Capítulo 59 :

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Giulia, Lucas e Marcos estavam jogando vídeo game na sala de vídeo. Maria Clara chegou gritando e pedindo para que Lucas e Marcos fossem matar um bicho que estava no jardim.

Alice que estava perto da porta da sala, franziu a testa ao ouvir a desculpa da amiga. Maria Clara não sabia mentir. Mas mesmo assim os meninos saíram da sala junto dela. Deixando Giulia sozinha na sala. Com um sorriso abriu a porta e a trancou. Era apenas necessário caso os meninos voltassem antes. Ela estava segurando o controle do vídeo game que estava pausado, sentada no sofá. Alice não fez barulho algum e deu um susto em Giulia, ao entrar em sua frente, sorrindo.

Alice: Olá! — teve vontade de rir ao ver a cara que Giulia ficou com o susto que levou. Ela soltou o controle e levantou do sofá rapidamente. — Assustou? — com uma preocupação falsa, perguntou. Giulia ia começar a correr, mas Alice a puxou pelo braço, fazendo com que ela voltasse ao lugar onde estava.

Giulia: Me solta.

Alice: Vamos conversar um pouco. — sorriu mais uma vez e Giulia tentou soltar o braço. Alice segurou mais forte. — Calma.

Giulia: O que você quer? Me solta! — começou a gritar.

Alice: Cala a boca idiota! — gritou mais alto que ela. Giulia a olhou com os olhos arregalados. — Não é nada demais. Apenas que esse seu casinho com o Lucas não vai durar muito. Era só para avisar.

Giulia: E quem diz isso? Você? — debochou.

Alice: Exatamente. Porque sou eu que estou fazendo com que ele acabe.

Giulia: Como?

Alice: Você não está mais sozinha nessa, colega. E posso garantir para você, que com você ele não fica. Só estou avisando para não ficar tristinha quando ele acabar com você. Mas não se culpe, você vai achar outro. Não tão bom quanto ele, mas um ideal para você.

O tom de Alice era tão controlado, que ela mesma estava se surpreendendo com isso. Giulia estava com os olhos arregalados e puxou seu braço nas mãos dela.

Alice: Eu gosto dele, Giulia. O conheço desde que nascemos e sei de tudo o que ele gosta. E ele gosta de mim. Não de você.

Giulia: Prepotente.

Alice: Ridícula.

Uma batida na porta fez com que as duas desviassem os olhos uma da outra e então a voz de Lucas começou a chamar o nome de Giulia. Alice fechou os olhos e bufou vendo que Giulia correu até a porta e a abriu.

Giulia: Eu quero ir embora. — ela disse para ele que não entendeu nada. Ela saiu da sala e correu. Logo atrás veio Alice, que lhe deu um sorriso.

Lucas: O que você fez com ela? — perguntou gritando com Alice. Ela arregalou os olhos e fez uma careta fingida de susto.

Alice: Eu? Eu não fiz nada. Ela é louca. Você deveria ter medo dela. — disse e dois segundos depois ficou falando sozinha.

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Os dias que faltavam para a chegada de Arthur se passaram rapidamente. Carla ainda não tinha falado com ele. O máximo de contato que conseguiu foi enviar uma mensagem no WhatsApp com o vídeo da corrida de Lucas. E não foi respondida. Mas entendia o lado dele.

Na manhã que ele chegaria, Maria Clara e Lucas levantaram cedo. Thaís tinha dormido ali, para ver o irmão chegar. Junto de Joana preparam um almoço com a comida favorita dele. Era a primeira vez que ficavam longe do pai por tanto tempo e estavam morrendo de saudades. Carla estava no quarto, deitada na cama já arrumada. Não tinha ânimo algum para descer e encarar Arthur, pois sabia que os olhos dele não a olhariam. Ficaria ali, até quando possível. Thaís inúmeras vezes veio a chamar para descer, mas todas foram negadas.

