Capítulo 129 :

602 72 131
                                    


Próximo do horário do enterro, Maria Clara chegou acompanhada de Joana. Ela não conseguiu nem se aproximar do caixão e começou a chorar. Logo depois, se agarrou em Carla e as duas ficaram em pé vendo o caixão sendo fechado para ser levado ao enterro. Arthur e Lucas estavam juntos, olhando aquela cena com um nó na garganta. Arthur olhava para as duas e tinha ainda mais vontade de chorar, sua família estava separada logo naquele momento tão difícil.

Seguiram para o cemitério e com toda certeza foi a hora mais difícil de se presenciar. O caixão ia baixando pelo buraco em meio da grama verdinha. Carla estava inconsolável chorava tanto que tremia. E a única pessoa que estava ao lado dela lhe abraçando era Anne. Arthur estava do outro lado dela, um tanto afastado, pelos óculos escuros várias lágrimas caiam.

Mara abraçava Boninho, tampando seu rosto para não ver aquela cena dolorosa. Maria Clara se afastou um pouco, chorando e encontrou com Victor parado por ali. Ele lhe deu um aceno com a cabeça e se aproximou, passando um braço pelos ombros dela. Tampou a visão dela da sepultura da senhora. Logo tudo aquilo acabou e as pessoas começaram a se dissipar, pegando seus carros e indo embora.

Mara: Você vai para onde, querida? — perguntou para Carla e ela não respondeu. — Nós vamos para casa, suas irmãs estão ai, você viu? Não quer passar um dia com elas?

Carla: Não, vou para minha casa, mãe. Muito obrigada. Falo depois com elas.

Mara: Tudo bem, fique bem. — deu um beijo na testa da filha e se afastou junto de Boninho.

Beatriz: Estou levando as crianças para casa. Você quer vir Carla?

Carla: Não, vou para a minha. E obrigada por levá-los. Eu preciso de um tempo para mim.

Beatriz: Tudo bem. Qualquer coisa é só me ligar. — a abraçou e saiu para seu carro. Carla olhou em volta e não havia mais ninguém por ali. Ela suspirou e viu que era a hora de partir.

Carla: Eu vou sempre me lembrar da senhora... — sussurrou para o monte de terra recém colocada.

Mais lágrimas caíram e ela deu as costas para o túmulo e viu no último carro estacionado, Arthur parado a esperando. Ela não se importava com mais nada, seus problemas com Arthur agora eram mínimos, distantes demais para que ela tentasse resolver. Caminhou até o carro e sem nem olhar para ele, entrou no banco do passageiro. Ele entrou logo depois que ela e ligou o carro. O caminho inteiro não disseram uma única palavra.

Ao chegar em casa, Carla via borrões pretos por todos os lados, estava tonta e se sentindo fraca. Mas continuou andando, meio cambaleante. Arthur a segurou no exato momento que ela apagou. Só foi acordar quando estava no banheiro, tendo sua roupa tirada por ele. Não falava nada, apenas sentia as lágrimas caírem automáticas de seus olhos. Aquilo doía mais nele do que nela vê-la naquele estado tão frágil, como um bichinho inocente. Ela sentou no chão do banheiro e se encolheu perto da parede, chorando tudo que ainda lhe restava. Ele esperou pacientemente tudo aquilo passar, ajudou-a no banho e desligou o chuveiro. Deu o roupão a ela e a carregou até a cama.

Arthur: Você quer fazer o que agora? — perguntou assim que colocou-a debaixo das cobertas, completamente nua.

Carla: Quero ficar sozinha. Obrigada por me ajudar, mas pode ir embora agora.

A indiferença na voz dela o pegou desprevenido. Jurava que Carla iria correr atrás dele como uma louca, se desculpando por tudo. Mas ela estava diferente, fria e rígida com os sentimentos dela. Nem por um segundo, tinha pegado ela lhe olhando de maneira amorosa.

Arthur: Não quer conversar?

Carla: Você já disse tudo que tinha para dizer. E eu não tenho nada para falar. Então não, não quero conversar. Pode se retirar.

Arthur: O Piloto II 🏁Onde histórias criam vida. Descubra agora