Capítulo 200 :

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O dia para Alice foi um dos mais divertidos que já tinha tido em sua vida. Ela, que não suportava o barulho dos carros e aqueles bandos de homens machistas, sentou-se na mesa do refeitório da Ferrari, comeu macarronada e riu das piadas e dos arrotos constantes. Assim que terminaram de almoçar, Rodolfo teve uma reunião e Alice ficou no boxe, vendo Lucas e os outros mecânicos colocando tudo que havia no boxe em imensos containers que seriam enviados de volta à Itália.

No auge de sua bondade daquele dia, seguiu Lucas que guardava uma série de peças e começou a ajudar ele. Lucas a olhou como se a garota fosse de outro mundo, mas ao ver que ela realmente estava gostando de fazer aquilo e se esforçando, acabou não falando nada e aproveitando aquele momento que achou que nunca veria em vida.

Rodolfo voltou da reunião e ao chegar ao boxe, viu a loirinha sentada no chão com o rosto e os braços sujos de graxa, enquanto tomava refrigerante e ria em companhia dos outros mecânicos que após uma tarde de trabalho já tinham desmontado todo o boxe. Ela sorria de um modo que contagiou Rodolfo, ela era engraçada e adorável, além de ser a primeira pessoa no mundo que correu atrás dele sem preconceitos sobre ele ser quem era, ela apenas queria o conhecer.

Uma hora depois, Rodolfo e Alice se despediram de Lucas que embarcaria logo mais de volta a Maranello e entraram no carro rumo a clínica. Alice estava com um sorrisinho besta na cara, lembrando-se do dia divertido que passou ao lado de Rodolfo e principalmente de Lucas. Ela, que sempre o julgou, acabou sendo conquistada com aquele clima de harmonia da equipe e nem suas duas unhas quebradas lhe importavam naquele momento.

Tinha passado um dos melhores dias de sua vida ao lado de quem realmente ela sentia saudades. Não era daquele que um dia ela namorou que sentia saudades, era do amigo. Era do cara que a empurrava pelos ombros, que a mandava correr mais rápido e não tinha vergonha alguma de arrotar na frente dela, por mais que soubesse que aquilo a tirasse do sério.

Ela acabou ficando dentro do carro, enquanto Rodolfo foi buscar o exame e procurar a médica. Seus pensamentos vagaram para sua mãe e seu pai, o que eles falariam de toda aquela situação? Como seria sua relação com Luan após tudo aquilo? Por todos os problemas que teve durante toda sua vida com os dois, eles eram seus pais, era quem ela amava e ela se perguntava o que fariam com ela a partir do momento que Rodolfo retornasse ao carro com um papel que comprovaria ou não, que eles mentiram para ela durante toda a vida. Seus olhos ficaram úmidos quando Rodolfo apareceu saindo do elevador. Ela começou a tremer e quando ele entrou no carro com uma cara séria, ela pensou que fosse desmaiar.

Alice: O que aconteceu Rodolfo? O que deu o exame? — imediatamente falou e percebeu que ele estava pálido demais.

Ele a olhou com uma cara estranha e ela percebeu o papel nas mãos dele já aberto, tentou tirar da mão dele, mas este desviou e continuou segurando.

Rodolfo: Eu... Eu sou seu pai.

Por alguns segundos o carro ficou em silêncio absoluto, até Alice começar a chorar desesperadamente. Ele não soube o que fazer, apenas deixou que ela pegasse o papel e lesse com os próprios olhos que o que eles disse era verdade. A confusão que começou a se formar na cabeça dela, a fazia ficar com a garganta tampada e zonza. Seus pais tinham mentido para ela. Eram dois doentes que a trataram estranhamente a vida inteira. Luan não agia como pai com ela, porque simplesmente não era seu pai e ele devia saber disso. E Rodolfo não sabia como ajudar a garota, que chorava de um modo desolador e abraçava as pernas, buscando algum consolo.

Rodolfo: Alice, eu sei que é assustador, pois eu me sinto da mesma forma, mas... Eu não sei o que te falar. — ele se aproximou dela e deu um tapinha para animar nas costas da garota.

Arthur: O Piloto II 🏁Onde histórias criam vida. Descubra agora