Capítulo 5 :

698 78 53
                                    


Ao ouvir a explicação de Carla sobre o que estava acontecendo com Arthur, Sarah teve um ataque de risos escandalosamente vergonhoso, fazendo Carla quase enfiar agulhas debaixo daquelas unhas perfeitas dela.

Era realmente cômico como Carla tratava Arthur. Não que ela fosse de um modo diferente com Luan, mas nunca proibiu ele de fazer algo que gosta e era isso que Carla estava fazendo, querendo Arthur apenas para ela. Mas também entendia claramente a amiga, seria difícil para ela retornar aquele circo da Fórmula 1. Como também podia entender Arthur e ver o quanto Carla estava sendo ridiculamente mesquinha. 

Carla: Até você Sarah? — respondeu decepcionada com a amiga que ao invés de apoiá-la com o sangue, estava defendendo Arthur.

Sarah: Você sabe que eu sempre estou com você, mas fazer isso com ele é egoísmo Carla. Vocês e as corridas são tudo o que Arthur mais ama. Devia tentar entender isso... — se viu falando com o vento assim que a porta se fechou em um estrondo e Carla não estava mais na sala.

Será possível que nem Sarah a entendesse? Era tão difícil compreender que não podia viver longe de Arthur, mas também que não aceitaria toda aquela loucura de novo. Já tinha passado por esse inferno uma vez, não lhe agradava a ideia de passar novamente.

Entrou em sua sala ignorando sua secretária que gentilmente tentou lhe passar algum recado, mas não conseguiu. Bateu a porta e sentou em sua cadeira, apoiando a cabeça em suas mãos. Deus, aquilo acontecia com ela? Estava tudo indo tão bem.

Xxx: Dona Carla... — Mary abriu a porta com os olhos arregalados. Carla respirou fundo e levantou a cabeça, olhando para a secretária que estava visivelmente preocupada. — Está tudo bem?

Carla: Claro Mary... — deu um sorriso amarelo e olhou para a tela do computador, tentando desviar a atenção da garota.

Mary: Tenho um recado de sua cunhada. — disse enquanto se aproximava da mesa com os olhos na agenda em que carregava. Carla desviou os olhos do computador e olhou para a menina à sua frente.

Carla: Thaís? — balançou a cabeça sentindo- se uma idiota. Só tinha uma cunhada! Era óbvio que era Thaís. — O que ela queria?

Mary: Ela disse " Carlinha, voltei dos Estados Unidos e estou te intimando a ir almoçar comigo naquele restaurante perto do meu apartamento. Se você não for se prepare para uma morte bem lenta." É, foi isso que ela disse. — falou enquanto lia a mensagem de Thaís anotada em sua agenda. Carla sorriu, aquilo era a cara de Thaís. Intimar pessoas.

Carla: Ligue para ela e confirme que eu vou. — olhou para Mary que assentiu com a cabeça. — Pode ir Mary. — e então a garota loira dos olhos azuis saiu da sala, atrapalhada como sempre.

Carla conferiu o horário em seu relógio e viu que faltava pouco mais de vinte minutos para seu horário de almoço, teria algum tempo ainda para ficar sozinha. Por um momento esqueceu de seus problemas com Arthur e se colocou a pensar em Thaís, fazia mais de dois meses que não a via, por conta da temporada da Fórmula Indy em que participava e quando não estava lá, estava com Rafael que durante as viagens dela, ficava trabalhando no Brasil e quando ela vinha, era justo passar a maior parte do tempo com ele.

Isso quando Beatriz não se colocava no papel de mãe coruja e obrigava a menina a passar um bom tempo com ela. Enfim, Thaís era bem concorrida quando chegava ao Rio de Janeiro. E era melhor se apressar para chegar ao restaurante antes que perdesse a vaga com sua cunhada.

