Capítulo 34 :

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O dia amanheceu e na metade da manhã ninguém ainda ousou abrir os olhos. O dia anterior tinha sido agitado e pareciam querer repousar no último dia ali.

Já passava das dez quando Maria Clara abriu os olhos, tudo estava em silêncio. Olhou para o lado e viu Alice ainda dormindo e no colchão ao lado da cama, Giulia também de olhos fechados. Bufou e esperou por mais alguns minutos, até se irritar com a demora de todos em acordar e pular da cama.

Com o barulho do chuveiro, Alice acordou assustada. Mas ao ver que nada estava acontecendo, voltou a deitar na cama, mas não estava com sono. Desistiu de esperar por Maria Clara e levantou, não deu dois passos e tropeçou em um objeto que estava no chão. Olhou para o chão e viu a máquina fotográfica de Giulia. Tinha que ser aquela idiota para deixar tudo espalhado. Abaixou-se para pegar a máquina e colocar em cima da mesa, mas a curiosidade foi maior.

Ligou e passou a ver as fotos, algumas de paisagens, outras dela. Não podia negar que Giulia levava mesmo jeito para a fotografia. Até que começou uma sequência de fotos de Lucas, da paisagem da praia e dos dois juntos. Não entendia o porquê, mas ver os dois juntos fazia seu sangue ferver. Talvez por ter sido durante muito tempo amiga de Lucas e poderia sentir um pouco de ciúmes dele. Ou então... Maria Clara poderia estar certa.

Parou em uma foto dele sozinho, no jet ski, ele sorria tanto que ao ver também lhe deu vontade de sorrir. Lucas era lindo. Como não tinha percebido isso antes? Talvez estivesse enganada sobre tudo o que sentia por ele, talvez Maria Clara tivesse razão por tudo o que lhe falou ao longo de vários anos, ou então ela estaria apenas com ciúmes de Giulia.

Irritada com seus próprios pensamentos, desligou a máquina e a deixou na mesa. Maria Clara saiu do banheiro e após dar um bom dia para a amiga, entrou no banheiro, ainda completamente confusa. Maria Clara franziu a testa e sentou na cama, penteando os cabelos.

Alice saiu de banho tomado e após vestir uma roupa e pentear os cabelos, saíram do quarto, onde Giulia ainda dormia. O corredor no terceiro e segundo andar estava em silêncio, então desceram com cuidado a escada. Tudo parecia estar em silêncio, exceto por um barulho da televisão na sala de vídeo. Resolveram ir até lá e encontraram Lucas e Marcos jogando videogame, jogados no sofá com uma bermuda de praia e chinelos.

Maria Clara: Bom dia. — o quase grito dela assustou os meninos.

Lucas ao ver que era a irmã revirou os olhos. Tudo estava tão em silêncio que o grito de Maria Clara deu eco na sala.

Maria Clara: Já acordados meninos?

Ela aproximou-se do sofá se jogando em cima de Lucas, lhe deu um beijo no rosto e olhou para Marcos, indecisa. Um tanto travada acabou se aproximando dele e lhe dando um beijo na bochecha.

Marcos: Estava muito calor, não deu para dormir direito.

Lucas: Nem o ar condicionado resolveu. — ele voltou a olhar para a televisão, mas os olhos pararam em Alice que estava ainda perto da porta, olhando fixamente para ele. — Bom dia Alice. — tentou ser educado, sem parecer o idiota que sempre foi com ela.

Alice olhou para ele surpresa e segurou na poltrona que estava logo à sua frente. Porque seu coração começou a bater tão rápido?

Alice: Bom dia. — disse baixo e sentou na poltrona rapidamente. — Bom dia Marcos.

Marcos: Bom dia. — ele sorriu simpático e voltou a olhar para a televisão.

Maria Clara: Alice... Tudo bem? — levantou do meio de Lucas e Marcos e foi até a amiga, sussurrando para ela. Alice estava estranha desde que acordou, quieta e autista demais.

Lucas: Giulia ainda está dormindo? — ele olhou para as meninas.

Maria Clara olhou para ele, antes que a irmã respondesse, Alice levantou em um pulo da poltrona e saiu da sala.

Lucas: O que deu nela? — perguntou assustado. Maria Clara ainda olhava para a porta onde Alice saiu.

