Capítulo 96 :

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Ao chegar ao autódromo Thaís não conseguia nem ao menos olhar para alguém que passava por ela, pela vergonha que estava sentindo dela mesma. Não podia acreditar no que tinha feito. Nunca tinha sido tão imatura e desleal consigo mesma e com Rafael. Ele não merecia isso.

Chegou ao Box e todos a olhavam, assim que passou pelo meio de todos em silêncio. Ela nunca fazia isso, era sempre falante e simpática, chegava fazendo festa, ainda mais em dias como esses, em que os resultados estavam ótimos. Pelo contrário, abaixou a cabeça e subiu direito para a sala de reuniões, onde chegou atrasada para a reunião de praxe antes do treino. Era ali que combinavam tudo o que seria feito pelo carro e pelos pilotos.

Ao entrar na sala, pediu desculpas pelo atraso e sentou-se em seu lugar. Will a olhou com uma cara feia, mas foi ignorado. Meia hora depois, acabou e Thaís levantou, sendo puxada por Will para fora.

Will: Eu não fazia ideia de onde você se enfiou garota. Quase me matou de susto. Onde passou a noite? — os dois desciam a escada que dava direito no box da equipe. Antes entraram em um quarto, onde estava o macacão de Thaís.

Thaís: No quarto do Júnior. — falou baixo, enquanto tirava sua roupa e ia pegar a outra.

Will colocou a mão na boca, surpreso. Queria rir, mas pela cara de Thaís, sabia que a situação estava complicada.

Thaís: Eu nunca bebi tanto em minha vida, Will. Estou arrependida pelo que fiz.

Will: Não se arrependa de nada Thaís, o Rafael sumiu há mais de duas semanas, ignora suas ligações e não vem te ver. Isso é compreensível Thaís...

Thaís: Eu traí o meu namorado, Will. Para mim isso é errado, mesmo sabendo que você está certo. Ele merecia isso. Mas eu não consigo me perdoar, entende? — fechou o zíper do macacão e pegou o capacete com as mãos. Saíram da sala  continuaram caminhando.

Will: Mas pelo menos foi bom? — quando já estavam em silêncio, ele retomou o assunto, fazendo com que ela desse um sorriso.

Thaís: Eu não me lembro de nada... Mas sinto uns arrepios absurdos de tocar neste assunto. — os dois começaram a rir e entraram no Box.

Will olhou para frente e começou a rir ainda mais e deu um cutucão nela, que olhou e perdeu o sorriso na hora. Júnior estava encostado na parede do box, vendo o movimento dos mecânicos que arrumavam o carro. Olhou para Thaís e abriu um sorriso enorme, que fez ela ter que se segurar em Will, tamanho o nervosismo. Estava agindo como uma adolescente idiota, mas ela era assim, não tinha o que fazer. Queria sair correndo dali do que enfrentar Erivelto. Este que acabava de se deslocar de sua parede, para a frente dos dois.

Júnior: Boa tarde. — ele abriu novamente um sorriso e Will acenou para ele, enquanto Thaís ainda era uma estátua.

Will: Tenho que resolver algumas coisinhas... Daqui meia hora quero você dentro do carro, aproveite para comer algo, ok? — piscou para ela e assentiu e logo saiu de perto deles.

Thaís olhou para os lados, buscando algum tipo de fuga, mas não encontrou. Colocou o capacete na cadeira e voltou a olhar para Júnior, que a olhava de um modo diferente, parecia zombar do nervosismo dela com o olhar.

Júnior: Você sumiu do quarto...

Thaís: Eu tive que vir para cá, estava atrasada... — ela respirou fundo. — E olha, sobre aquilo... Esquece que aconteceu, por favor. Eu já esqueci. Foi um deslize e isso não vai se repetir nunca mais. Então peço que vá embora, pois eu tenho que me concentrar, tudo bem?

Arthur: O Piloto II 🏁Onde histórias criam vida. Descubra agora