas passaria lá no dia seguinte e iria arrumar uma desculpa qualquer depois.
Depois que a Natasha saiu eu fiquei largado no sofá assistindo um filme, tava quase dormindo quando a campainha chegou.
Não fazia a mínima de quem podia ser, porque a Nat tinha chave e o Kauã tinha falado que ficaria em casa.
Abri a porta e era quem eu menos queria ver naquela dia.
- Vim te buscar! - a Mari disse sorridente.
- Buscar pra que? - voltei pro sofá.
- Dã, pra ceia da sua avó, óbvio. - ela entrou e fechou a porta.
Estava toda arrumada, usava um vestido azul longo que marcava as curvas do corpo dela.
- Nem vou.
- Posso saber o porquê? - ela cruzou os braços - Tá todo mundo te esperando, Victor.
- Não tô afim, Mari.
Ela sentou do meu lado no sofá e segurou na minha mão.- Ei, olha aqui pra mim - com a outra mão ela segurou meu rosto e me fez olhar pra ela - tô aqui como a Mari sua amiga, não a Mariana mulher do seu irmão.
Eu te conheço melhor do que qualquer um, Victor, eu sei como você fica nessa época do ano e nunca que em sã consciência eu deixaria você passar o natal sozinho.
Observei o rosto dela enquanto ela falava e sua mão acariciava a minha.
Era fora do comum o poder que a Mariana exercia sobre mim.
- Sério Mari, tô de boa aqui.
- Tudo bem, você não quer ir, eu vou ficar aqui com você - ela tirou a sandália dela - cadê a tal da Natasha?
- Tá louca? Se tu ficar aqui o Vinicius vai criar caso pra caralho, não quero arrumar problema.
- Já arrumou. - ela se esparramou pelo sofá.
De duas coisas eu tinha certeza: uma era que não prestaria ficar mais de 10 minutos naquela casa sozinho com a Mariana e a outra era que ela ficaria ali mesmo e o Vinicius iria arrumar treta.- Tá Mariana - falei sem paciência - eu vou, falou? Só porque não quero treta pro meu lado.
- Eu sabia! - ela sorriu - Agora vai lá tomar um banho, fica bem cheiroso e bem gostoso do jeito que só você sabe ficar.
- Tu não presta, Mari. - balancei a cabeça negativamente e fui pro quarto.
Peguei qualquer roupa e fui tomar um banho, não tava nem um pouco a fim de sair, mas o que ela não me pedia sorrindo que eu não fazia chorando?
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Regra Número 3
Romance+18 "É amor quando a gente sente que não deveria estar em outro lugar..." "- Não transformar a casa em um motel, cada um com a sua própria comida... - ele lia com atenção, até chegar à regra número três, onde ele me olhou com um sorriso sarcástico n...