- Que? Eu não falei isso, seu otário. Tu entendeu tudo errado. Abre logo essa merda.
- Tá bom, Natasha. Eu que sempre entendo tudo errado - ele disse ironicamente - agora que tu já encontrou rolê melhor, tu já pode meter o pé com aquele cara.
- Meu Deus, Victor. Não viaja!
- Tchau, Natasha. - ele ameaçou acelerar o carro.
- Tu vai me deixar aqui sozinha?! - perguntei sem acreditar.
- Sai da janela, tu vai se machucar - ele já olhava pra frente e estava com o pé no acelerador.
- Victor! Dá pra você me olhar? - pedi e ele me ignorou. Filho da puta. Desencostei do carro, mas dei um puta tapão na lataria antes que o escroto acelerasse e me deixasse pra trás naquele estacionamento gigante.
Tudo bem que o tapa doeu mais em mim do que fez estrago no carro, mas qual era a porra do problema daquele guri?! Louco do caralho.
Não entendi porra nenhuma do que tinha acontecido.
Fiquei puta. Quis gritar, só não gritei por causa do movimento de carros no estacionamento.
Me afoguei naquele resto de milkshake enquanto ia para o ponto de ônibus.
Aquele filho de uma puta iria me pagar quando eu chegar em casa.
Parecia que tinha demência.
Começou a cair uma chuva filha da puta, tive que me espremer no ônibus lotado, peguei chuva no caminho do ponto de ônibus até o prédio.
Cheguei lá bufando, o porteiro, seu Chico, tava fora da guarita observando a chuva forte cair.
- Nossa dona Natasha, você pegou essa chuva toda? - ele abriu o portão para que eu entrasse.
- Sim, Chico. Você viu se o Victor já chegou?
- Vi ele chegar no estacionamento há um tempo já - o Chico me respondeu - e a senhorita vai se secar, senão vai acabar pegando um resfriado.
- Pode deixar, Chico. Mas antes disso eu vou cometer um assassinato - falei enquanto chamava o elevador.
Cheguei em casa literalmente pingando e bufando, abri a porta e encontrei o Victor só de samba-canção no sofá com a maior cara de cu.
Bati a porta com força, mas ainda assim ele não moveu nem um músculo pra me olhar.
- Que merda foi aquela, Victor?! - perguntei alto, mas ele continuou me ignorando - Dá pra você me olhar enquanto eu falo com você? - parei na frente dele. Ele me olhou com a maior cara de indiferença do mundo. - Me explica por favor que porra aconteceu naquele estacionamento?
- Achei que tinha deixado claro o que aconteceu, Natasha. Tu vacila demais.
- Você me deixa pra trás e eu que vacilo?! Ah, tá!
- Tu nunca tá no erro, né? - ele falou - É sempre a certa, sempre o que tu diz é o certo. Na moral, me deixa na minha, Natasha.
- Nunca falei que eu tô certa sempre, que merda você tá dizendo? - falei. Ele continuava me olhando com aquela cara de cu e eu odiava ser tratada com indiferença.
- Beleza, Natasha. Agora dá licença, tu tá me atrapalhando.
Eu tava tão puta da vida que eu só conseguia pensar que ele tinha me deixado pra trás e não parei pra pensar no porquê da nossa discussão.
Agora, ali diante dele, ele me olhando como se eu não tivesse importância alguma, foi como se ele tivesse me dado um choque.
Deus, como odeio ser tratada com diferença.
Fiquei o encarando em silêncio, e ele me encarou de volta.
- Desculpa. - falei baixinho.
- Que? - ele perguntou.
- Desculpa - falei um pouco mais alto - eu não queria ter feito desfeita de você, ou ter falado como se você não tivesse importância. Não foi minha intenção.
- Tu? Tu tá me pedindo desculpas? - senti o sarcasmo no tom de voz dele e suspirei sem paciência.
- Se for pra você me zoar, pode esquecer. Tô aqui, falando sério, de verdade, que eu não tinha intenção de acabar te magoando, ou sei lá que porra foi aquela que aconteceu. Às vezes eu falo as coisas sem pensar e nem me dou conta das merdas que acabo falando - fui mais sincera possível.
- De boa. - ele desviou o olhar do meu.
Tudo bem, eu podia estar no erro, admitia meu erro. Mas ele também tinha errado em me deixar pra trás.Não insisti mais, fui direto pro meu quarto me secar e tomar um banho morno.
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Regra Número 3
Romance+18 "É amor quando a gente sente que não deveria estar em outro lugar..." "- Não transformar a casa em um motel, cada um com a sua própria comida... - ele lia com atenção, até chegar à regra número três, onde ele me olhou com um sorriso sarcástico n...