Emilia
— Onde diabos você pensa que esta indo Emilia?
— Eu ia levar a Emma no parquinho querido. — Digo apertando Emma fortemente em meus braços.
— Você não esta se esquecendo de nada, amor? — Seus olhos... algo estava errado. Merda! Sabia que aquela marcação não foi atoa. Merda! Merda! Merda!
— Hum... Estou? — Digo tentando me afastar lentamente dele, mas Matthew percebe e se aproxima, segurando com força meu braço e me arrastando de volta para o apartamento.
— Mamãe! — Emma se encolhe agarrando fortemente meu pescoço, sua vozinha cheia de medo.
— Fique quietinha querida — sussurro para ela — Como mamãe ensinou lembra!? — Emma sabia que quando seu pai estava presente nos brincávamos de fantasminha. Ela ficava quietinha no quarto brincando e quando eu finalmente pudesse chegar até ela, ela poderia tentar dar um mega susto na mamãe. Ela se divertia com essa parte, mas eu sabia que não gostava de ficar sozinha no quarto e muito menos entendia o porque de seu pai nunca lhe dar atenção ou brincar com ela. Infelizmente essa foi a única idéia que tive para tentar fazer com que as coisas dessem certo e Emma não ficasse tão chateada no processo.
Matthew vinha maltratando nossa pobre menininha desde que soube de sua existência, quando contei da gravidez quase não me aguentando de felicidade, seu semblante mudou completamente. A felicidade da sua chegada em casa ao me ver, o aperto amoroso porem possessivo de seus braços ao redor do meu corpo, tudo isso morreu assim que as palavras saíram da minha boca. Eu fui literalmente empurrada para longe de seu corpo e as palavras que saíram de sua boca me feriram profundamente.
"Era para ser somente eu e você Emilia! Para sempre! Que diabos você fez?! Eu não quero essa criança! Eu quero você. Resolva esse maldito problema!". Essas foram suas exatas palavras, antes de sentir uma enorme mão me acertar com tudo no rosto. Olhei para ele assustada, horrorizada na verdade e ele me olhava imponente, os olhos assustados e irritados se é que isso fosse possível. Meu cérebro demorou um tempo para entender o que diabos havia acontecido e meu coração inútil esperou por longos segundos suas desculpas, seu desespero pelo que fez, sua reação pesarosa da merda que acabara de fazer, mas ele não fez nada, apenas ficou ali parado me olhando, como se me desafiasse. Engoli minhas lagrimas, ergui meu queixo e sai daquele maldito apartamento indo direto para a delegacia.
Talvez se Kleber não tivesse me encontrado naquele dia, as coisas teriam sido diferentes. Eu não teria voltado para casa e finalmente percebido que estava em uma situação fodida, afinal eu não tinha um tostão furado no bolso, na verdade eu não tinha nada, só Matthew e minha faculdade. Como eu cuidaria desse bebê? Como eu sairia dali? Eu não tinha mais amigos, Matthew me fez perde-los, me afastou de tudo e todos, por que eu era dele, minha atenção, minha vida, tudo relacionado a mim deveria somente pertencer a ele. Eu achei essa a coisa mais linda no inicio, achei que era era a forma dele cuidar de mim e mostrar o quanto me amava.
Não parecia errado, afinal ele nunca me prendeu, nunca me sufocou, sempre me deixou livre, mas livre com ele. Se quisesse sair para dançar, sem problemas por que Matthew me levava, uma noite de cinema, lá estávamos nos dois juntinhos, e eu estava feliz com isso, eu amava tanto Matthew que respira-lo e estar com ele todos os momentos possíveis era como recarregar minhas energias. Eu morria de saudades quando estava nas aulas e ele no trabalho, mas quando via seu sorriso enorme me esperando em frente a universidade, minhas pernas quase cediam de tanta felicidade, o coração chegava a querer sair do peito.Meus amigos me diziam que isso não era normal, que ninguém poderia ser tão devoto a outra pessoa assim, que não era saudável, mas ignorei, afinal no fundo todos eles gostavam de Matthew, mas Matthew não retribuía, apesar de ser sempre cortês com eles. Um ciúme bobo que me fazia feliz e me divertia as vezes. Quando ele começava a reclamar que algum amigo meu na verdade só era gentil comigo por que me queria eu ria, ele fazia bico e começava a se irritar, mas eu sempre pulava em seu colo e o mostrava o quanto o amava, o quanto só ele existia e importava para mim. Éramos perfeitos juntos.
