Capítulo 118 :

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Na terça-feira, dia que estava marcado o embarque de Carla para São Paulo, junto de Sarah e Alice, para o desfile, Arthur não foi trabalhar e nem Maria Clara e Lucas foram para a escola.

Lucas andava para lá e pra cá com um bico na cara, demonstrando todo seu descontentamento por ter que concordar com a viagem de Alice, bem no dia de sua última corrida que poderia dar a ele a conquista no campeonato e a vaga na Fórmula 3.

Arthur: Filho não adianta ficar com essa cara, ela também está seguindo a carreira dela. Ceder as vezes é bom e não é toda vez que ela vai estar contigo e nem você com ela.

Lucas: Precisava ser bem no dia da minha corrida? — cruzou os braços emburrado e logo a campainha tocou.

Era Sarah e Alice que vieram buscar Carla para irem ao aeroporto. Alice chegou perto de Lucas com um sorriso e Arthur se afastou, deixando os dois conversarem.

Alice: Você ainda está muito bravo comigo, bebê? — fez um biquinho e abraçou ele.

Lucas: Só um pouquinho. — fez uma cara de bravo e Alice riu e deu um selinho nele.

Alice: Eu vou estar torcendo por você mesmo longe e gostaria que você também torcesse por mim.

Lucas: Vou torcer só se você não ficar se exibindo quase pelada em cima da passarela.

Alice: Vou desfilar de vestido Lucas. — revirou os olhos.

Lucas: Em que comprimento?

Alice: Longo.

Lucas: Então estarei torcendo por você, pequena. — beliscou o nariz dela e a beijou. — Eu te amo.

Alice: Eu amo muito mais. — ele a puxou novamente e se beijaram. Carla e Sarah entraram na sala e saíram novamente soltando "owns" para o vento.

Arthur: E você mocinha, vai mesmo produzir o desfile né? Nada de desfilar? — perguntou antes de Carla entrar no carro de Sarah.

Carla: Acorda Arthur e aceita que eu já estou velha para isso. — revirou os olhos e pulou em cima dele, o abraçando. — Você se cuida e cuida dos seus filhos. Eu volto em breve, eu te amo bebê. — segurou o rosto dele e o beijou.

Arthur: Eu amo você. — e então ela entrou no carro que logo já saia do jardim para a rua.

Arthur ficou jogando vídeo game com Lucas e Maria Clara boa parte da tarde, até Boninho lhe ligar e ele ter que ir para o escritório resolver alguns problemas. Lucas continuou com Maria Clara na sala, até que a campainha tocou e era Marcos. Ela saiu correndo e pulou em cima do namorado, lhe deu um beijo e ele apenas deu um sorriso estranho. Ela franziu a testa e viu ele falando com Lucas, meio seco também. Subiram para o quarto dela enquanto Lucas ainda jogava vídeo game.

Maria Clara: Amor aconteceu alguma coisa? — perguntou toda carinhosa e ele assentiu. Os dois se sentaram na cama e ela o abraçou. — Você pode me contar?

Marcos: Eu vou ser direto Maria Clara, bem direto. Espero que você entenda que eu não tenho outra escolha a tomar.

Maria Clara: Está me assustando.

Marcos: O médico para que minha mãe trabalha vai abrir uma clínica nos Estados Unidos e pediu para que minha mãe o acompanhe e ela não pode dizer não, é uma chance incrível para todos nós. Você sabe, ela não ganha nada bem e lá ela vai poder ter um futuro melhor, não vai ser mais recepcionista. Ela vai aceitar e todos nós vamos nos mudar para lá. — ele disse rápido e ela ficou parada por alguns minutos.

Maria Clara: Mas Marcos... E nós dois? — ela fez um bico, começando a chorar. Ele acariciou o cabelo dela.

Marcos: Eu sinto muito Maria Clara, eu tenho que ir com ela. Uma chance como essa nós nunca mais teremos.

Maria Clara: Não Marcos, não pode. Você pode sim ter um futuro bom aqui, você pode ficar, eu te ajudo. Você não quer ficar? — ela dizia toda magoada e ele balançou a cabeça.

