Sinopse: Com toda a certeza do mundo eu não era mais a mesma jovem que fui quando o conheci no GP do Brasil, há muitos anos atrás. Nem ele era mais o piloto de Fórmula 1, que conheci, ainda que fosse o mesmo bonitão de sempre.
Naquela época não exis...
Alguns andares acima, Arthur tinha acabado de chegar do circuito e partiu para o banho. Assim que vestiu uma cueca e uma calça de moletom, a campainha do quarto tocou, achando que seria a comida que pediu, ele foi abrir do jeito que estava. O cabelo completamente bagunçado, meio molhado, sem camisa e descalço.
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Ao abrir a porta, teve uma bela surpresa ao ver Carla parada, com um sorriso pequeno nos lábios. Ela olhou para ele de cima abaixo e o sorriso ficou ainda maior. Ele também olhou para ela, estava com um vestido branco de renda e uma sandália baixa nos pés, nas mãos dela apenas uma bolsa e ao seu lado uma pequena mala de rodinhas.
Carla: Vim me despedir. — ela disse, com uma simplicidade que cortou o coração de Arthur. — O piloto disse que seu avião já está pronto.
Mais uma vez ele sentiu uma pontada. Tinha sido extremamente rude com Carla, que apenas tentou defender e agradar ele durante o dia todo. E ele, irritado por ela ter apenas procurado por ele após ter provas concretas de que tudo era mentira, acabou não dando o devido valor para o esforço dela.
Arthur: Você não precisa ir embora, Carla. Se quiser pode ficar. Eu estava nervoso e acabei não controlando o que eu disse.
Carla: Não, tudo bem. — deu de ombros e abaixou a cabeça. — Eu até já cancelei a reserva do quarto, está tudo certo. Me desculpa pelo incomodo, viu. — os olhos dela o miraram de uma maneira que era impossível deixar que ela partisse.
Arthur: Você está fazendo isso para que eu fique com a consciência pesada, não é? — cruzou os braços e riu. Carla sorriu e suspirou.
Carla: Eu estou conseguindo? — ela sorriu e Arthur riu.
Ela o olhou e viu que estava na frente do seu marido, da pessoa que mais amava naquele mundo, não poderia deixar que aquele momento terminasse mal novamente.
Carla: Na verdade não vim para bater, para roubar moto ou ficar conversando com pilotos e engenheiros o dia todo sobre o que eu aprendi. Vim para pedir desculpas por desconfiar de você. — ela olhou para ele, que ficou sério no mesmo segundo. Carla respirou fundo e fechou os olhos. — O Lucas me contou o que ele fez, antes que eu visse o processo. Eu viajei até aqui para pedir desculpas, quando na verdade a minha vontade é me trancar em um quarto e pagar por toda minha consciência pesada.
Arthur: Ele te contou?
Carla: Sim, logo depois que a Alice perdeu o bebê. — Ao ouvir, Arthur arregalou os olhos. Como as coisas aconteciam tão rápido? — Eu vi meu mundo cair, assim que descobri que meu filho, logo ele, me traiu. Acho que nenhuma mãe merece sentir o que eu senti. Mas não estou aqui para falar do Lucas e sim de você. — ela piscou e largou a mala e a sua bolsa. — Eu sei que eu poderia falar várias coisas, implorar seu perdão, mas eu não vou fazer isso. Você sabe os erros que eu cometi, eu sei os seus. Eu sei que meu marido é a pessoa que eu mais amo, mais admiro e me orgulho nessa vida, é o homem que eu escolhi para amar e respeitar. E por amar tanto, acabei metendo os pés pelas mãos. Eu não vi que você também me amava igual ou mais do que eu e que nunca faria algo para me machucar, como eu igual uma idiota pensava. Nunca entendi como você me aguentou por tantos anos e por sempre pensar nisso, na primeira oportunidade achei que você estava me traindo. Eu sei que sou uma idiota, mas eu amo você e quero você comigo hoje e sempre. — as mãos dela tocaram o rosto de Arthur, que não demonstrava reação alguma.
