Capítulo 49 :

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No domingo da corrida, Arthur chegou cedo ao circuito e logo se trancou em uma sala com o diretor de provas, contando tudo o que estava pensando em fazer. O senhor não aprovou, muito menos discordou. Confiava nas decisões de Arthur.

Após o fim da reunião, Arthur voltou ao motor home, encontrando-o já lotado. Ao achar Boninho, informou a ele o que estava planejando fazer e foi apoiado. Júnior chegou perto da hora do almoço, quando Arthur, Boninho, Mark e mais alguns diretores estavam reunidos em uma mesa almoçando e discutindo algumas estratégias para a corrida.

Júnior: Boa tarde. — acenou e continuou caminhando.

A cara de desagrado dos presentes foi maioria. Arthur sorriu disfarçadamente e chamou a atenção dos presentes novamente, trazendo-os de volta para as estratégias. Ao fim do almoço, Arthur foi direto para o Box, encontrando Júnior perto do carro.

Arthur: Preparado? — perguntou, se colocando silenciosamente ao lado dele. Ele não olhou, continuou com os olhos fixos no carro.

Júnior: Estou me concentrando, pode me dar licença? — a voz estava suave, mas ele não estava normal. Alias, tinha visto alguma vez Júnior ser normal?

Arthur: Claro. Apenas vim desejar boa sorte, pedir que pense em cada decisão que tomará e pare de agir feito uma criancinha mimada. — concluiu e virou as costas para ele.

Júnior não se abalou, olhou para Arthur que já tinha saído do box e virou na direção contrária, indo colocar o macacão. A corrida começou com Júnior largando na frente e se defendendo do segundo colocado que ameaçava tirar sua posição. Colocou o carro na frente do outro, o impedindo de passar. Mark que estava em terceiro, por pouco não colidiu com o carro que estava atrás dele. Tudo ficou confuso quando no meio do pelotão, um carro bateu em outro e mais alguns se envolveram.

Cinco voltas e já estava tudo normalizado. Júnior ainda se mantinha na primeira posição, com uma bela vantagem em cima do segundo colocado. Arthur acompanhava tudo pela tela da televisão e via os gráficos e informações do carro pela tela do computador, ao lado dos engenheiros de Júnior e Mark, o estrategista e o técnico de telemetria. Mais cinco voltas e Júnior viria ao Box para trocar os pneus. Ele estava fazendo uma bela corrida e era uma pena ter que fazer o que estava programando.

Arthur: Atrasem quando Júnior vier para o Box. — falou com o chefe dos mecânicos que apenas assentiu.

A notícia já tinha se espalhado e todos sabiam o que Arthur estava aprontando. O engenheiro de Júnior virou a cara para Arthur, era óbvio que não aprovaria nada daquilo, ainda que soubesse que ele precisava de uma lição. No começo da décima primeira volta, Júnior entrou no box, eufórico, pois tinha chances de ainda voltar em primeiro, independente de sua passada pelo box.

Parou e estranhou a demora pela colocação dos pneus, aquilo não demorava mais de quatro segundos. Olhou para o mecânico que ficava em sua frente para lhe avisar quando poderia sair. Ele continuava com a mão parada. Tirou as mãos do volante e fez um gesto, mas não foi respondido. Após quase trinta segundos, ele levantou a mão e Júnior arrancou com o carro.

Júnior: Que porra foi essa, Picoli? O que aconteceu com o carro? — gritou no rádio, enquanto voltava à pista. Não fazia ideia da posição que estava, mas certamente estaria em última, já que nenhum carro passava mais por ali.

Arthur: Você não é brilhante sozinho e não precisa de nenhum de nós? Pois então, se vire ai. Quando perceber que você pode contar com uma equipe e não tratá-la como seus subalternos, estaremos aqui.

Júnior: Filho da...

Antes que completasse seu insulto Arthur desligou o rádio que fazia contato entre eles e as pessoas do pit wall. Os homens que estavam ao seu lado o olharam espantados e Arthur respirou fundo. Um carro de Fórmula 1 era altamente tecnológico, podiam controlar o carro que estava na Austrália, diretamente da fábrica em Maranello e não era difícil diminuir dali mesmo o rendimento do carro. E foi o que fez, até Júnior rodar na grama e ter que abandonar a prova.