Thaís: Carlinha! — gritou Thaís assim que Carla se aproximou da mesa, atraindo a atenção das pessoas que estavam nas mesas vizinhas. Carla corou e teve vontade de bater em Thaís, que literalmente se jogou em cima dela no meio de um restaurante. — Que saudades! — gritou mais uma vez.

Carla: Você pode se controlar, por Deus? — pediu baixo para ela que riu.

Thaís: Não me repreenda, eu sei que você me ama. — soltou de Carla e foi sentar em sua cadeira.

Carla revirou os olhos e também se sentou, parando para olhar Thaís. Aquela criança que conheceu, agora virou uma mulher já com vinte e sete anos, linda e realizada. Mas ainda com a mesma alma de criança e loucura de sempre. Ah claro, seus escândalos nunca deixaram de fazer parte de sua vida.

Carla: É lógico que eu te amo, cunhadinha. Mas então, chegou quando? — olhou para ela que olhava o cardápio.

Thaís: Ontem de manhã. — suspirou.

Carla: E por que não me avisou?

Thaís: Porque meu querido Rafael, me levou para a casa dele e me prendeu lá até hoje de manhã. — olhou para Carla que caiu na gargalhada.

Carla: Imagino, tirar o atraso. — disse maliciosa.

Thaís: Antes fosse. — rolou os olhos e Carla que ainda ria parou, Thaís estava séria demais dessa vez.

Carla: O que aconteceu?

Thaís: Fui pedida em casamento. — disse como se fosse a coisa mais tediosa que pudesse ter falado.

Carla pulou da cadeira e se não estivesse dentro de um restaurante, sairia gritando.

Carla: O que? — disse histérica. — Ele te pediu em casamento? — repetiu ainda pasma. — Thaís! Ai meu Deus! Precisamos começar a organizar as coisas, a festa de noivado, seu vestido, o local, a cerimônia, a decoração! Você já escolheu as alianças? — empolgou-se.

Thaís: Carla! Eu não sei...

Carla: O bolo! Ah meu Deus! Eu estou tão feliz! Meu bebê vai casar! Oh meu Deus.

Thaís: Carla! — elevou a voz, a fazendo parar de falar. — Eu não sei se quero me casar.

Carla: O que? — gritou, novamente atraindo a atenção das pessoas. E dessa vez não se importou. — Como não sabe? Você está louca?

Thaís: Carlinha, eu não sei! Está tudo ótimo assim, desse jeito. Para que mudar?

Carla: Mas vocês estão juntos há anos, Thaís. É óbvio que tem que se casar. — tentou justificar, não entendendo dessa vez está atitude dela.

Thaís: Eu estou no auge da minha carreira, Carla. Não sei se quero parar tudo e começar a construir minha família e outra, não sei se é o tempo certo...

Carla: Thaís, eu com sua idade já tinha dois filhos para cuidar. Por Deus... Você já está até passando da idade. — revirou os olhos e ignorou a cara de brava que ela lhe fez. — Sobre sua carreira... Thaís acorda! É o Rafael!

Thaís: Acorda você Carla, são as corridas, meu emprego. Meu sonho. — Passou a mão por seus cabelos loiros e longos e voltou a olhar para Carla, que a mirava descrente.

Carla: Tudo bem, posso até entender isso. Mas, Thaís, você não pode deixar essa oportunidade passar. Você o enrola desde sei lá quando. E mais, não é porque você vai casar que está sendo obrigada a ter um filho. — o argumento de Carla não pareceu fazer o mínimo efeito, já que ela ainda parecia indiferente ao assunto.

Thaís: E tem mais.

Carla: Mais? — ironizou.

Thaís: Eu já não sei se quero me casar com ele. Estou confusa Carlinha. — colocou as mãos no rosto e Carla soltou o cardápio em cima da mesa.

O quê? Algo de muito errado estava começando a acontecer. Primeiro ela e Arthur. Agora Thaís com essa de não querer mais casar com Rafael. As coisas estavam começando a ficar confusas.

Comentem

Arthur: O Piloto II 🏁Onde histórias criam vida. Descubra agora