Capítulo 17 ;

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Maria Clara: Hey Hey! — gritou para Marcos enquanto descia as escadarias do colégio.

Ele não ouviu. Revirou os olhos e correu mais rápido, conseguindo por fim alcançá-lo.

Maria Clara: Hey. — cutucou o ombro dele, que virou para trás, assustado. — Além de não olhar por onde anda, não ouve também? — tentou fazer piada, mas a cara dele não foi uma das melhores.

Marcos: Em que posso te ajudar? — tentou não rir, ao ver a garota quase que correndo para acompanhá-lo.

Maria Clara: Você viu meu irmão?

Marcos: Ele saiu muito rápido da sala, não disse nada. A propósito, ele estava bem estranho hoje. — franziu a testa. — Mas olha ali, não é seu motorista? — apontou para o carro preto, parado do outro lado da rua.

Maria Clara: Meu mo—motorista? — arregalou os olhos e parou no meio do caminho. Marcos estranhou a reação dela e desconfiou mais ainda quando ela o puxou para sua frente.

Marcos: Está tudo bem? — perguntou.

Maria Clara: Tudo, tudo ótimo. Aquele ali não é meu motorista. — deu um sorrisinho amarelo. — Já que meu irmão já foi, eu também vou indo. Tchau e obrigada. — falou tudo de uma vez só, se embolando e então saiu correndo.

Marcos olhou para ela enquanto se afastava. Alguma coisa ali estava errada. Seguir uma garota que nem ao menos conhecia direito, era errado sim, mas algo desde quando foi à casa de Lucas e chegando lá souberam que Maria Clara tinha desaparecido, não se encaixava. E com o nervosismo dela por causa do motorista, suas suspeitas ficaram ainda maiores.

Ela caminhava rapidamente, às vezes olhando para trás, o que fazia com que Marcos se escondesse em algum lugar. Já estavam a quase dez minutos caminhando e saindo do centro da cidade. Algo ali não estava certo, podia sentir isso. Primeiro porque nenhuma garota rica e com pais conhecidos iria sair assim na rua, era perigoso. Segundo porque se fosse algo permitido, ela não sairia correndo e ficaria olhando para trás, como se estivesse cometendo um pecado.

Mais alguns minutos se passaram e estavam perto de um local que certamente Maria Clara não pertencia. Que diabos aquela garota estava fazendo naquela parte da cidade?

Ela logo parou de caminhar e entrou em um estabelecimento com uma porta de vidro, esperou algum tempo e foi até a frente, lendo no letreiro que se tratava de uma escola de dança.

Estranho.

Até onde sabia, Maria Clara fazia ballet e seria impossível ela dançar neste lugar, existiam escolas de dança muito melhores do que está e em lugares infinitas vezes melhores.

Maria Clara: O que você está fazendo aqui? — gritou.

Marcos se assustou, estava distraído pensando no porque dela estar ali, que não percebeu que ela ainda estava perto da porta de vidro, com meninas. Olhou para ela que estava na escada, com os braços cruzados.

Marcos: Eu...

Maria Clara: Você estava me seguindo? — tentou controlar o tom de sua voz, mas não saiu como o esperado. Desceu os cinco degraus da pequena escada e chegou perto de Marcos, o empurrando pelos ombros. — Me fala logo!

Marcos: Eu estava passando por aqui, não posso?

Maria Clara: Mentiroso! — gritou mais uma vez.

Marcos revirou os olhos e olhou por cima do ombro de Maria Clara, três garotas estavam olhando para os dois, soltando risinhos. Maria Clara também percebeu e respirou fundo.

Marcos: Mentiroso? Eu não fugi de ninguém. — deu um sorriso irônico para ela. — O que você está fazendo aqui? Tem noção da onde está?

Maria Clara: Eu te perguntei primeiro. — cruzou os braços, birrenta.

Marcos: Você saiu correndo do colégio como se estivesse fugindo. Eu achei estranho e vim atrás de você, simples. — explicou rapidamente e ela riu.

Maria Clara: Você não é meu irmão.

Marcos: Mas sou amigo dele. — olhou sério para ela. — Olha aqui, vamos embora. Eu conheço esse lugar aqui e é perigoso. Aqui e área vermelha. — Arregalou os olhos. —  Fique agradecida a mim por não contar nada a seu irmão sobre isso. — foi puxando ela pela mão, mas ela se segurou no corrimão da escada.

Maria Clara: Me solta! — gritou alto.

Marcos: Eu vou te levar para sua casa.

Maria Clara: Eu tenho aula agora! — mais uma vez tentou se controlar, enquanto tentava soltar seu braço das mãos dele.

Marcos: Você é rica, não pode estar em um lugar desses. — gritou mais alto que ela.

Maria Clara: Cala a boca! — berrou.

Ele se assustou e soltou o braço dela. Maria Clara recuou e subiu a escada novamente. Ao olhar para Marcos, sentiu- se arrependida, tinha sido estúpida.

Maria Clara: Olha... Me desculpa. Mas, vá embora.

Marcos: Você esconde alguma coisa de sua família não é? — olhou para ela que abaixou a cabeça. — Eu não vou contar nada Clara, apenas acho perigoso você vir para cá. Não é seu lugar.

Maria Clara: Nunca ninguém me fez nada aqui, como pode dizer uma coisa dessas? — revirou os olhos.

Marcos: Porque eu moro aqui. — disse baixo e não olhou para o rosto dela, podia sem olhar ver os olhos arregalados dela. Claro, era algo inusitado um pobre coitado estudar na escola mais exclusiva do país e ainda ser amigo do irmão dela.

Maria Clara: Está muito enganado sobre seu bairro, vejo muitas pessoas boas e caridosas aqui. — ela disse aquilo naturalmente, como se o que Marcos falou, não a abalou em nada. Ele olhou sério para ela.

Marcos: Você não ouviu o que eu disse? Eu moro aqui, área vermelha.

Maria Clara: E daí? — deu de ombros. — Olha Marcos, agradeço a preocupação comigo, mas eu sei me cuidar. Agradeceria muito se você não contasse para ninguém. Agora eu tenho mesmo que entrar. — falou rápido e na mesma velocidade, entrou no prédio encardido.

A ideia de Maria Clara ser uma patricinha mimada, estava começando a se dissipar em sua cabeça. 

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Arthur: O Piloto II 🏁Onde histórias criam vida. Descubra agora