Pietra 🦋
Nada na minha vida é normal ou dentro dos padrões, acabei de ajudar no parto da minha neta e ela era perfeita, me lembrou tanto o Yan bebezinho, e o Yan me lembrou o Caos no parto dos gêmeos todo nervoso mais não saindo do lado.
A Liz ficou limpando tudo lá embaixo com o Dante por que não queriam que eu fizesse força.
Subi pra chamar o Caos pra gente ir no hospital pra vê nossa Dudinha, ele tava muito quieto nos últimos dias, isso tava me deixando tão triste mas eu jamais soltaria a mão dele.
Entrei no quarto tava tudo em silêncio, tv ligada a coberta dele na cama e a gaveta aberta...
Caminhei até a porta do banheiro e vi a pior cena que eu poderia ver.
— Lucca não faz isso — falei assustada vendo ele com a arma na cabeça.
Ele me olhou piscando, com a mão tremendo.
Caos: não aguento mais, tá ligada? — ele falou baixinho, com os olhos cheios de lágrimas.
— Abaixa amor por favor — estiquei as mãos gesticulando pra ele abaixar, caminhei devagar para perto dele.
Caos: Não vem chorona, sai daqui jaé? — ele balançou a cabeça negando.
Neguei com a cabeça sentindo meus olhos cheios de lágrima.
— Eu não vou sair de perto, olha pra mim amor — caminhei devagar vendo ele chorar.
Caos: Tá doendo, pra caralho, toda vez que eu fecho os olhos tá na mente, ELES ABUSANDO DA MINHA CRIA. — ele falou alto, batendo a arma na cabeça dele. — dói pra caralho isso tudo, todo dia. — ele se refere as cicatrizes. — Juro pra tu, nada se compara com os bagulho que tô sentindo na alma de não ter protegido ela, se ligou?
Eu queria voar na mão dele pra tirar aquela arma, mais eu podia fazer a maior merda das nossas vidas.
— Me dá a arma amor por favor — fiquei frente a frente com ele levando minha mão no rosto lentamente — Você fez de tudo que estava no seu alcance meu amor — peguei a mão dele e coloquei na minha barriga, ele tremia junto comigo.
Caos: Eu... eu não protegi ela. — ele gaguejou, olhou pra mão na minha barriga. — A dor que ela tá sentindo é a pior que existe, se ligou? — ele soltou a arma no chão, encostando a cabeça na pia.
A arma disparou fazendo um barulho gigante, me fazendo segurar seus punhos fechando os olhos rápido com barulho.
— Ela tá superando por ter você junto dela vida, você é o maior exemplo dela, me ouve — ouvi a Liz entrar no quarto.
Liz: QUE BARULHO FOI ESSE? — ela falou desesperada.
— SAI DAQUI LIZ, AGORA — falei alto, ela não podia vê ele assim.
Ouvi o soluço dele e a mão dele com sangue, reparando que o tiro pegou na perna.
Liz: Mãe o que está acont... — ela entrou no banheiro. — Pai?
— SAI DAQUI LIZ AGORA — ele abaixou a cabeça chorando.
Dante: Não sai daí até eu falar já — ouvi a voz do Dante se fazer presente — Isso foi um tiro caral... — ele parou na porta.
Liz: O que foi com ele, porque, porque mãe? — ela abaixou do meu lado.
Respirei fundo olhando os olhos dela cheio de lágrimas.
— Ele não tá bem filha, mais me deixa com ele por favor, Dante leva ela — falei sentindo as lágrimas escorrendo no meu rosto.
Vi o vulto do Dante pegando a arma.
Ele segurou a Liz, tirando ela do banheiro.
— Ta doendo amor ? — olhei a perna dele abaixei colocando minha toalha.
Caos: Tá doendo aqui. — ele põe a mão no coração.
Ouvir aquilo dele acabou comigo de dentro pra fora, puxei ele pra mim escorregando aos poucos na parede do banheiro juntos.
— Deixa eu cuidar de você, deixa a gente cuidar de você Lucca, tá tudo estranho sem você, a gente precisa de você mais do que todo mundo imaginava, nosso filho acabou de ter nossa neta, nossa filha tá precisando do seu amor, nossa Ariel precisa do papai, a Dudinha precisa do vovô e nós três precisa de você, vamos vencer essa dor juntos — falei chorando junto dele.
Ele balançou a cabeça, encostando a cabeça no meu peito e começou a chorar.
Apertei ele no meu peito, seu corpo tremia e era gelado muito diferente daquele corpo quente natural dele.
— Vamos matar essas lembranças amor, por favor — falei soluçando — me promete não tenta fazer mais isso? — encostei a cabeça na parede.
Ele concorda, sem falar nada passando a mão nas minhas costas sem me soltar.
— Lucca por favor, olha pra mim — beijo o topo da cabeça dele.
Ele afasta a cabeça do meu peito, olhando nos meus olhos, sem parar de soluçar.
— Pra sempre nós contra o mundo lembra? — sorri fraco entre as lágrimas.
Caos: Foi malzão. — ele falou baixo, limpando o rosto.
— Não precisa se desculpar amor, eu sou sua chorona sua menina — passei a mão no rosto dele.
Caos: Pra sempre, jaé?
— Pra sempre meu amor pra sempre — encostei minha testa na dele.
Ele tava tão perto e tão longe de mim ao mesmo tempo, o olhar vazio dele, o silêncio, a frieza, a falta do meu Lucca.

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Real Vivência [M] - Livro 3
Fanfic+18 📍Morro da Pedreira - Rio de Janeiro. Quando somos crianças nossos pais desejam tantas coisas pra nós, mas quem conduz nossa vida é nós mesmos isso que é complicado. As vezes tão iguais ao mesmo tempo tão diferentes, nem sempre a mesma aparênci...