Capítulo 4 :

580 77 50
                                    


O dia nasceu com o céu acinzentado e Carla foi acordada por suaves batidas na porta, cortando o silêncio anormal da casa.

Joana abriu a porta do quarto sutilmente e caminhou até o lado da cama, onde Carla piscava os olhos cercados de linhas cinzas e profundas, indicando a noite mal dormida. A senhora deu um sorriso e esticou a xícara para ela.

Carla: Obrigada Jô. — agradeceu e sentou-se na cama, batendo ao seu lado para ela também fazer o mesmo.

Joana: Como se sente?

Carla: Arrasada. — suspirou pesadamente e tomou um gole do chá quente que a senhora lhe trouxe.

Era assim mesmo que sentia-se, arrasada, triste, quase que traída. Arthur não tinha esse direito de passá-la para trás como se fosse uma bola de futebol e ainda mais, escolher corridas ao invés de sua família. Isso nunca aceitaria.

Joana: Eu sinto muito Carlinha... — ela encolheu os ombros e Carla sorriu tristemente. — As crianças estão perguntando de você, acordei eles a algum tempo.

Carla: Que horas são? — perguntou assustada, passando as mãos pelos cabelos enquanto colocava a xícara de lado e saia à procura de seu celular.

Joana: Faltam quinze para a sete.

Carla: Meu Deus! Estou atrasada, dormi demais. Com licença Jô, vou tomar banho. — pulou da cama e saiu para o banheiro.

Talvez depois de toda aquela confusão com Arthur, o que mais queria era dormir, dormir e dormir ainda mais se possível e esquecer de tudo o que tinha acontecido. E se não fosse Joana, dormiria ainda mais. Mas aquilo não era certo, não podia se abalar por tão pouco. Arthur era adulto, sabia o que fazer e ela também. Se ele queria tudo assim, o que mais poderia fazer?

Ao chegar à sala onde a mesa do café da manhã estava à posta, pode ver seus filhos sentados um ao lado do outro silenciosos demais enquanto comiam com os olhos grudados no prato.

Arthur também estava lá e assim como eles, não falava nada. Ao verem Carla, Lucas e Maria Clara ergueram o olhar e foram até ela, distribuindo beijos pelo rosto da mãe. Carla sorriu, bastava estar com seus filhos para estar feliz. E então se sentou à mesa, começando a comer sem nem ao menos trocar uma palavra com Arthur.

Nunca foram de brigar e Carla tinha orgulho disso perante o que sabia das brigas de casais de suas amigas, mas quando acontecia, passavam dias sem se falar, até algum "leia-se sempre Arthur" deixar o orgulho de lado e enfim pedir desculpas. Agora, as coisas eram um pouco diferentes. E a briga mais séria.

Carla: Terminem de se arrumar logo e vamos.

Maria Clara: Vamos chegar no segundo tempo mesmo. — ela deu de ombros, mas ao ver o olhar de Carla em cima dela, levantou da mesa rapidamente e subiu para escovar os dentes e pegar a mochila.

Os dois se despediram de Arthur que já estava na garagem indo trabalhar e entraram no carro, enquanto Carla do lado de fora ainda, procurava a chave em sua bolsa.

Arthur de longe a observava. Tão linda com o semblante carregado de estresse, raiva e apressada para achar a bendita chave. Como gostaria que ela fosse um pouco maleável com tudo o que está acontecendo, as coisas seriam tão calmas. Mas não, tinha escolhido a mulher que mais odiava seu trabalho, corridas em geral. Já deveria saber que hora ou outra, isso aconteceria. Não iria desistir de nenhum dos dois, nem de sua família nem de seu sonho.

Arthur: Carlinha? — aproximou-se dela timidamente.

Carla o olhou com os olhos surpresos. Esperava que fossem se ignorar até quando não aguentassem mais e ele agora vinha a chamando até de Carlinha. O que ele não faria por aquela maldita Fórmula 1.

Arthur: Eu te amo. — olhou para ela que arregalou os olhos e por fim achou a chave na bolsa.

O que raios ele estava fazendo? Fazendo chantagem emocional para aceitar aquela loucura? O que quer que Arthur esteja tramando, nunca iria concordar com nada relacionado ao que ele estava querendo.

Carla: Já disse que não, não e não. — disse zangada e entrou no carro, o ligando e saindo da garagem rapidamente.

Deixando um Arthur completamente zonzo. Carla era uma louca.

Comentem

Arthur: O Piloto II 🏁Onde histórias criam vida. Descubra agora