Trinta e Dois🌹

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Terminamos de comer bem plenos, vez ou outra o Victor falava alguma piadinha sem graça, mas eu relevava.

Pedimos um saideira e ele meteu o louco de pedir uma caipirinha.

- Victor, você tá lembrando que hoje é segunda-feira, né? - o relembrei ao vê-lo dispor o meu copo na minha frente.

- Relaxa, Natasha. Tu vai ficar bêbada só com um shot de tequila, três cervejinhas e uma caipirinha?

- Já é o suficiente - tomei um pouco da caipirinha - se eu amanhecer com dor de cabeça, eu te faço ir pra aula no meu lugar.

Ele revirou os olhos. - Toma isso aí logo.

A caipirinha tava bem boa, bem geladinha e o suco de limão tava pouco concentrado do jeito que eu gosto.

Odiava quando aquele silêncio horrível tomava conta da gente, mas desta vez era diferente, ele me olhava de um jeito diferente que me fez arrepiar.

- Por que tu me olha assim do nada? - perguntei.

- Assim como?

- Não sei - ri sem graça - tu me olha no fundo dos olhos, parece que tá vendo a minha alma.

- Eu gosto de olhar nos olhos das pessoas.

- Não imaginava que você fosse assim - tomei mais um pouco da caipirinha - sério, na faculdade você passa ser uma pessoa totalmente diferente.

- É porque lá as pessoas não querem me conhecer direito po, as minas só pensam em sentar no meu pau.

- E eu não? - perguntei na lata. Ok, efeito do álcool já está batendo.

- Isso quem tem que me dizer é você - ele disse e eu ri.

- Prefiro deixar no ar - falei e desviei meu olhar do dele pra olhar as horas, a hora tinha voado e já passava da dez. - tá ficando tarde já, vamos partir?

- Bora então - terminou com o copo dele - vou lá acertar a conta.

- Vai me bancar assim fácil? Cadê o Victor egoísta e mão-de-vaca?

- Não te falei de manhã do meu espírito bondoso? Então. - ele falou se levantando pra ir pagar a conta.

Coloquei minha jaqueta e terminei minha caipirinha enquanto o esperava.

Não sabia se tava rolando um clima, se era só o álcool, se fazia parte do humor ácido dele, mas tava me deixando com muita vontade.

No caminho de volta pra casa fomos falando sobre besteiras da vida, ambos estávamos mais soltos por causa da bebida e ele até tava rindo alto, totalmente diferente do chato que é.

Virando a esquina do bar nós já estávamos atrás do nosso prédio, uma rua mais vazia que havia apenas a fachada pouco iluminada de uma igreja que estava fechada e o silêncio, já que não havia ninguém na rua.

- Ai, essa sandália tá machucando meu pé - parei no meio do caminho pra arrumar a sandália no meu pé, ele parou ao meu lado e eu aproveitei pra me apoiar em seu braço - essa droga tá apertada demais - afrouxei a sandália e voltei a colocar o pé no chão.

Um carro passou em alta velocidade e o Victor trocou nossos lugares me deixando pro lado da calçada e ainda assim me deu o braço dele para que eu segurasse.

- Tá com medo de que eu seja atropelada, é? - brinquei.

- Sou cavalheiro também. E se tu for atropelada como é que eu vou te dar uns beijos? - ele falou em tom de brincadeira e eu ri.

- Tá perdendo tempo porque então? - perguntei ainda entrando na brincadeira.

Victor parou de andar, o que me fez parar também, e se virou de frente pra mim.

Ele segurou meu rosto, aproximou o dele do meu pra me beijar, mas eu recuei.

- Para - disse com nossas bocas ainda próximas - tava te zoando.

- Ah, qual é Natasha. - tentou aproximar mais o rosto, mas eu recuei.

- Não, é sério, tava te zoando - falei baixo.

- Tá certo... - ele se afastou e nós tornamos a andar ainda de braços dados.

- Além do mais, você quer só tentar tirar a Mariana da sua cabeça - eu falei - e eu nem quero ficar com você.

- Aham.

- Aham o que?

- Aham, ué.

- Aham ué, o que? - parei na frente dele e cruzei os braços - Tá duvidando de mim?

- To não po - suas mãos alcançaram minha cintura e me puxaram pra ele - tu não quer ficar comigo, né?

- Não - falei com firmeza. Mas quando nossos corpos se tocaram senti minha boca ficar um pouco trêmula.

- Não né? - sussurrou enquanto empurrava meu corpo com o dele, me fazendo recuar alguns passos até eu sentir minhas costas baterem contra uma parede.

- Não... - sussurrei de volta e foi impossível não olhar pra boca dele.

Sua mão subiu da minha cintura até meu cabelo, emaranhando alguns fios em sua mão e o puxando, me fazendo soltar um suspiro.

- Não? - sussurrou mais uma vez. Desta vez ele já estava olhando pra minha boca também.

Regra Número 3Onde histórias criam vida. Descubra agora