Sessenta e nove

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Maitê 🫀

Meu padrinho era a melhor pessoa desse mundo, conversou comigo puxou minha orelha e no fim me deu colo.

Meus pais me abraçaram depositando todo amor do mundo, não tocaram no assunto até então, enfim tava em casa de banho tomado no meu quarto no meu cantinho, tava desativando todas minhas redes sociais.

Ítalo: Vem comer Maitê. — ele apareceu na porta, dando duas batidinhas.

Que saudade de ver esse cara, ouvir as broncas tudo.

— Tô sem fome pai, só quero dormir um pouquinho — falei colocando o celular do lado da cama.

Ítalo: Vai filha, você tá magra, vamos Maitê. — ele entrou serinho.

— Pai a gente pode conversar? — falei me sentando na cama, era extremamente vergonhoso, mas sabia que ele não ia tocar no assunto, ia esperar meu momento.

Ele puxou a cadeira da mesinha que fica meu notebook e sentou, concordando com a cabeça.

— Chama a mãe, eu queria falar com vocês dois — falei olhando a expressão dele.

Ítalo: Amor vem cá pretinha. — ele falou alto, logo minha mãe entrou no quarto.

Mica: Tá tudo bem aqui? — ela falou olhando pra nós dois se sentando na ponta da cama.

Balancei a cabeça.

— Primeiro desculpa né? Eu acho que devo isso a vocês, segundo eu tô com muita vergonha de tudo que vem sendo falado, por que eu sei que você ouviu pai, e eu nunca quis isso — abaixei a cabeça com as lágrimas embaçando meus olhos.

Ítalo: Eu falei pra não sair de casa Maitê, você é ingênua demais pra esse mundo. — ele murmurou baixo. — Não queria que você tivesse passado por tudo aquilo e fosse exposta dessa forma, eu tô chateado pra caralho, mas tu é minha filha pô.

Mica: A gente conversou diversas vezes com você, Maitê eu sou tua mãe cara, não quer falar de sexo com seu pai? ok entendo, mas eu sou sua mãe — balancei a cabeça.

— Eu achei que ele seria a pessoa correta pra... — abaixei o olhar — perder a virgindade, eu não tava pronta, não me sentia bem com isso, foi horrível eu não queria só fiz pra agradar ele, eu não queria te expor pai, me desculpa — subi o olhar pra ele.

Ítalo: independente de tudo somos família Maitê, ninguém solta a mão de ninguém e eu sou o chefe. — ele mexeu na arma, sorrindo fraco. — O importante é que não te perdi.

— Eu sei que não tá sendo fácil principalmente pra você pai, ouvindo coisas, piada enfim — sorrio de lado — mais eu quero falar pra vocês o que aconteceu... quero que vocês ouçam de mim — respirei fundo.

Mica: Não precisa filha, tá tudo bem né amor? — ela olhou pro meu pai.

Neguei com a cabeça, eu precisava falar pra eles.

Ítalo: Deixa ela falar amor... — ele beijou a mão dela.

— Ao contrário do que tá sendo falado eu não transei com ele de cara, demorei pra transar com ele por que eu não tava segura e você mesmo mãe disse que era só pra fazer quando eu estivesse segura — olhei pra minha mãe, que consentiu — Eu nunca tive problema de ter 21 anos e ser virgem nunca, mas ele me conquistou eu fui ingênua demais, a Liz me falou de fofocas e eu preferi acreditar nele, tudo virou o inferno quando eu neguei a primeira vez, ele saiu e depois voltou estranho, eu me ofereci pra ele — falei com vergonha do meu pai — por que não queria perder o meu namorado, ele não quis, e recebi direct com fotos, e acreditei nele, passou um tempo, perdi com ele foi horrível nada do que eu pensei, e a partir daí vocês já leu, eu realmente não sei transar, foi a pior coisa que fiz na minha vida mas eu queria aprender e ele trouxe a Talita pra dentro de casa, e eu tinha que assistir eles transando na minha frente diversas vezes — senti as lágrimas pingar nas minhas pernas.

Olho meu pai fechar a mão em punho.

Ítalo: Ninguém nasce sabendo fazer Maitê e só faça quando sentir segura e vontade. — ele nega. — O que é dele está guardado só tenta esquecer. — ele murmurou. — em todos esses anos você nunca deu trabalho... está tudo bem filha. — dava pra ver que ele estava chateado, mas tentando me passar tranquilidade

Mica: Exatamente filha, você não é obrigada a saber, tudo se aprende tudo — ela chegou perto limpando minhas lágrimas.

— Ele me bateu algumas vezes quando eu neguei assistir aquilo, foram alguns tapas dele, só queria pedir desculpas pai, eu não queria nessa altura te dar trabalho — sorri triste pra ele — eu só quero ir no médico, quando aconteceu ele nunca quis usar nada, e eu não sei o que eu posso ter pego — abaixei a cabeça, o sentimento era vergonha principalmente do meu pai que me tratou a vida toda como princesa.

Ítalo: Marca pra ela amor, eu levo vocês. — ele olhou pra minha mãe. — Vou ver pra tirarem a publicação do ar.

Mica: Eu vou marcar e a gente vai juntar tá bom? — fiz que sim.

— Eu só quero pedir a última coisa, se eu puder pedir algo — olhei pra eles.

Os dois concordam com a cabeça juntos.

— Eu quero ir embora, não quero mais ficar aqui, eu não tenho cara mais pra ficar aqui, e eu aqui sou um motivo pra você passar vergonha pai, eu posso ir pra fora como você sempre falou que eu precisava conhecer mãe — sorri fraco pra eles.

Ítalo: você não é vergonha, está louca? — ele negou. — filha....

— Eu me viro lá fora pai, moro em república não tem problema, só não dá mais aqui, por favor — respirei fundo.

Mica: A gente pensa nisso juntos com você filha, mais tem certeza que não quer ficar com a gente? — o sorriso da minha mãe era tão bom.

Meu pai negou com a cabeça, levantando e saiu do quarto batendo a porta.

— Mãe eu tô com vergonha, todo mundo sabe, eu não consigo mais — fui pro colo dela.

Mica: Se é o melhor pra você, a gente vê isso filha. — ela passou a mão no meu cabelo.

— Ele tá decepcionado né? eu só penso como envergonhei vocês, como fui idiota mãe — respirei fundo.

Mica: Eu e seu pai tivemos vergonhas maiores, tá tudo bem filha, não estamos com vergonha de você. — ela beijou meu rosto. — Você é a princesinha dele, é difícil amor.

— Se eu pudesse eu não teria feito nada e morreria virgem mãe, não que seja algo diferente do que vai acontecer agora — sorri me cobrindo — Devem tá rindo dele também mãe.

Mica: O que importa pro seu pai é como você está Maitê! — ela puxou minha orelha. — Como você se sente, o que estão falando dele ou fazendo, não importa.

— Eu amo vocês além dessa vida, e quero só dá orgulho a vocês — coloquei a mão na minha orelha — fica comigo até eu dormir mãe? Só hoje — sorri triste.

Mica: Quer ouvir a história que seu pai inventou pra você? — ela sorri, deitando comigo.

Fiz que sim com a cabeça, me ajeitando na cama, tava doendo bastante mas com ele amenizava.

Ela sorriu, começando a contar enquanto acariciava meu cabelo com carinho.

Minha mãe sempre me deu colo, o melhor dessa vida inteira, melhor remédio.

Real Vivência [M]  - Livro 3 Onde histórias criam vida. Descubra agora