Cinquenta e quatro

573 48 13
                                    

Pietra 🦋

O churrasco do retorno dele tava com a família completa, tirando a falta da Maitê que tava tirando a paciência do Ítalo.

O Caos sumiu e eu vim atrás aproveitei que a dona Ariel tava brincando, por que daqui a pouco era hora dela mamar.

Estou começando a tirar o peito dela como fiz com a Liz e Yan, mais a Liz por que o Yan foi super fácil.

Cheguei no quarto ele tava trancando dentro do banheiro.

— Amor ? — falei fechando a porta.

Caos: Qual foi? — ele murmurou baixo.

Parei na porta do banheiro, tentei entrar mas tava trancada.

— Abre amor a gente veio vê o papai — já achei estranho por que ele não costumava fechar a porta.

Ele respirou fundo, abrindo a porta e logo voltou pra frente do espelho, olhando o corpo dele, principalmente as costas.

— Tá tudo bem amor ? — ele tava sem camisa, ele sempre teve muita cicatriz mas não chegava perto das que ele tinha agora.

Ele concordou com a cabeça, abaixando ela e se escorando na pia, dava pra ver que não estava nada bem.

Caminhei até ele e o abracei por trás fazendo carinho em sej peito, que não tinha um pedaço que não tinha um corte ou queimadura.

Ele me olhou com um bico enorme, passando a mão no cabelo várias vezes e se virou pra mim, me abraçando e começou a chorar sem falar nada.

Ele quando chorava se tornava um bebê era tão poucas vezes que isso acontecia.

— Tá doendo alguma coisa vida? — fiz carinho nele com cuidado, sentindo ele me abraçar com cuidado.

Caos: Tá feio pra caralho, dói pra tomar banho se ligou? — ele soluçou sem me soltar. — Doeu pra porra quando fizeram esse bagulho e eu não podia fazer nada, toda vez que eu olho tá ligada? A cena vem na mente e a dor vem junto caralho.

Ele ainda não tinha falado nada pra mim daqueles malditos dias, mais ouvir e ver as lágrimas dele me desmontava demais, senti meus olhos encher de lágrima.

— Eu vou cuidar de cicatriz por cicatriz amor, eu prometo — sussurrei pra ele — Põe pra fora meu amor — passo a mão lentamente pelas cicatrizes horríveis levemente.

Caos: Eu não consigo dormir em paz, isso aqui foi ferro fervente, água fervendo. — ele aponta. — Tiro, faca... — ele balançou a cabeça negando. — Eu fecho os olhos e tá lá amor e não sai, não tá nada suave se ligou? Nada tá igual antes porque eu não aguento ficar em local que tem a porra da minha família se ligou? — ele falou soluçando, sem soltar de mim como se eu fosse a única coisa que pudesse salvar ele.

Beijo o ombro dele com cuidado sentindo uma dor no meu coração ouvindo dele.

— Vai sair meu amor, nada nesse mundo é mais forte que nosso amor — falei junto ouvindo o choro dele.

Ele concordou com a cabeça, me dando um selinho.

Caos: Vou deitar jaé? Se tu quiser descer tá suave. — ele limpou o rosto, indo pra cama.

Abri o armarinho do banheiro e pegando a caixinha de primeiros socorros.

Vou atrás dele tranco a porta do quarto e me sento na cama com ele.

— Deita aqui meu amor a gente vai fazer curativo em você, posso ? — olho pra ele sentado na cama.

Caos: Pode pô, devagar.... — ele deitou de costas pra mim.

Peguei um pedaço de algodão molhando com o soro, começo colocando um a um, era feio demais cada machucado, de formas assim que eu nunca tinha visto.

Passo a mão no cabelo dele que começava a crescer.

— Tá doendo meu amor ? — passei a mão no rosto dele.

Caos: Tá suave chorona. — ele murmurou baixo.

Uma das coisas que acalmava ele era o ar gelado do quarto, aumentei o ar cobrindo ele, do jeito que ele gosta.

Faço os outros curativos com a maior paciência e cuidado.

Peguei a mão dele que tinha umas queimaduras e coloquei na barriga.

Caos: Grandona né pô. — ele sorriu fraco. — Desculpa papai não te dar atenção igual dei pros teus irmãos jaé? Teu pai não tá legal pivetinha. — ele falou com os olhos cheios de lágrimas. — mas tu foi esperada pra caralho por mim, se ligou?

Sorri sentindo as lágrimas pesar nos meus olhos.

— Fala pro seu papai que só de sentir ele pertinho te faz feliz e completa meu amor — alisei seu rosto lentamente — A gente vai ficar juntinho aqui até você melhorar.

Real Vivência [M]  - Livro 3 Onde histórias criam vida. Descubra agora