Maria Clara: Sim, ainda está dormindo. — voltou a olhar para o irmão. — Vou ir atrás dela. — disse e levantou da poltrona, indo atrás de Alice que provavelmente estava na praia. Não errou.

Ela estava na beirada do deck, olhando firme para o horizonte. Sentou em silêncio ao seu lado e esperou alguns minutos. Talvez ela quisesse ficar quieta.

Alice: Eu tenho vontade de matar seu irmão. — ela disse após alguns minutos onde apenas era escutado o barulho do mar e alguns pássaros que passavam pelo céu. — Parece que ele faz de propósito. Vive perguntando daquele projeto de gente na minha frente, aposto que é para me deixar nervosa.

Maria Clara: Não é isso... — suspirou, contendo um sorriso. — Eu acho que o problema está em você Alí.

Alice: O que? — arregalou os olhos. — Você é minha amiga ou não?

Maria Clara: Por ser sua amiga tenho que te falar a verdade. Você está morrendo de ciúmes do Lucas, sabe por quê? Porque você gostaria de estar no lugar da Giulia. Mas é muito orgulhosa para admitir isso a si própria. Por Deus Alice, apenas você não percebe isso. Não esconda o que você sente de verdade, porque pode acabar perdendo meu irmão de vez.

Encarou a amiga que estava completamente sem ação por tudo o que tinha falado. Resolveu que era a hora de deixar Alice sozinha para pensar. Deu um beijo no rosto da amiga e saiu de perto dela.

Talvez Maria Clara mais uma vez estivesse certa. Talvez ela quisesse estar no lugar de Giulia. Talvez estivesse sendo muito orgulhosa. Talvez.

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A casa voltou a ficar movimentada após a hora do almoço. Alguns já começavam a ir embora e Carla se ocupava de conversar com todos e agradecer pela presença. Passou boa parte da tarde assim e então subiu para o quarto e arrumou as malas, à noite voltariam para casa.

Aproveitou e ligou para Sarah, falando que amanhã pela manhã visitaria ela. A amiga não estava nada bem, a voz denunciava isso e desconfiava também que ela estivesse um pouco bêbada, mas não ousou perguntar nada. A única coisa que ganharia seria uma briga com ela.

Desceu para aproveitar o resto da tarde que tinha em seu paraíso e então foi para a praia, vendo Lucas e Marcos apostando uma corrida no jetski. Resolveu não ligar para isso e deitou na areia, cobrindo os olhos com o braço do sol que ainda brilhava no alto do céu. A sensação de bem estar não durou muito, logo ouviu alguém pronunciar seu nome ao seu lado, obrigou- se a abrir os olhos e olhar para a pessoa. Quase não acreditou ao ver que quem atrapalhava seu momento de bem estar era Rodolfo.

Rodolfo: Preciso falar com você Carla. — ele sentou ao lado dela que o olhou com desprezo. Rodolfo andava sendo insuportável.

Carla: Precisa ser agora? — o semblante dela era suplicante.

Rodolfo: Nesse momento. — A voz estava séria e Carla quis rir, Rodolfo nunca era sério. Ficou em silêncio esperando ele resolver falar. — Tenho uma coisa para falar da sua irmã.

Carla: Minha irmã de novo? Eu já falei para deixá-la em paz. — se apressou em dizer, interrompendo ele.

Rodolfo: Pode ouvir o que tenho a dizer?

Carla: Não quero. Já disse para não se meter com a minha irmã e...

Rodolfo: Ela está saindo com Luan Viana. — foi a vez dele a interromper e gritar com ela.

Carla parou no mesmo instante e olhou para Rodolfo paralisada. Tinha entendido bem o que ele tinha falado? Anne e Luan...... Juntos? Achando tudo aquilo uma enorme piada, começou a gargalhar, para o espanto de Rodolfo.

Rodolfo: Está rindo de que?

Carla: De suas piadas Rodolfo. Anne e Luan... — olhou para ele e não controlou as gargalhadas novamente. — Com licença, mas tenho que ir. Vá para um circo Rodolfo, suas piadas estão cada dia melhores. — levantou da areia e saiu ainda rindo da praia.

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Arthur: O Piloto II 🏁Onde histórias criam vida. Descubra agora