Capítulo 88 :

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As horas se passaram lentas e Marcos ficou sentado no sofá tentando descobrir se aconteceria alguma coisa, mas nada acontecia. Fez todas suas lições e ajudou Olívia nas suas, logo depois viu a irmã se aconchegar no outro sofá e dormir. A tarde já estava em seu fim e ele consultava o relógio querendo que a hora de ir buscar Maria Clara chegasse logo.

Vinte minutos antes do horário marcado com ela, ele foi trocar de roupa e foi do seu próprio quarto que viu pela janela centenas de viaturas de policiais passando pela rua em uma velocidade absurda. Perdeu o ar naquele exato momento e se sentiu preso no chão, enquanto seus olhos fitavam as viaturas que não paravam de passar. Dez segundos depois pode ouvir os primeiros tiros ecoando logo mais a frente. Olivia acordou gritando assustada e entrou correndo no quarto do irmão chorando.

Olivia: Nós vamos morrer! — ela começou a gritar desesperada.

Marcos olhou para ela e meio segundo depois seu celular apitou, avisando que uma mensagem tinha chegado, ao ver o nome de Maria Clara na tela, sentiu o coração apertar. " O que está acontecendo? Está cheio de policiais aqui." Ele e Olivia teriam muito menos chances de morrer do que Maria Clara, que estava em uma escola de dança com vidros para todos os lados, tornando possível ver quem está fugindo da polícia um bom esconderijo e ela ainda estava sozinha.

Marcos: Você vai se esconder e só vai sair de lá quando eu voltar. — colocou o celular no bolso da calça e pegou um casaco que estava em cima da cama. A menina começou a chorar ainda mais alto.

Olivia: A mamãe mandou você não sair daqui!

Marcos: Eu tenho que ir buscar uma pessoa, Olivia. Você entendeu o que eu disse?

Olivia: Você vai morrer!

Marcos: Não vou. Eu volto em dez minutos, está bem? — deu um beijo na testa da irmã e saiu do quarto ouvindo o choro dela. Ela ficaria bem, ele sabia disso, já Maria Clara se continuasse lá, ele não tinha tanta certeza.

A rua estava lotada de carros de policiais, nas calçadas as pessoas passavam gritando e chorando, em puro desespero. A situação não estava tão grave ali e não seria difícil correr até duas quadras dali e foi o que fez, começou a correr pela rua não se importando com os ecos dos tiros e nem o alto barulho que as viaturas faziam ao passar por ele.

A situação começou a piorar quando um homem atirou em um policial bem na frente dele. O policial caiu no asfalto e Marcos arregalou os olhos. Não sabia mais o que fazer, mas fez o mais seguro que poderia fazer naquele momento, voltou a correr como um louco até finalmente chegar em frente à escola de dança. Os tiros começaram a ficar cada vez mais perto e ele não soube como conseguiu subir a escada da frente e entrar na escola.

A recepção estava vazia e ele subiu quase sem sentir a escada até o segundo andar, correu pelo corredor até encontrar a sala onde Maria Clara sempre estava. Para sua surpresa ela estava deitada no chão, com algumas pessoas ao redor dela. Quando os olhos dela fitaram Marcos parado na porta, quase não pode acreditar, correu e pulou em cima dele, o abraçando com toda a força que podia.

Maria Clara: Eu achei que iria morrer sem ver você novamente... — as palavras saiam emboladas com o choro intenso.

Marcos se limitou a abraçá-la por um bom tempo, até ela se acalmar. Tudo parecia mais calmo lá fora, os tiros ecoavam longe e as pessoas começaram a levantar do chão.

Marcos: Vamos embora. — foi até onde a mochila dela estava no chão e a pegou, com a mão livre puxou ela.

Maria Clara estava com tanto medo, que não falava nada. Desceram a escada em silêncio e ao sair na rua novamente, ela começou a chorar ao ver alguns corpos de pessoas caídos no chão.

Maria Clara: Oh meus Deus... — ela escondeu os olhos se escondendo atrás de Marcos. Ele não disse nada, apenas virou o rosto.

Marcos: Vamos correr, ok? Você vai ter que correr o máximo que puder, me entendeu? — ele falava sabendo que ela estava ouvindo, apesar de ainda estar em choque com tudo que tinha presenciado.

Puxou ela pelo braço e começaram a correr enquanto as viaturas rondavam as ruas procurando os traficantes. Maria Clara não pensava em outra coisa do que estar em sua casa e ver sua família. Queria pedir desculpas ao seu pai por ter sido mal educada hoje no café da manhã, dizer para sua mãe que a amava mais que tudo e para Lucas que ele era o melhor irmão do mundo. Apenas queria poder ver eles.

No desespero, assim que começou a ouvir os tiros e os policiais se aproximando, ligou para sua casa e disse tudo isso para a primeira pessoa que atendeu ao telefone, não esperando nem a pessoa falar. Logo depois desligou, porque foi obrigada a deitar no chão para se proteger dos tiros. Quase não acreditou quando entrou no prédio onde Marcos abriu o portão, enquanto subia a escada ela pode enfim respirar, não sabendo nem como tinha ficado tanto tempo prendendo a respiração pelo medo. Assim que chegaram ao andar, ele pegou a chave e abriu a porta do apartamento.

Marcos: Entra. — ele deu espaço para que ela entrasse e ela timidamente entrou, olhando para a frente e vendo uma pequena sala, com dois sofás e uma televisão. Marcos colocou a mochila dela perto da porta e trancou a porta. — Olivia, eu voltei! — gritou ao ver que a irmã não estava por ali.

Maria Clara olhou para ele assustada. Olivia apareceu meio minuto depois abraçando uma boneca e com os olhos vermelhos devido ao choro. Assim que viu Marcos, saiu correndo para abraçá-lo.

Olivia: Eu fiquei com medo que você não voltasse... — ela disse soluçando e ela viu logo atrás de Marcos, uma menina parada, olhou para ela curiosamente.

Marcos: Olivia, essa é a Maria Clara, minha namorada. — olhou para Clara com um sorriso nos lábios e ela tentou sorrir, apesar de todo aquele nervoso que tinha acabado de passar, tinha adorado ouvir Marcos falar que ela era sua namorada.

Olivia: Namorada? — franziu a testa ao olhar para o irmão, mas logo depois abriu um sorriso. — Oi. — deu um passo até Clara que se abaixou para dar um beijo na bochecha da menina. — Você é linda.

Maria Clara: Você também é linda, Olivia. — ela sorriu.

Foram todos para o quarto de Marcos e trancaram a porta ainda temendo o que poderia acontecer. Na televisão, em quase todos os canais nacionais passavam informações sobre o que tinha acabado de acontecer e novamente Maria Clara lembrou que tinha ligado para sua casa avisando que estava morrendo, quando nem ferida ela estava. Na correria para tentar se esconder, tinha perdido o celular. Não falou nada para Marcos, apenas continuou deitada com a cabeça nas pernas dele, enquanto ele fazia carinho em seus cabelos.

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Arthur: O Piloto II 🏁Onde histórias criam vida. Descubra agora