Capítulo 71 :

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Alice: Você não percebe o que está acontecendo com nós dois? A gente se gosta e se você terminar com ela podemos ficar juntos. Eu quero isso... Você também quer.

Lucas: Você não sabe de nada Alice. Eu não vou terminar com ela, eu não quero ficar com você. — ele levantou da cama e passou a andar pelo quarto, enquanto Alice o fitava descrente.

Alice: Você... Você não pode fazer isso comigo. Não é justo. — ela gritou.

Lucas: E foi justo o que você fez comigo? Me desprezou a vida toda, me fez ver você e o Victor juntos e aplaudir como se fossem o casal mais lindo da face da Terra, me fez de gato e sapato e agora do nada fala que gosta de mim e acha que é por isso que eu vou pedir você em namoro e seremos felizes? Acorda, as coisas não são assim.

Alice: Para com essa vingança idiota! — levantou da cama e foi até ele. — Para de me tratar mal. O que eu tenho que fazer para você acreditar que é verdadeiro? Eu teria que dormir com você? É isso? — sua raiva aumentava cada vez mais e as lágrimas já escapavam de seus olhos.

Lucas: Cala a boca! Não repita isso nunca mais.

Alice: Eu achava que você era diferente, Lucas. Achava que era bom. Mas vejo que não é. É igualzinho aos outros meninos, estão com uma, mas querem todas.

Lucas: É isso ai. E você saiba que não é igual a nenhuma outra garota... É muito pior! — os gritos de ambos já ecoavam pela casa e Maria Clara que já estava preocupada no corredor, decidiu abrir a porta antes que eles brigassem ainda mais. — Falsa!

Alice: Pois bem... Acabou. Acabou seu idiota e não me venha falar que foi por eu não gostar de você. Foi você que acabou com tudo. Imbecil! — olhou para o lado e viu Maria Clara parada na porta do quarto.

O quarto ficou em silêncio e ela o empurrou, caminhando em direção de Maria Clara. Assim que saiu do quarto, ela caiu no choro. Entrou no quarto da amiga e se jogou na cama dela, com o rosto no travesseiro. Logo sentiu as mãos de Maria Clara acariciar seu cabelo. Ficaram em silêncio por longos minutos, onde apenas os soluços de Alice eram ouvidos.

Maria Clara: Vai dar tudo certo. — disse assim que viu Alice mais calma. Ela não falou nada. — Vocês dois estão errados. Os dois tem que deixar o orgulho de lado.

Alice: Eu não sei mais o que fazer para ele entender, Clara. Tudo que eu faço não é o bastante, eu estou cansada. Ele só me trata mal.

Maria Clara: Ele gosta de você Alice, mas tem medo que você o faça sofrer de novo. Pensa em como ele ficaria se ele decide ficar com você que acaba escolhendo por fim o Victor?

Alice: Eu não vou escolher o Victor. — com a voz baixa ela disse, passando a mão pelos olhos úmidos. — Eu nunca me interessei pelo Victor, não sinto nada. Ele é só meu amigo. — disse ainda chorando. — Eu gosto de verdade daquele idiota do seu irmão, e dele de quem eu gosto.

Maria Clara: Se gosta, seja paciente e demonstre isso. O Lucas só parece ser frio, mas ele é louco por você, Alice. Não desista dele, por favor. Eu sei que vocês podem dar certo. — carinhosamente ela abraçou a amiga, que voltou a chorar novamente.

Do outro lado da porta fechada, Lucas estava parado ouvindo a conversa das duas. Dessa vez quem estava errado ali era ele. Tanto com Victor, quanto com Alice. Ela estava sendo verdadeira.

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Pela manhã, Lucas acordou para ir à escola. Sua mãe estava o chamando, dizendo que já estava atrasado. Se arrumou e quando desceu, encontrou Maria Clara de cara feia para ele. Sabia que isso aconteceria. Ela não disse nada, nem na mesa do café da manhã, nem no caminho para a aula. Chegaram à escola e ela logo desceu do carro se despedindo de Carla.

Carla: Lucas? — chamou o filho que já ia abrir a porta do carro. Ele a olhou. — Aconteceu alguma coisa com você e a Alice ontem? — perguntou e olhou para o filho que ficou sem ação, parecia pensar em alguma desculpa. — Você pode se abrir comigo, meu amor. Sou sua mãe, quero o seu bem.

Lucas: Não aconteceu nada mãe.

Carla: Ela foi embora ontem com uma carinha tão triste. Sarah também percebeu. Sabe filho, eu amo você mais do que tudo e amo a Alice também. Não quero ver nenhum dos dois sofrer. Por isso, quero que saiba que pode contar comigo para tudo. Eu estarei ao seu lado.

Lucas: Obrigado mãe. — falou e então pegou sua mochila. — Tenho que ir. Tchau mãe. — abriu a porta do carro e então desceu.

Carla balançou a cabeça, sabia que algo estava errado, sua intuição materna gritava isso.

Dentro da escola, ele não encontrou mais ninguém. O sinal tinha batido e todos subiam as escadas. Em sua sala, o professor ainda não tinha chego e imediatamente viu Victor no fundo da sala e não foi surpresa alguma ver Alice ao seu lado. Várias coisas passaram por sua cabeça naquele momento, mas a voz de Alice falando que não queria Victor e sim ele, se fixou.

E com isso, decidiu que era hora de acabar com aquela palhaçada. Fazia anos que gostava de Alice e quando tinha uma chance, desperdiçava apenas por orgulho. Se tivesse que sofrer por ela novamente, que pelo menos tivesse tentado.

Lucas: Posso falar com você? — em pé ao lado da mesa de Victor ele disse.

O garoto só não pareceu mais surpreso do que Alice, que arregalou os olhos. Ainda assim levantou da cadeira e ficou de frente para Lucas.

Victor: Claro que sim.

Lucas: Eu queria pedir desculpas por ontem, eu não estava em um bom dia e acabei sendo estupido. Eu sinto muito pela separação dos seus pais e gostaria que soubesse que pode contar comigo.

Victor: Eu entendo. Está tudo bem, Lucas. E obrigado. — surpreso, ele disse.

Lucas sorriu e recebeu o abraço do amigo. Por cima do ombro dele pode ver Alice surpresa, não menos que Giulia e Marcos que encaravam os dois.

Victor: Voltaremos a ser amigos, não é?

Lucas: Claro... Mas com uma condição.

Victor: E qual seria? — olhou para o amigo que se virou para Giulia e Marcos, os chamando com um gesto de mão. Seu sorriso se fechou ao ver Marcos chegando na sua direção.

Lucas: Meus amigos. — disse e olhou para Victor que engolindo o orgulho foi até Marcos e Giulia.

Ao ver os três conversando, Lucas olhou para Alice, ela também olhava para ele, mas diferente de todos os outros dias, já não sorria.

Lucas: Me desculpa. — murmurou perto do rosto dela. Nem ele nem Alice falaram mais alguma coisa. Nem seria mais preciso. E novamente o sorriso dela apareceu em seu rosto.

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Arthur: O Piloto II 🏁Onde histórias criam vida. Descubra agora