Capítulo 45 :

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A viagem de mais de quatorze horas e mais o fuso horário estavam fazendo estragos a Arthur, recém chegado ao hotel.

Olhou para a cama arrumada e aconchegante e deitar nela e dormir seria a coisa mais viável a se fazer. Mas não podia. Seu celular tocou pela segunda vez em um curto intervalo de tempo lhe informando que estava atrasado para uma reunião. Tomou banho e trocou de roupa, sentindo- se um pouco melhor. O relógio marcava onze da noite e sabia que a reunião não teria hora para terminar. Pegou sua pasta e saiu do quarto, cumprimentando alguns dirigentes da Fórmula 1 que apareciam em sua frente no corredor.

O lobby estava uma confusão, gente para todos os lados, membros de equipes saíam e entravam apressados com seus uniformes, deixando tudo colorido com as cores de suas escuderias. Carrinhos abarrotados de malas passavam por ele a todo o momento. Olhou para os lados tentando achar Boninho, mas era uma tarefa quase impossível. Pegou o celular e ligou para ele, mas estava desligado. Respirou fundo e abriu caminho em meio às pessoas, indo para o restaurante do hotel, estava mais vazio.

Olhou para o celular e viu uma foto dele e de Carla no visor e sorriu. Estava atrasado, mas precisava falar com ela. Discou os números já decorados tendo alguns problemas com o código de localidade.

Carla: Amor! — o grito dela o fez sorrir. Parecia agitada demais. — Chegou bem? Onde está? Que horas são ai?

Arthur: Você está bem Carlinha? Se acalme — franziu a testa e a ouviu rir. — Cheguei faz pouco mais de duas horas, a viagem foi cansativa apesar de ter dormido boa parte das horas. Estou no hotel e já estou saindo para uma reunião e são onze da noite.

Carla: Você não está cansado? Você tem que dormir amor. — suspirou pesadamente. Os horários de Arthur sempre a preocupavam, era tudo muito corrido, sem tempo de dormir ou comer direito. E aquilo era horrível.

Arthur: Vou dormir assim que voltar. Não se preocupe.

Carla: Está feliz, amor? — perguntou sorridente, sabia qual seria a resposta, mas se preocupava.

Arthur: Estou muito feliz, Carlinha. Está tudo igual, as mesmas pessoas, a mesma correria. Eu adoro isso.

Carla: Eu sei... — suspirou novamente e ele ficou em silêncio. — Vá para a reunião.

Arthur: Eu te amo Carla Diaz.

Carla: Também te amo amor. Boa sorte. Eu e todos aqui estamos torcendo por você. Até mais.

Arthur: Até mais. — foi a vez dele de suspirar após encerrar a ligação.

Olhou em volta e viu ainda a mesma correria, as pessoas se misturando, aquilo lhe fazia feliz, mas ouvir a voz de Carla por um celular, sabendo que ela está do outro lado do mundo, o deixava triste. Como queria que ela estivesse aqui com ele.

Xxx: Com licença? Arthur Picoli? — uma voz feminina o despertou.

Ainda com o celular na mão virou para frente e encontrou uma bela mulher. Era alta, poucos centímetros a menos que ele, os cabelos eram de um marrom vibrante que lhe fazia lembrar chocolate. Foram cortados um palmo abaixo no ombro e as pontas eram cacheadas. Os olhos eram verdes escuros e combinava com a pele dourada pelo sol e um sorriso com dentes brancos e perfeitos.

Arthur: Pois não? — ainda olhando para o sorriso da mulher, ele respondeu. Ela novamente sorriu e estendeu a mão para ele.

Xxx: Geovana Bianco. — prontamente Arthur apertou a mão da mulher.

Arthur: Prazer, Geovana. — ele sorriu e ela continuou o olhando fixamente. — O que deseja?

Geovana: Não pude deixar de vir aqui e desejar-lhe boa sorte nessa nova fase. Nós, italianos e também todos de outras partes do mundo estão felizes por ter você de volta na Ferrari.

Arthur: É italiana? — surpreso ao vê-la assentir com a cabeça. — E o que faz aqui?

