Cento e Três 🌹

5.4K 190 14
                                    

Ela chorou por mais um tempo ainda grudada em mim, acabou molhando minha camisa, mas eu não me importei.

A Natasha respirou fundo e saiu do abraço, enxugando o rosto dela com as mãos.

- Que droga - ela fungou - é a segunda vez que eu choro na tua frente - ela enxugou o rosto mais uma vez e prendeu o cabelo.

- Todo mundo chora, po.

- É, mas eu odeio chorar. Ainda mais na frente dos outros assim, me sinto impotente demais.

Odeio me sentir assim.

- Já te falei que tu pode tirar essa máscara de guria fortona na minha frente - eu falei e ela acabou sorrindo.

- Eu gosto dessa máscara - ela brincou com o edredom dela - prefiro ser assim do que parecer frágil.

Balancei a cabeça negativa. - Não vou insistir então, Natasha. - falei e ela balançou a cabeça positivamente, desviando o olhar do meu para o nada - Tá melhor?

Ela balançou a cabeça positivamente.

- Tô sim. Só quero ficar aqui na minha um pouquinho - ela me olhou de novo.

- Beleza. Eu deixo tu aqui. Mas eu comprei comida, tu não vai querer?

Ela negou com a cabeça. - Valeu.

- Tem certeza? Comprei daquele italiano que tu curte.

- Certeza. Tô sem fome - ela voltou a deitar na cama e se cobriu.

- Ok então, vou parar de encher seu saco, tá bom? - levantei - Qualquer coisa tu me chama.

- Ok...

A observei se encolher debaixo da coberta e fechar os olhos.

Fiquei alguns poucos segundos só a observando e então saí do quarto.

Entendia que ela queria a privacidade dela, e por mais que quisesse ficar ali com ela, mas iria respeitá-la.

- MARIANA.

Já estava mofando na empresa.

A maioria do pessoal já tinha ido embora e eu estava na minha sala ainda esperando o Vini mandar mensagem dizendo que havia chegado, e já estava impaciente, querendo chegar em casa e tomar um banho.

Liguei pro Vinicius pela décima vez, mas mais uma vez ele não atendeu.

Perdi a paciência e resolvi ir pro ponto de ônibus mesmo.

A condução demorou um pouquinho a chegar, tava quase igual uma lata de sardinha, mas se eu não pegasse aquele ônibus o próximo iria demorar muito pra passar.

Cheguei em casa já tirando o salto pelo meio do caminho, abri o portão e ainda de fora eu vi que as luzes estavam todas acesas e a tv estava ligada.

- Jura que você esqueceu de mim, Vini? - perguntei depois de abrir a porta e encontrá-lo deitado no sofá vendo televisão.

- Esqueci o que? - o olhei.

- Dã, de me buscar - disse como se fosse óbvio.

Deixei meus sapatos no canto da sala e tirei meu óculos, o pendurando na minha blusa.

Regra Número 3Onde histórias criam vida. Descubra agora