Capítulo 40 :

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O quarto estava em silêncio. Anne sentada na cama apenas segurava a dor enquanto Carla cuidava sem nenhum carinho de seu braço e seu rosto arranhados, os ferimentos estavam com um pouco de sangue. Carla segurava a vontade de gritar tudo o que estava entalado em sua garganta, mas não arranjaria mais brigas. Já bastava por hoje.

Anne: Eu nunca planejei ficar com ele...

Sarah: Eu não quero saber de nada. — finalizou o curativo de Anne e levantou do lado dela, indo até o banheiro e jogando tudo no lixo. Voltou ao quarto e ela estava de pé, se encarando no espelho.

Anne: Mas eu quero te explicar.

Carla: Você não tem nada que me explicar. Tem que se explicar com minha mãe e Boninho, que não te criaram para roubar o marido dos outros, tem que se explicar com a filha do Luan e Sarah que presenciou toda a briga, ela é uma menina, Anne. Imagine o que se passa na cabeça dessa menina, a mãe não a quer por perto e o pai mal se separa e já aparece com outra. Tem que se explicar para você própria. Acha justo acabar com um casamento de tantos anos por um romance idiota e que todos sabem que não vai para frente?

Anne: Eles já estão separados.

Carla: Nada se acaba enquanto há amor. — aproximou- se da irmã e olhou para o reflexo das duas no espelho. — Sarah é minha melhor amiga, é minha irmã, ela é minha vida, Anne. Não permitirei que nada a faça sofrer. E não me importa se você é ou não minha irmã, sempre estarei do lado de Sarah.

Anne: Ela é uma vadia! — gritou e Carla cerrou os punhos. Faltava muito pouco para perder de vez toda a sua paciência com Anne.

Carla: Você é uma vadia. — disse sem resquício algum de medo e Anne olhou para ela, começando a ficar vermelha.

Anne: E você uma mimada idiota.

Carla: Tenha argumentos para me xingar de algo verdadeiro, Anne.

Anne: Eu não gosto de você.

Carla: Tampouco eu gosto de você. Achei que já soubesse. Você não é minha irmã. Você não é nada para mim. Tenho duas irmãs, Bianca e Lara. Você não é nada.

Anne: Sua... — virou de frente para Carla, estava com a mão erguida e se Carla não a segurasse, acertaria seu rosto.

Carla: Se me bater esquecerei todo o pouco de respeito e pena que tenho por você e revidarei.

Anne: Você acha que é perfeita não? Que tem marido perfeito, filhos perfeitos, trabalho perfeito, vida perfeita. Não se esqueça Carla, que tudo um dia desmorona. E eu quero estar rindo quando isto acontecer. — ela sorriu gloriosamente e Carla ficou em silêncio.

Carla: Saia da minha casa e não ouse voltar nunca mais aqui. — fez questão de pegar Anne pelo braço ferido dela e a puxou para fora do quarto. Ela se debatia, mas era magra demais para se soltar.

Carla não soube como desceu a escada sem cair, ou sem jogar Anne de lá de cima. A sala estava vazia e ao abrir a porta de entrada, viu que algumas pessoas ainda estavam no jardim, se despedindo de Arthur. Deu um sorriso enorme e olhou para Anne que ainda se debatia, desceu a escadinha da varanda e empurrou Anne para frente, ela cambaleou e por pouco não caiu no chão.

Carla: Saia daqui. Você não é mais nada minha. Suma daqui. Fora daqui sua vadia! — gritou com ela que ficou paralisada. Talvez pelas palavras, talvez pela vergonhas das pessoas que a olhavam.

Mara olhava a cena pálida e Boninho decidiu interromper as duas, antes que acontecesse algo a mais.

Carla: Sai daqui! Vai embora.

Boninho: Carla! — gritou com ela que o olhou. Boninho nunca tinha sido tão estúpido com ela, a puxou pelo braço de perto de Anne. — O que está acontecendo?

Carla: Pergunta para essa vadia o que está acontecendo. — murmurou olhando para Anne que lutava contra o choro. Seu braço latejava de dor. Carla sentiu uma mão em seu ombro e ao virar viu Arthur.

Arthur: Chega de brigas Carla.

Boninho: Eu não admito que xingue minha filha Carla.

Carla: Você admite que essa vadia esteja com o Luan? Mesmo ele sendo casado com a minha amiga ainda? Você admite que ela seja uma vagabunda? — Boninho e Arthur ficaram mudos e olharam para Carla assustados. Ela cruzou os braços e sorriu.

Mara se aproximou em silêncio, se pondo ao meio de Carla e de Boninho com Anne.

Boninho: Isso é verdade Anne? — olhou para a filha que não disse nada, apenas cobriu o rosto com as mãos e começou a chorar.

Carla: Eu não quero mais ela dentro da minha casa. Nunca mais. E se não gostarem disso, sinto muito. Acabei de crer que minha família são apenas três pessoas. Meu marido e meus filhos. — olhou para Mara que chorava em silêncio, ela também olhou para Carla, negando com a cabeça. — Você escolheu proteger ela. — olhou mais uma vez para a mãe, mas não esperou resposta alguma. Virou as costas e entrou em casa.

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Arthur: O Piloto II 🏁Onde histórias criam vida. Descubra agora