Geovana: Sou jornalista esportiva, trabalho em um canal da televisão Italiano que cobre as corridas de Formula 1. — falava com orgulho e aquilo fez Arthur sorrir. Era raro ver mulheres dentro da Formula 1, as jornalistas eram poucas, pareciam ter medo do ambiente machista dominante. Mas Geovana parecia gostar do que faz.

Arthur: Uau. Isso é legal. — exclamou ainda surpreso e ela riu. — Bom Geovana, tenho que ir agora. Vamos nos ver mais vezes por aqui. Até mais. — com outro aperto de mão se despediu dela e lhe deu as costas, indo em direção à saída do hotel. Mas novamente ouviu a voz dela chamando seu nome. Virou e ela estava parada ao lado dele.

Geovana: Estou indo para o circuito, se quiser posso te levar até lá. — olhou para ele esperando uma resposta.

Arthur novamente olhou para o rosto de Geovana e tentou achar algo que lhe oferecesse perigo nela. Sempre lhe disseram para nunca confiar em jornalistas.

Arthur: Isso seria muito gentil. Estou literalmente perdido. — confessou rindo.

Ela o acompanhou nas risadas enquanto entravam no elevador para a garagem do Hotel. Geovana segurava sua bolsa de mão e uma outra de lado, grande e tentava achar a chave do carro em meio às duas. Quando finalmente achou, desativou o alarme e entraram no carro.

Arthur: O que está fazendo indo ao circuito tão tarde?

Geovana: O pessoal da emissora sempre me manda ir até lá de noite para tentar colher informações. — revirou os olhos e riu ao ver a cara que Arthur ficou. — Mas fique tranquilo, não vou tentar colher nada de você. Apenas ofereci uma carona inocentemente. — olhou para Arthur que sorriu. Ela mordeu o lábio inferior virou para frente, olhando a estrada com mais atenção. — E você, o que está indo fazer lá?

Arthur: Tenho uma reunião.

Geovana: Com os pilotos? — novamente o olhou atenta.

Arthur estava surpreso, nunca tinha visto uma mulher sem ser Thaís, falando de corridas com ele com tanto entusiasmo. E gostava daquilo, era diferente. Nenhuma das mulheres que convivia lhe dava chance de falar algo sobre isso. Carla uma vez lhe disse que lhe dava até dor de cabeça quando pronunciava algo sobre carros.

Arthur: Também. Temos que acertar algumas coisas. E hey, você está colhendo informações.

Geovana: Desculpe. Força do hábito. — se desculpou sorridente e acelerou o carro.

Arthur via as placas passando e a bela paisagem de Melbourne ficando para trás. O circuito era nas ruas, mas em um campo mais afastado da grande cidade. Nada mais do que dez minutos de carro. Pouco tempo depois Geovana parou em um estacionamento restrito e andaram até o portão de entrada do circuito. Arthur procurou dentro de sua pasta a credencial e a colocou no pescoço. Olhou para Geovana e ela já estava com a dela.

Arthur: Uau. Está com a credencial vermelha. Isso é algo muito bom para vocês da imprensa, não? — conversavam enquanto caminhavam em passos rápidos. Ela deu risada.

Geovana: Sim. Poder entrar onde quiser é algo bem legal para uma jornalista. — pegou a credencial entre os dedos e a mirou por alguns segundos. — Milhares de emissoras se matariam por isso. — continuou olhando para a credencial e sorrindo.

Estavam caminhando já pelo paddock e poucas pessoas circulavam por ali. Em sua maioria eram os mecânicos que viravam noites trabalhando em cima dos carros pela falta de tempo. Alguns acenavam para Arthur, outros lhe dirigiam um simples Oi. E eram respondidos.

Arthur: Bom, fico por aqui. — parou em frente ao motorhome da Ferrari. Geovana também parou e sorriu para ele. — Obrigado pela carona.

Geovana: Não foi nada. Bom trabalho. — acenou para ele e continuou caminhando. — Ah. — virou novamente e gritou. — Cuidado com seus segredos de equipe. Eu sempre descubro todos. — acenou novamente e voltou a caminhar.

Arthur olhou-a com mais atenção, era apenas uma mulher confiante em si própria.

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Arthur: O Piloto II 🏁Onde histórias criam vida. Descubra agora