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A gente se curtiu um pouco até minha avó voltar pra cozinha, mas só porque a Nat insistiu que tínhamos que ter respeito. Chata pra caralho.

- Ué vó, que milagre é esse que minhas tias não brotaram aqui ainda? - perguntei enquanto acarinhava uma das coxas da Nat com a mão.

- Suas tias Daniela e Dandara subiram a serra com as crianças. Elas me chamaram pra ir, mas ando tão cansada que preferi ficar por aqui mesmo - ela disse enquanto mexia numa panela - e o seu irmão disse que viria no almoço ou depois dele.

- Com a Mariana? - perguntei e ouvi o suspiro da Natasha.

Porra, tava querendo mesmo encontrar com a Mariana pra pôr ela na parede e perguntar que porra foi aquela no feriado.

- Provavelmente. Ela ainda não veio aqui depois daquele dia, deve estar morrendo de vergonha - nos olhos.

- Claro que deve - a Natasha falou - tem que ter muita coragem, né?

- Eu ainda tô passada com aquela história - ela veio se sentar perto de nós - nunca imaginei que veria ela naquela situação um dia. Foi tão triste.

- Ela contou pro Vinícius? - Natasha perguntou o que eu também queria saber.

- Acho que não, mas eu vou conversar com ela hoje e ela vai tomar de vez um rumo pra vida dela - minha avó falou decidida - apesar de adorar a Mariana, eu não vou mais acobertar as safadezas dela.

- Você tá certa - Natasha concordou - homem nenhum, pessoa nenhuma, merece ser feito de bobo assim.

Elas estavam certas, mas eu não queria nem imaginar o problema que aquela história toda daria.

- NATASHA.

A dona Virgínia não me deixou ajudar ela com o almoço, mas me deixou colocar a mesa junto com o Victor.

Enquanto arrumávamos os pratos na mesa o interfone tocou e o Victor foi ver quem estava no portão.

- Só pode ser o Vinicius e a Mariana - dona Virgínia disse enquanto trazia a travessa com o frango para a mesa.

- Ih... - nem queria imaginar a torta de climão que ia ficar ali. E também estava sem saco pra aturar os cacarejos da Mariana, mas eu adicionei a nota mental de manter a civilidade em respeito à dona Virgínia.

O Victor demorou tanto que cheguei a imaginar que nem era os dois, mas quando o Vinicius apareceu na cozinha sozinho um tempo depois eu tive a confirmação que teria que ter muita paciência.

- Oi vó - ele foi direto dar um beijo nela.

- Oi, meu neto. O que é isso? - ele apontou pra uma sacola que estava na mão dele.
- Sorvete - bufou - Mariana tá toda cheia de vontades ultimamente - ele foi guardar o pote de sorvete na geladeira e só quando estava a fechando ele me notou ali - opa! - riu - Você não é a amiguinha do Victor? - ele deu ênfase no "amiguinha".

Tinha algo no tom de voz do Vinicius que me incomodava.

Ele parecia estar sendo sempre irônico.

Até o abraço que ele me deu me incomodou.

- Oi - falei pra ele meio sem graça tentando sair às pressas daquela abraço.

- Onde está a Mariana? - dona Virgínia perguntou a ele, o fazendo me soltar. Soltei um suspiro aliviado por aquilo, até o perfume dele me enjoava.

- Tá la na sala alugando o Victor - ele disse - tá chata demais hoje, não tá dando pra suportar.

- E você facilita, meu filho?! - ela disse secando as mãos no pano - Nat, você termina de pôr a mesa pra mim, meu amor? Vou lá chamar aqueles dois - ela me lançou um olhar que eu entendi rapidamente o que estava passando pela cabeça dela, mas preferi acreditar que o Victor não seria tão baixo.

Regra Número 3Onde histórias criam vida. Descubra agora