Capítulo 21 :

474 61 48
                                    


No quarto de Maria Clara, Alice contou tudo o que estava acontecendo, o porquê de estar ali, já que Carla achou melhor tirar ela de casa já que Sarah estava desesperada e isso afetava a menina. Contou da briga com Lucas dias antes. E de como isso estava a fazendo mal. Do que falou para Giulia.

Maria Clara ouvia tudo atentamente, evitando dar alguns sorrisos, pois era tão óbvio o que estava acontecendo, Alice estava com ciúmes de Lucas. Mas se falasse isso, apanharia até a morte.

Apesar dos dois anos de diferença, não existia nenhum problema quanto à amizade das duas, sempre foram amigas desde pequenas, era Alice que sempre defendia Maria Clara das meninas malvadas do jardim de infância e era Maria Clara que ouvia seus desabafos, suas dúvidas e sempre lhe dava conselhos. Estavam ali sempre juntas. Também não existia segredos, Alice sabia da loucura que Maria Clara fazia todos os dias, não aprovava, sabia que era perigoso, mas se aquilo a fazia feliz, apenas apoiava.

Alice: Então o Marcos, aquele que está lá embaixo, sabe de tudo? — disse pasma.

Maria Clara: Ele me seguiu. — revirou os olhos. — Achei que ele hoje tinha contado para o Lucas. Vim correndo para cá. — bufou irritada e Alice começou a rir. — Está rindo de que?

Alice: Se eu falar você vai brigar comigo.

Maria Clara: Por quê? — franziu a testa e viu Alice sorrir.

Alice: Desde que ele entrou no colégio ele não ficou com nenhuma garota...

Maria Clara: Está achando que ele é... Gay? — arregalou os olhos e Alice caiu na gargalhada.

Alice: Lógico que não. Estou falando que ele gosta de você. — ficou preocupada com o silêncio de Maria Clara, era para ela estar gritando e tocando-lhe almofadas.

Maria Clara: Não viaja. — franziu a testa.

Alice: Por qual razão ele te seguiria então? Ele nem te conhece. Não são amigos, não são nada um do outro.

Maria Clara: Ele é amigo do Lucas. — deu de ombros. — Pelo que eu sei na lei dos meninos é proibido ficar com a irmã do outro.

Alice: Leis estão aí para serem quebradas. — deu um sorriso para Maria Clara que lhe tacou uma almofada no rosto.

Maria Clara: Cala a boca. 

Joana veio chamar as duas meninas para jantarem e ao chegar à sala, estava lá Carla e Arthur sentados em um sofá, conversando e no outro Lucas e Marcos. Giulia tinha ido embora algum tempo atrás. Alice deu um sorriso significativo para Maria Clara que fez um bico e cruzou os braços.

Arthur: Princesa! — levantou do sofá ao ver a filha chegando na sala. Maria Clara sorriu envergonhada e foi até o pai, o abraçando e recebendo um beijo na testa.

Maria Clara: Oi pai. — sorriu, soltando o pescoço do pai. Ao virar para frente viu Marcos a olhando, aquilo a incomodou.

Arthur: Alice. — foi de encontro à afilhada que também o abraçou. — Está cada dia mais linda.

Alice: Você também, tio. — riu, soltando os braços do pescoço de Arthur.

Carla chamou todos para irem à sala de jantar e então a refeição foi servida, enquanto todos conversavam. Arthur conversava com Marcos, que lhe contava sobre os cursos que fazia e seus projetos para o futuro. As palavras do garoto atingiram todos ali, um garoto dava tanto valor à sua vida, aos estudos, as oportunidades que lhe eram dadas e tantas pessoas jogavam tudo para o alto, apenas por seu comodismo.

Maria Clara já tinha esquecido o quanto irritante Marcos podia ser, estava envolvida na história que ele contava, sobre seu dia a dia, ainda que quando começou a falar da onde mora, sentiu um frio na barriga. Passageiro. Sabia que Marcos não seria tão mal de contar para sua família.

Carla e Arthur estavam encantados pelo garoto, era de uma companhia assim que Lucas necessitava, uma pessoa com os pés sob o chão, longe de maus pensamentos.

Após a sobremesa, Maria Clara e Maria Alice foram andar pelo jardim, já que Lucas e Marcos ainda conversavam com Carla e Arthur. A noite estava quente e era agradável ficar ali fora. E a lua... Estava linda. Redonda e branca no alto do céu.

Alice: Olha quem está vindo... — disse olhando para trás rapidamente.

Maria Clara olhou e viu Marcos se despedindo de Lucas na varanda.  Virou de frente novamente e levou um cutucão de Alice.

Alice: Eu preciso de água, já volto. — antes de Maria Clara protestar, Alice já estava longe. Pensou em correr atrás dela, mas já era tarde demais, Marcos já estava perto.

Marcos: Bom, até mais. — ele acenou para ela que ficou parada. Ao ver ele já saindo pelo portão da casa, correu atrás dele, pedindo para o segurança abrir o portão.

Maria Clara: Marcos! — disse alto o nome dele que olhou para trás surpreso. Ao vê-la, caminhou em sua direção. — Então... — disse a primeira coisa que veio em sua mente. Ele sorriu. — Eu queria agradecer. — as palavras saiam com dificuldade, talvez o orgulho fosse um pouquinho maior.

Marcos: Por?

Maria Clara: Por não ter contato nada. Levei um susto naquela hora, mas sei que não faria isso.

Marcos: Não duvide de mim. — ele brincou com ela que riu.

Maria Clara: Você é bom. Não faria isso. — ela deu um sorriso doce e Marcos a olhou sorridente. — Eu só não entendo porque você faz isso.

Marcos: Talvez porque eu sempre quis ter uma irmã.

Uma irmã? Não sabia por que, mas não era aquilo que queria ouvir e isso a deixou irritada.

Maria Clara: Bom, eu tenho que entrar. — O sorriso doce se transformou em um rosto pesado e sério.

Marcos: E eu que ir. — deu de ombros e ela lhe deu as costas, caminhando novamente para dentro de sua casa. — Maria Clara? — a chamou que virou rapidamente. — Eu não vou sair do seu pé. — ela virou novamente e por fim entrou, impossibilitando Marcos de ver o sorriso que deu.

Comentem

Arthur: O Piloto II 🏁Onde histórias criam vida. Descubra agora