Júnior saiu do carro e tirou o capacete e o atirou no chão. Arthur balançou a cabeça ao ver a imagem pela tela.

Júnior: Eu vou matar você. — ele disse assim que chegou ao pit wall. Arthur deu um giro com a cadeira, ficando de frente para ele.

Arthur: Depois da corrida, está cheio de imprensa aqui. — aquilo não o convenceria, mas não se importou, voltou a cadeira para o lugar e os olhos para o computador. Quando olhou de volta, Júnior não estava mais ali.

Mark cruzou a linha de chegada em primeiro, para a total felicidade da Ferrari. Foram para a área do pódio e Arthur entrou na sala reservada aos pilotos, deu um abraço em Mark e o parabenizou pela vitória. Os três primeiros colocados subiram ao pódio e logo depois Arthur entrou, ficando ao lado da Rainha Isabel II. Ela entregou o troféu para Mark e logo depois um chefe de governo e um ministro do esporte entregaram para o segundo e terceiro colocado. Das mesmas mãos da rainha, recebeu o troféu da equipe. Agradeceu e logo a levaram dali pelo motivo do champanhe que já estava voando para todos os lados. Mark chegou até ele e jogou em sua cabeça, Arthur e ele gargalharam.

Depois das fotos, partiram para a coletiva, que durou pouco mais de trinta minutos. E então voltaram ao Box que estava em festa. Mark era querido por todos, embora não tivesse tanto talento para ser um campeão. E sempre era uma felicidade ver a Ferrari no topo do pódio.

Boninho: Estão chamando você no motor home, na sala de reunião. — retirou o troféu da equipe das mãos dele e o olhou.

Arthur já sabia do que se tratava, não esperava nada menos baixo vindo de Júnior. Assentiu e entrou no Box, saindo pelo paddock e entrando no motor home. Subiu até o terceiro andar onde estavam as salas de reuniões e Joseph, diretor de marketing estava o esperando sentado em uma cadeira para fora da sala.

Joseph: Você está com um grande problemas nas mãos. — avisou e Arthur apenas sorriu singelamente, abrindo a porta da sala e encontrando em uma mesa, Júnior já sem o macacão da Ferrari e Jean, o diretor de provas.

Arthur: Boa tarde. — sorriu e sentou na cadeira da ponta da mesa. Do seu lado esquerdo estava Júnior e do direito Gustavo. Silenciosamente Joseph fechou a porta e sentou- se ao lado de Jean. — Pode falar Júnior.

Júnior: Você é um idiota.

Arthur: E você um imbecil. — respondeu como uma criança de três anos respondendo às outras com menos idade ainda. — Eu avisei e você fez o que? Continuou sendo um idiota.

Júnior: Eu já disse que não preciso de vocês.

Arthur: Não precisa? Então por que não conseguiu vencer a prova? Hoje você só me mostrou o quanto é um bebezinho dependente. — continuava falando calmamente enquanto Júnior deu um tapa na mesa com as palmas da mão, fazendo o barulho da madeira ecoar por toda a sala.

Jean: Arthur e Júnior, por favor. Você me chamou aqui garoto para presenciar essa briga? São problemas de equipe não meus.

Júnior: Chamei você aqui porque me sabotaram! E isso não está dentro do regulamento. — levantou da cadeira e se aproximou de Jean.

Jean: Nada é justo nessa vida Júnior. Deveria já ter aprendido isso. Seja bem vindo a Formula 1, nem tudo aqui é justo. — assim como o garoto, levantou da cadeira e ficou de frente para ele, o encarando. — Arthur é seu chefe, ele decide o que faz. Se tiver algo a reclamar, reclame a ele, não a mim. Eu tenho muito mais do que fazer do que ouvir uma criança chorando no meu ouvido. Com licença. — fez um gesto com a cabeça para Arthur e Joseph, que continuava calado. E logo depois saiu da sala.

Júnior voltou a olhar para Arthur, estava vermelho de raiva e seu sangue fervia.

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Arthur: O Piloto II 🏁Onde histórias criam vida. Descubra agora