Oitenta e nove

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Maitê 🫀

Acabamos passando um mês e quinze dias em Minas, fomos no médico e descobri que tava grávida de dois meses ou oito semanas como quiserem.

Faltava uma hora pra chegar no Rio e eu comecei a passar bem mal, parecia que eu tava morrendo.

— Eu tô passando mal neném — abri o vidro passando a mão na nuca.

Ele me olhou preocupado, parando o carro no acostamento.

Allan: Tá sentindo o que? — ele tirou o cinto, descendo do carro e abriu a porta do meu lado.

— Eu tô suando minha pressão, eu acho que vou vomitar — coloquei as pernas pra fora do carro — Será que é enjôo?

Allan: Porra amor, pior que tem mó caminhada até chegar no Rio. — ele me ajudou a descer do carro. — Acho que é neném. — sinto as mãos dele no meu cabelo, prendendo.

— Eu só preciso por isso pra fora, mais não sei se vai sair — passei a mão no rosto sentindo ele molhado de suor.

Olho o celular dele tocar e ele pegar uma garrafinha de água, pondo na mão e passando na minha nuca, seguida do rosto.

Allan: Vou pegar o celular amor, senta aqui é o do comando que tá tocando. — ele colocou a garrafinha na minha mão.

Peguei a garrafinha tomando um gole, respirei fundo sacudindo a blusa, era um calor e um frio no mesmo tempo.

Vi ele falando no celular passando a mão no cabelo.

Allan: Não caralho, tô com minha mulher aqui porra. — ele falou alto, passando a mão no cabelo várias vezes. — Denúncia anônima e você avisa a porra do bagulho quando falta uma hora pra eu chegar no rio? — Ele aproximou de mim, me ajudando a tirar minha blusa.

— Tá tudo bem vida — sussurrei pra ele, tirando minha blusa.

Era a primeira que vi ele nervoso por que ele estava visivelmente nervoso.

Allan: Da teus pulos Jonas, não tô armado e não vou ficar com minha mulher passando mal no meio do nada. — ele desligou o celular, jogando no banco de trás e ligou o rádio. 

Rádio.
Todas os aeroportos e estradas se encontram fechadas na operação que se iniciou hoje, nessa madrugada.
Uma denúncia anônima informou que um dos chefes da maior de crimes do rio estava fazendo esse trajeto.

Allan: Porra do caralho. — ele abaixou na minha frente. — Não da pra voltar e nem ir, tá melhor?

Esfreguei minhas mãos no rosto.

— O que a gente vai fazer ? — olhei a expressão dele de preocupado comigo — Não muito mas eu dou um jeito.

Allan: Tô tentando pensar amor. — ele murmurou baixo, passando água no meu rosto.

Respirei fundo sentindo minha alma voltar pro lugar.

— Não dá pra gente voltar pra pousada? — peguei na mão dele — desculpa eu não sei lidar com esse enjôo se for enjôo.

Allan: Mó caminhada e você tá passando mal.  — ele me ajudou a levantar, beijando minha cabeça, mas ainda estava nervoso.

— Eu aguento voltar amor, é menos perigoso pra você? — abracei ele.

Allan: Sai sem segurança pô, neurose da porra. — ele passou a mão no meu cabelo. — A gente volta de carro e vem pro rio de avião beleza? — ele colocou as mãos no meu rosto, me olhando.

Real Vivência [M]  - Livro 3 Onde histórias criam vida. Descubra agora