Arthur: O Piloto II 🏁

Capítulo 168 :

Thaís: Eu pensei muito na minha vida e vi que estava errada durante todo esse tempo.

Rafael: As vezes nos nós enganamos no meio do caminho, faz parte da vida. — deu de ombros e os dois se olharam. Thaís assentiu e respirou fundo. — E o que pensou da sua vida?

Thaís: Você foi meu primeiro amor, meu primeiro homem, meu primeiro em tudo, Rafa. Sempre achei que tudo o que eu sonhei estava resumido em você e em tudo que eu sonhava. Eu consegui todas as coisas que eu sonhava, com muito custo e boa parte disso devo a você. Só que eu me perdi no meio da minha própria vida e vi que haviam várias coisas erradas dentro de mim, que eu nunca iria saber se continuasse achando que você era sempre o que eu quis na minha vida.

A conversa estava mudando de tom e Rafael percebeu isso. Seu semblante ficou sério e ele passou a prestar atenção no que Thaís dizia.

Thaís: Eu acho que eu nunca sonhei em ser esposa de ninguém, nunca quis ter filhos com ninguém, nem ter uma casa linda e arrumada ao lado de um marido que me ama e faz de tudo por mim. Esse é o seu sonho, Rafa. — ela tentava ser fofa e calma, mas as palavras saiam e ela não sabiam que efeito iriam causar em Rafael.

Rafael: Vai dizer que eu te obriguei a querer tudo isso?

Thaís: Não, mas me cobrava por isso. Eu não lido bem com cobranças e foi aí que as coisas começaram a desandar. Nunca precisei de nenhum outro homem para que eu entendesse que o que você queria, nunca foram os meus planos.

Rafael: E quais são seus planos, Thaís? Correr até quando se acidentar, fique doente e não tenha nem um filho para cuidar de você?

Thaís: Não Rafael. Eu quero alguém que esteja comigo em qualquer momento, que me desafie e não aceite minhas provocações. Que não ache que sou mal educada e sim faça as palhaçadas junto comigo. Quero alguém que eu não precise de rótulos como ele é meu esposo, para saber que está comigo e me ama. Quero ser surpreendida pelo meu destino e se ele me surpreender com um filho desse homem, vai ser assim. Eu não quero a minha vida cronometrada, porque isso, eu já tenho meu trabalho.

Rafael: Está descrevendo aquele imbecil do Júnior. — ele largou o notebook de lado e Thaís olhou para ele com mais atenção.

Thaís: Eu descobri o que eu quero da minha vida, ao lado dele, Rafa. Fiquei presa nesse conto de fadas que eu nunca quis fazer parte. Era lindo enquanto eu era uma adolescente, mas depois eu mudei Rafa. O Júnior é quem eu quero na minha vida, não um sonho adolescente. — ela abriu a mão e em sua palma, estava o anel de noivado.

Rafael estava parado, atônito. Ficaram em silêncio por um bom tempo e apenas saíram do transe, porque Rafael deu um tapa no próprio notebook, que voou longe e se espatifou no chão. Ao ver aquilo Thaís levantou rápido e se afastou, mas ele foi atrás dela e a segurou pelos braços.

Thaís: Nós não temos que brigar, Rafa. Vamos terminar em paz, respeitando todos esses anos que estivemos juntos.

Rafael: Você acha que vai sair por cima disso? Que me fez de trouxa e corno todos esses anos e vai ir lindamente atrás de quem você quer? Eu fui muito piedoso esse tempo contigo, te respeitei ao máximo nos seus ataques e frescuras, porque achava que era fase, era coisa de garotinha mimada que quer ser rebelde. Tive a maior paciência do mundo quando achava que era pior do que todos e não aguentava mais sua falta de ego. E mesmo assim, estive lá.

Ao ouvir os gritos dele, Thaís se chocou. Então era aquilo que ele pensava dela?

Rafael: Sabe porque te perdoei mesmo sabendo que você me traia com o Júnior? Porque eu também não aguentava mais esse namoro, não aguentava mais sua apatia, suas esquisitices. Eu também fiz a mesma coisa que você, mas não fui burro o bastante de me apaixonar por nenhuma delas. Você é burra, Thaís. — ele a chacoalhava e ela estava chocada. Aquele não era o Rafael que conheceu.