Capítulo 24 :

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Assim como adorava a casa de Arraial do Cabo, para Arthur aquele era seu paraíso. Ao chegar ao aeroporto, após a verificação dos documentos, partiram logo para o jatinho que já os esperavam.

Vinte minutos depois, já estavam voando. Arthur ia para lá e para cá, falando com os pilotos, vendo se tudo estava bem. Em quase nenhum momento ele sentou ao seu lado, ficou perambulando pela aeronave. Cochilou um pouco e acordou com um cutucão na costela, abriu os olhos e viu Thaís ao seu lado. 

Thaís: Oi cunhada. — abriu o seu sorriso e Carla também sorriu. — E ai, animada? Muita festa, bebida, música, sexo e...

Carla: Cala boca Thaís. — deu risada com as bobagens que ela falava. — Você está alguns anos atrasada, isso acontecia quando você nem sabia o que era sexo. — as duas riram.

Thaís: Injustiça. — cruzou os braços e fez um bico. — Sinto saudades daqueles tempos... — ela sorriu melancólica e Carla olhou para frente, mergulhando em seus próprios pensamentos. — Era divertido. — ela tinha razão. Arraial trazia à tona suas melhores lembranças. — Eu não tinha com o que me preocupar. — ela encostou o rosto no assento do banco e Carla olhou para ela, carinhosa.

Carla: E ainda não tem. Você que faz seus próprios problemas.

Thaís: Você falando parece fácil, mas não é. — o sorriso em seu rosto era triste e Carla não gostava disso.

Carla: Se mandássemos os problemas que nos atingem para a merda e pensássemos apenas nas coisas que nos fazem bem, ninguém mais teria problemas. Nós mesmo que dizemos que temos problemas, somos quem os cria. Foi o que fiz durante grande parte da minha vida e faço até hoje. Antes me prendia a eles. Acho que Arthur ajudou um pouco nisso também. Mandei tudo à merda quando o conheci e apenas passei a viver a felicidade. Você deveria tentar. — deu uma piscadela para Thaís que parecia refletir o que tinha acabado de dizer.

E era a mais pura verdade, mandou tudo para o inferno, a questão da diferença social, da diferença entre trabalhos, das diferenças que ambos tinham e quando se viu livre disso, se viu livre de todos os fantasmas que sempre a cercaram. Talvez o amor seja complexo demais para cabeças de meros mortais, mas assim que entendemos a mandar à merda todos os complexos, passamos a entender sua dimensão.

Thaís: Você lembra de uma coisa que eu te disse na sua primeira viagem para Mônaco? — Carla sorriu, mas negou com a cabeça. — Que você foi a melhor coisa que aconteceu na vida do meu irmão e na minha? — ela disse sorrindo.

Carla assentiu, recordando da lembrança e o quanto estava feliz, sempre considerou Thaís como uma irmã mais nova, mas a partir dali, soube que ela sempre seria mais do que isso. Seria a amiga, cunhada que poderia contar sempre, aquela que a faria rir, que a faria chorar, que daria ideias loucas, que seria para sempre sua menina.

Thaís: Eu ainda acho isso. — disse rápido e algumas lágrimas escaparam de seus olhos.

Carla: Oh meu bebê... — desencostou da cadeira e abraçou Thaís, não conseguiu evitar que as lágrimas caíssem. — Tudo vai ficar bem. — beijou a testa dela que a abraçou novamente.

O momento pelo qual Thaís estava passando mexia com Carla também, já que tinha passado pelo mesmo. Depois de aceitar o pedido de casamento de Arthur, sentiu um vazio que logo identificou ser o medo. Estava diante de uma escuridão e restava a ela procurar alguma luz. O medo do futuro é assustador. Mas assim que o viu diante do altar, soube que não importava o que estava para acontecer, mas enquanto estivesse com Arthur, o medo do futuro não existiria, pois ele estava em todos os futuros que podia imaginar em sua vida.

Arthur: O Piloto II 🏁Onde histórias criam vida. Descubra agora