Capítulo 8 :

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Arthur: Carlinha? — a voz grossa a faz despertar de seus devaneios e ao levantar os olhos, viu Arthur parado à sua frente, com a testa franzida. — Você está chorando? — ele perguntou preocupada, aproximando— se dela.

Carla levou as mãos até os olhos, limpando as lágrimas que estavam prestes a cair.

Arthur: O que foi amor? — a segurou pelos ombros e Carla olhou para ele séria.

Carla: Me solta. — levantou da cama em um pulo.

Arthur: Carla ... — a chamou que já andava para lá e para cá no quarto. — Por favor, vamos conversar.

Carla: Pensei ter falado para não entrar mais neste quarto.

Arthur: Não seja infantil amor. Olha... Vamos conversar, sem brigar. Por favor. — foi até a frente dela, segurando suas mãos e a olhando profundamente em seus olhos.

Carla: Só me diga uma coisa... — ele assentiu com a cabeça. — Você vai aceitar ou não?

Arthur: Carlinha... — começou a engasgar antes mesmo de falar alguma coisa e Carla olhou para ele descrente, o empurrando para longe dela.

Carla: Não precisa falar nada, já sei sua resposta.

Arthur: Me entende Carlinha, por favor.

Carla: É claro que eu entendo Arthur. — ele a olhou surpreso e logo fez uma careta, não compreendendo o que ela queria dizer com aquilo. — Entendo que é tudo que você sempre sonhou para sua carreira, entendo que é uma proposta irrecusável e que não passa nem por sua cabeça deixar passar. Mas também gostaria que você entendesse meu lado, como sua esposa, o lado de seus filhos, de sua família. Você pensou? — cruzou os braços e olhou para ele que parou e pareceu pensar em tudo que ela disse.

Arthur: Pensei! Lógico que pensei... Vamos todos nós morar na Europa e... — parou de falar ao ver a cara de desgosto que ela fez.

Carla: Você acha mesmo que seus filhos vão querer ir morar na Europa, Arthur? Acha que eu vou querer ir?

Arthur: Qual é seu problema, Carla? — passou a mão no rosto irritado e deu as costas para ela.

Carla: Qual é o seu problema? — repetiu. — Quer saber Arthur, eu cansei. Aceite esse trabalho logo de uma vez, mas desista da ideia de que eu e nossos filhos vamos ir contigo. Você está nessa sozinho. — deu as costas para ele e saiu do quarto batendo a porta.

Qual era o problema de Carla? Custava muito ela apoiá-lo nessa? Ao contrário do que ela pensava, não estava sozinho nessa não. Se ela não iria acompanhá-lo, teria muita gente que o apoiaria, seus pais, sua irmã, Boninho, seus amigos e seus fãs. Passou a mão pelo seu celular, enquanto pegava sua carteira e a chave do carro. A pessoa que ligou atendeu, assim que terminou de descer as escadas.

Arthur: Montezemolo? É o Arthur. — fez uma breve pausa ouvindo a saudação de seu ex-chefe. — Eu aceito. 

Ao ouvir a porta bater, Carla sentiu o coração apertar. Voltou à sala e mirou a porta fechada, para logo depois ouvir o ronco forte do motor do carro de Arthur. Sentia- se uma idiota. Afinal, era uma idiota completa. Não entendia o que estava acontecendo, porque Diabos não poderia aceitar o que ele queria e ponto final?

Algo dentro dela lhe implorava para ir atrás dele, pedir desculpas e embarcar para qualquer lugar que fosse com ele, largando tudo para trás. Mas outro lado, mandava-a ficar ali quieta e esperando ver tudo o que estaria por vir. E foi isso o que resolveu fazer.

Lucas: Mãe o Marcos está indo embora. — gritou da sala. Carla saiu de seu transe e foi para a sala.

Carla: Não quer ficar para o jantar? — tentou sorrir, mas era difícil diante de tudo aquilo.

Marcos: Obrigado, mas não posso, tenho que ir para casa.

Carla: Então até mais.

Marcos: Até mais. — acenou para Carla antes de sair com Lucas da sala, indo para fora da casa. — Tchau, até amanhã. — fez um toque com a mão junto com Lucas, antes de sair para a rua.

Lucas: Tchau cara.

Marcos começou a caminhar rumo a saída do condomínio, ainda nem tinha chegado à esquina da rua quando esbarrou em uma pessoa, derrubando alguns livros que ela segurava e a própria. Olhou assustado para a pessoa e viu que era uma menina e ela já gritava algo como "Não olha por onde anda, palhaço?"

Marcos: Me desculpa, deixo te ajudar... — abaixou para pegar os livros que estavam espalhados pela calçada.

Xxx: Não precisa! — gritou.

Marcos: Mas eu quero. — terminou de recolher os livros e esticou a mão para a garota que ainda estava sentada no chão. Ela o olhou raivosa e ele sorriu.

Que olhos eram aqueles? Tão... Lindos.

Marcos: Vem. — continuou com a mão esticada e ela abaixou os olhos para o chão e deu a mão para ele que a puxou para cima. — Seus livros. — entregou os livros para ela que o olhou mais uma vez.

Xxx: Vê se olha por onde anda. — bufou e saiu batendo o pé de perto dele.

Marcos olhou para trás alguns segundos depois e ela estava olhando, mas ao vê-lo olhando para ela, virou para frente e continuou caminhando. Não se passava de uma patricinha mimada. Só isso.

~~~

Alguns dias se passaram e Carla estava completamente perdida, com sua vida, com ela própria. Não sabia de mais nada de Arthur, desde o dia que o viu batendo a porta de casa, não o viu mais e seu orgulho era grande demais para ligar para ele e perguntar onde estava, com quem, se estava bem. Tudo o que queria saber.

Lucas e Maria Clara estavam preocupados com os pais, nunca foram de brigar, nem muito menos era comum ver o pai fora de casa por dias. E o que mais lhe preocupavam era Carla, que se fingia de forte, mas ambos sabiam que aquilo estava sendo difícil para ela, viver sem noticias do marido.

Se ele queria que ela se arrependesse pela briga e a deixasse preocupada e culpada, estava conseguindo.

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Arthur: O Piloto II 🏁Onde histórias criam vida. Descubra agora