Capítulo 50 :

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Júnior: Você não poderia ter feito isso... — mais uma vez resmungou e Arthur o olhou, os olhos dele estavam cheio de lágrimas e não demoraria o momento que ele começaria a chorar.

Aquele gesto fazia Arthur lembrar de  Lucas, era o mesmo semblante que fez quando perdeu sua primeira corrida de kart.

Arthur: Farei isso até você aprender que estamos todos juntos em uma mesma equipe, um depende do outro. Você conseguiria montar um carro sozinho, correr e ainda trocar pneus em uma corrida? Nós não conseguiremos também sem você. Quero que entenda isso Júnior. Ninguém está feliz com seu comportamento e estamos fazendo o possível para que ninguém estoure com você. — levantou da cadeira e aproximou- se dele, colocou uma mão em seu ombro e ele continuava de cabeça baixa.

Arthur: Eu sei que é difícil, sei toda a pressão que colocam em cima de você, mas você quis isso não quis? Não lutou para chegar até aqui? Eu não quero acabar com tudo isso, foi uma medida drástica, mas precisa. Agora se você continuar desse jeito, tratando todos mal, achando que é o único piloto bom sob a face da Terra e principalmente agindo como uma criança, sem responsabilidades, as coisas complicarão ainda mais para você. E não pense que se for demitido, será acolhido por uma equipe melhor, todos pelo paddock já sabem tudo o que você está aprontando. Basta pensar o que realmente você quer. Até mais Júnior. — o soltou e olhou para Joseph, que também levantou da cadeira, passando por ele e lhe dando um tapinha no ombro, logo depois saiu com Arthur da sala.

Júnior continuou parado, apoiando suas mãos na mesa, os ombros curvados. Dentro dele, passando por seu enorme ego e orgulho, sabia que Arthur estava certo, como também sabia que ninguém mais o aguentava dentro da Ferrari. Isso porque estava iniciando seu segundo ano dentro da equipe.

Com Domenicali eram mais simples as coisas, ele fingia não ver nada do que fazia e não se importava. Agora com Arthur as coisas eram muito mais complicadas, ele fazia questão de se meter em seus problemas e se importava com tudo o que acontecia dentro da equipe. E aquilo o incomodava muito, Arthur sempre foi seu maior ídolo dentro das pistas, perdeu as contas de quantas vezes foi vê-lo correr nos GP da Inglaterra e era horrível ter que ouvir tudo aquilo de quem sempre foi admirado.

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Carla: Como você não vem Arthur?

Doía demais falar aquilo para Carla, mas era necessário. Ao sair do circuito, chegou ao hotel, tomou um banho e deitou um pouco na cama para descansar, mas ouviu duas batidas na porta. Era John lhe informando que teriam que ir todos à Maranello para uma reunião com Montezemolo. Ao fim da estadia na Itália, voltaria ao Brasil por apenas dois dias e logo partiria para a Malásia, local da segunda etapa da Formula 1.

Arthur: Me desculpe Carlinha. Eu não sabia e sinto muito. Gostaria muito de ver você e as crianças.

Carla: Lucas terá uma corrida na quarta feira Arthur e ele esperava que você estivesse aqui. — ouviu um suspiro do outro lado da linha e Arthur se calou. — Eu sei que você tem que ir, mas Arthú...

Arthur: Eu não escolhi Carla, se pudesse eu com toda certeza do mundo iria ver meu filho correr. Mas eu não posso. Eu não posso.

Carla: Está bem Arthur, me ligue quando você estiver voltando. — a única coisa que ouviu após o silêncio de Carla foi ela desligando o telefone.

Um dos piores defeitos de Carla era a falta de compreensão. Jogou o telefone na cama e vestiu a camisa, irritado demais para todos aqueles botões pequenos. Um toque na porta fez com que fechasse os botões mais rápido. Caminhou até a porta e viu Boninho parado.

Arthur: O Piloto II 🏁Onde histórias criam vida. Descubra agora