Marcos: Eu gostaria Clara, mas não vai dar. É a minha família.

Maria Clara: Ok, é a sua família. — ela deu de ombros. — Você pode ver elas nas férias e datas comemorativas. Mas você tem que ficar, Marcos. Por favor, não pode fazer isso com nós dois, o nosso namoro. Você prometeu que a gente ficaria junto para sempre. — ela segurou o rosto dele e ele assentiu.

Marcos: Eu tenho dois caminhos para seguir, um é você o outro é a minha família e eu estou escolhendo a minha família. Sei que isso automaticamente vai me fazer perder você, mas é uma consequência. Você é rica Maria Clara, pode escolher o que quiser, ter tudo o que quiser a hora que desejar, mas eu não. Essa é a chance da minha família e eu tenho que ajudar. Eu quis vir te avisar um pouco antes para que você não sofra tanto...

Maria Clara: Você está me deixando... — ela disse baixinho, engolindo o choro. — Você vai embora e me fala isso como se fosse a coisa mais normal do mundo. Você vira meu mundo de ponta cabeça para ir embora? Por que fez isso comigo? — gritou, levantou da cama e olhou para ele.

Marcos: Maria Clara eu não posso abandonar a minha família por um namoro. Você também não faria isso.

Maria Clara: Eu daria um jeito, caramba! Mas você está indo embora e me deixando aqui. Você podia ficar, a gente arrumava um lugar para você ficar, eu te ajudaria!

Marcos: Olha para nós dois, somos jovens demais para assumir uma coisa séria, Clara. Eu amo você, mas não posso.

Maria Clara: Se amasse, daria um jeito.

Marcos: Eu não posso fazer nada, já está decidido.

Maria Clara: Então saia da minha casa e não volte. Vá para o inferno com a sua família. — gritou apontando a porta do quarto.

Ele levantou e olhou para ela mais uma vez. Não havia nada mais o que fazer, a decisão já estava tomada. Ele não ficaria ali por causa dela, sendo que sua mãe e sua irmã precisavam dele com elas. Maria Clara tinha tudo em suas mãos, uma família boa e uma casa maravilhosa, não precisava de mais nada. Saiu do quarto e encontrou Lucas na escada, meio assustado com os gritos da irmã.

Lucas: O que você fez para ela?

Marcos: Eu vou ter que me mudar para os Estados Unidos, terminei o namoro e ela não aceita. Mas Lucas, é a minha família, não posso abandoná-las

Marcos mal acabou de falar e Lucas deixou ele sozinho, correndo pelos degraus para chegar logo no quarto da irmã. Sem mais nada para fazer ali, ele saiu da casa de cabeça baixa.

Lucas: Não chora pequena... Eu sei que está doendo, mas vai passar. Ele foi seu primeiro namorado de outros que virão. — ele acariciava os cabelos da irmã que chorava baixinho, deitada nas pernas dele.

Maria Clara: Eu queria que ele me escolhesse Lucas. Sei que seria egoísmo, mas ele podia dar um jeito, não podia?

Lucas: Eu não sei Clara, você sabe que é injusto tirar algo de bom que pode acontecer com ele para ficar aqui, na mesma. Para nós, é tudo normal, porque temos casas espalhadas pelo mundo, uma geladeira cheia de comida, carros legais e um jatinho a nossa disposição, para nós ficar ou não em algum lugar, seria normal. Mas para ele não Maria Clara, ele não tem nada que não seja a família dele. É injusto tirar isso dele.

Maria Clara: Ele me decepcionou...

Lucas: Então sorria, é a sua primeira decepção amorosa. Várias outras vão vir. Você vai chorar muito. Mas também vai ter belas lembranças das coisas boas. Às vezes, o que vem fácil, vai mais fácil ainda, aceite a vida como ela é. Mas algo de muito bom nos espera em alguma esquina, pode apostar.

Maria Clara: Eu amo você, irmão. — ela o abraçou e começou a chorar novamente.

Lucas continuou ali com ela, era um momento difícil e ele sabia disso, por isso daria todo o apoio possível para sua baixinha. 

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Arthur: O Piloto II 🏁Onde histórias criam vida. Descubra agora