Capítulo 37 :

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Carla: O que você fez Sarah?

Carla estava pálida ao ver o estado que Sarah se encontrava, os pés e as canelas sangravam e as mãos estavam com cortes. A sala estava completamente destruída.

Carla: O que aconteceu? — ao tentar pegar a amiga pelo braço, ela gritou. Gritou alto e cambaleou para trás.

Sarah: Não toca em mim! Não me toca! Sai daqui. — gritou mais alto ainda e viu as feições brancas de Carla. Ela estava chocada. Nunca tinha visto Sarah tão desequilibrada assim.

Carla: Sarah... — sussurrou completamente assustada com o que estava vendo.

Bastou se distrair dois segundos para ouvir mais alguma coisa se chocando contra a parede. Desta vez foi um troféu ganho em uma corrida de Luan. Deu um grito de susto e correu novamente até Sarah que olhava para a parede destruída, pois com o impacto do troféu de ouro, a pintura estava arranhada e algumas partes continham alguns buracos.

Carla: SARAH! — a segurou pelos ombros e a balançou, tentando fazer com que a amiga voltasse à sua perfeita saúde mental.

Sarah: Eu vou matar... — ela sussurrou para Carla que a abraçou.

Sarah se debatia entre os braços de Carla, que logo a soltou, observando ela que caiu no chão e começou a chorar. Não conseguia conter as lágrimas também, ver Sarah chorar já a fazia chorar, mas ver a amiga naquele estado a fazia chorar em dobro.

Carla: O que aconteceu Sarah? — estava sentada no chão, Sarah estava deitada com a cabeça em suas pernas e chorava, chorava como nunca tinha visto. Entre soluços ela a olhou.

Sarah: Eu vou matar... A sua irmã e o Luan.

Podia reviver quantas vezes fosse preciso a imagem de seu primeiro dia na agência Elite. Adriana estava lá lhe dando instruções e dando-lhe boas vindas e como sempre falando que estava onde era o sonho de qualquer garota. Foi encaminhada para uma sala e logo mais teria seu primeiro ensaio para uma marca de calças jeans. Tinha dezesseis anos recém completados. E nesta sala, sentada em uma cadeira de maquiagem, estava uma loira de olhos claros, sendo maquiada. Ela ao ver a garota afastou- se do maquiador e foi até Carla, lhe dando um abraço e um beijo, se apresentando como Sarah Andrade. E pela primeira vez Carla pode ver aquele sorriso mágico, que a acompanharia para o resto de sua vida.

Sarah estava em todos os momentos de sua vida. Em todas suas conquistas. Em todos os momentos bons. Em todos os momentos péssimos. Era Sarah que foi a primeira, a saber, de seu romance com Fernando. E como uma boa amiga, não a julgou. Perguntou se estava feliz e o amava e então, a apoiou. Foi Sarah que estava presente em sua primeira decepção amorosa. Era ela que estava presente em seu momento de revolta, acompanhando suas bebedeiras, saindo com elas para se divertir em festas.

Era Sarah que lhe apresentava diversos homens em festas. Era sua companheira em todas as horas possíveis. Era aquela mesma pessoa que estava deitada em seu colo chorando, que lhe disse para não chorar, para sorrir e viver a vida, que logo o amor a encontraria novamente. E a encontrou. E Sarah também estava ali, acompanhando tudo de perto. Era Sarah que a aconselhava, era ela que desde o primeiro momento acreditou que Carla e Arthur poderiam dar certo, como qualquer outro casal.

Era Sarah que chorou em seu casamento, era ela que esteve junto dela em toda a gravidez de Lucas, trazendo qualquer peça azul que encontrasse em uma loja de bebês, era ela que foi junto de Carla e Arthur para a maternidade, dizendo para respirar fundo a cada contração e não saiu de lá até ver seu primeiro afilhado, sorrindo para ela. Era aquela loira maluca que no momento que soube da gravidez de Maria Clara, chegou à casa de Carla com a completa coleção da Barbie.

Era a Sarah festeira, que se apaixonou por Luan Viana. Que sofreu quando soube de tudo o que ele tinha aprontado no passado. A mesma Sarah que ficou horas olhando para a filha sem acreditar que era dela e de Luan. Era a mesma Sarah que amava moda. A que daria sua vida em troca de um sorriso de outra pessoa. Era a Sarah que estava agora, destruída. Todo o brilho de divertimento em seu olhar desapareceu, o sorriso que Carla tanto amava, não estava ali estampado há muito tempo.

Era a sua melhor amiga que estava sofrendo, estava desiludida, descrente com a vida. Por causa de Anne, sua irmã. Não era novidade a ninguém que não lhe agradava a ideia de Anne ser sua irmã e Sarah também sabia disso. Sempre lhe disse para tomar cuidado, pois as quietinhas são sempre as piores. Somente não imaginaria que pudesse chegar tão baixo. E pudesse atingir Sarah assim. Irmandade que fosse à merda.

Carla: Rodolfo esteve aqui? — perguntou e olhou para o rosto de Sarah. Ela assentiu. Logo depois soltou um gemido de dor.

Carla estava cuidando dos machucados em suas mãos e pernas. Não estava tão feio, como a experiência que adquiriu com Arthur e com dois filhos sapecas que sempre se machucaram, soube que os cortes de Sarah eram superficiais. Na mão esquerda, que não estava cortada, Sarah segurava uma xícara com chá de camomila, preparada pela governanta que ao chegar do mercado encontrou Sarah e Carla deitadas no chão e uma sala completamente destruída. Sem Sarah perceber, acabou tomando junto do chá um calmante. E estava surtindo efeito. Ela estava muito mais calma e controlada.

Sarah: Sim. — ela bebeu mais um gole do chá e o deixou de lado, passando a olhar para suas pernas que estavam cortadas. Pequenos cortes por toda a região da canela. — Você sabia? — ela perguntou baixo, quase sem voz por conta de seus gritos.

Carla largou o anti-séptico em cima da mesinha de cabeceira do quarto de Sarah e a encarou.

Carla: Rodolfo me falou ontem em arraial do cabo que os viu juntos. Mas eu não acredito em nada que o Rodolfo fala. Ele parece estar interessado em Anne, achei que fosse apenas um plano idiota para conquistar ela. — balançou os ombros e viu Sarah assentindo com a cabeça.

Sarah: Você acha que seria possível os dois... — ela não completou a frase, fechou os olhos e duas lágrimas caíram por sua bochecha.

Carla suspirou e levantou do chão, onde estava sentada e foi para o lado de Sarah, sentada na cama.

Carla: Eu realmente não sei. — foi sincera e ela assentiu mais uma vez, seus olhos estavam caídos e sonolentos.

Sarah: Ele vai voltar para mim Carlinha. Eu sei que vai. — foi a última coisa que disse antes de fechar os olhos e se acomodar por entre os travesseiros fofos.

Carla olhou para ela que em poucos minutos já parecia estar em um sono pesado. Ela não merecia nada do que estava acontecendo. E quem estava proporcionando esse sofrimento a ela, merecia um castigo divino. Era maldade demais. 

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Arthur: O Piloto II 🏁Onde histórias criam vida. Descubra agora