Faltava pouco para a uma da tarde quando Arthur chegou em casa. Irritado com os fotógrafos na frente da casa. Não aguentava mais ver fotógrafos e repórteres para todos os lados desde que chegou ao Brasil. Agora entendia o desespero de Carla, o nome dela estava estampado em cada revista, como a esposa traída. Poderia entender a raiva dela agora.

Estacionou o carro na garagem e subiu a escada que levava a casa. Segurava em sua mão uma pasta e uma pequena mala com os presentes comprados, a maior com suas roupas, ainda estava no carro. Abriu a porta de casa e em um misto de surpresa e susto, sorriu.

— SURPRESA! — os três gritaram assim que ele apareceu.

Maria Clara: Pai, que saudades! — a menina se apressou em dizer e já pular em cima de Arthur. Ele abraçou a menina e lhe deu um beijo no rosto.

Arthur: Eu também, minha vida. Você cresceu! — disse a ela que sorriu.

Maria Clara: Também não exagere. Foi apenas duas semanas, não cresci tanto assim. — disse e novamente abraçou o pai.

Lucas: Pai! — ele veio logo depois com o troféu da corrida nas mãos. — Esse é para você. — esticou o troféu para Arthur que olhou para o objeto emocionado. O pegou nas mãos e então abraçou Lucas.

Arthur: Obrigado campeão. Eu vi a corrida, estou tão orgulhoso de você.

Lucas: A próxima você estará aqui.

Arthur: Estarei. — sorriu e então olhou para o lado, procurando por Carla. Mas apenas Thaís e Joana estavam na sala. A irmã veio correndo até ele e o abraçou.

Thaís: Que saudades Thur! Tudo bom? Como foi de viagem? — ela estava calma demais, estranhou Arthur. — Vamos deixar de papo furado. Quem é Geovana? Quero saber tudo. Eu juro que corto... — ela apontou para as partes inferiores de Arthur. — Seu amiguinho, se tudo aquilo for verdade. Eu juro que corto, frito e dou para você comer. Com só um pouco de sal. Nada mais.

Os olhos dela ficaram escuros ao falar isso e Arthur deu um pulo para trás, assustado. Ao ouvir o nome de Geovana, Lucas e Maria Clara se aproximaram dos dois. O nome da jornalista, suposta amante do pai, era algo expressamente proibido de ser falado ali. Não sabiam de nada.

Arthur: Thaís! — ele gritou. — Por favor.

Thaís: Sua mulher está lá em cima. Vá ver ela agora. — apontou para a escada. — Eu não aguento mais ser psicóloga.

Arthur: Thaís! — ele tentava fazê-la parar de falar, pela presença de Lucas e Maria Clara na sala.

Thaís: Agora! — berrou e Arthur mais uma vez deu um pulo. — Agora Arthur.

Arthur: Tudo bem. — ergueu as mãos para cima, como quem se rendesse e começou a subir as escadas.

Thaís: Não esquece. Apenas com sal! — gritou mais uma vez.

Arthur balançou a cabeça negativamente. Sua irmã era completamente pirada.

Arthur estava com medo de ver a Carla. Medo de ver os olhos dela. De ouvir ela o culpando por algo que não fez. Tirando conclusões precipitadas. Carla nunca ouvia o que ele tinha a dizer, sempre gritava mais alto e encerrava o assunto. Ainda com receio, abriu a porta do quarto deles.

As janelas estavam abertas, a porta de vidro da sacada também estava, deixando a claridade e o sol invadir o quarto. A cama deles estava arrumada e Carla não estava nela. Entrou no quarto e parecia estar vazio, mas ao olhar para a poltrona no fundo do quarto, viu a esposa sentada, com um livro na mão, ela o olhava com os olhos cheios de lágrimas. Indefesa era a palavra que definiria Carla naquele momento. Ela largou o livro de lado e as mãos repousaram sobre suas coxas. Ela parecia não ter forças para levantar do sofá ou se mexer.

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Arthur: O Piloto II 🏁Onde histórias criam vida. Descubra agora