As coisas foram caminhando rapidamente em nosso relacionamento, em poucos meses de namoro Matthew conseguiu me convencer a morar com ele. Ele odiava que eu trabalhasse e estudasse. Dizia que isso atrapalhava meus estudos, sem falar na minha saúde, esse argumento apareceu bem quando comecei a ter os enjoos da gravidez, naquela época não sabia, mas ja estava com Emma bem escondidinha em meu ventre. Achei que todo o enjoo e cansaço era devido a todo o trabalho e estudos, ainda mais que era época de provas então achei que realmente todo meu excesso de esforço e dedicação estavam cobrando seu preço e com isso mais uma vez cai na lábia de Matthew e larguei meu emprego. Burra! Burra! Burra!
Os meses se passaram e foi o paraíso, apesar das mudanças assustadoras de humor de Matthew, era como se ele fosse duas pessoas diferentes em alguns momentos e isso me assustou um pouco, mas ele sempre sabia como me enrolar em seu dedinho de novo e pedir desculpas pelo cansaço e estresse que acabou fazendo com que ele perdesse o rumo e descontasse algo em mim. Secretamente eu amava esses momentos, por que ele fazia amor por horas comigo, adorando meu corpo, me adorando como seu eu fosse sua própria deusa, me fazendo me sentir amada como nunca havia sido.
Mas as coisas continuaram mudando, Matthew mudou e eu mudei, ou melhor já tinha mudado a cinco malditos meses só não fazia ideia. Minha barriga de gravida era inexistente o que foi muito bem vindo depois que contei a novidade para Matthew e ele fez o que fez. Só que pareceu que após descobrir sobre Emma, ela resolveu finalmente dar as caras por que minha barriga do nada começou dar o ar da graça, eu estava maravilhada, mas Matthew horrorizado. Cada vez que ele via minha barriga era como se eu o apunhalasse, quando ele não se retirava puto, com aquele olhar de que foi traído por quem mais amava, ele me feria com suas palavras.
Eu queria ter tido forças para sair dali, fugir, mas meus hormônios estavam me enlouquecendo e eu amava aquele maldito, com tudo de mim. Achei que podia ser só uma fase de negação, por que ele ainda era meu Matthew as vezes. Algumas noites ele me pegava chorando na cama e se aninhava atras de mim, ele fazia carinho em meus cabelos me acalmando e depois me amava docemente, mas nunca pedia desculpas, nunca dizia que tudo ficaria bem, que seriamos uma família.
Quando minha barriga se tornou obvia os carinhos acabaram, mas ele ainda se aproximava me tentando, querendo sexo e gravida eu parecia estar sempre com um maldito tesão, mesmo que eu o odiasse na maioria dos dias eu precisava dessa liberação, por que eu não aguentava mais sentir a dor do meu coração partido, a dor da magoa por seu comportamento e a dor pela minha filha que nem nasceu e já era renegada pelo pai. Então eu me entregava, fingia estar sendo amada pelo meu Matthew que amei e não esse humano filho da puta que ignorava a própria filha, me tratava mal e com a barriga aparecendo nunca mais ousou encostar em mim direito. Ele sempre me pegava por trás ou de quatro, onde não poderia ver a barriga que tanto lhe causava repulsa, eu sentia sua raiva em cada golpe e libertava a minha própria quando investia contra suas investidas. Me sentia uma merda depois, mas parecia que um pouco do peso de toda aquele energia ruim em mim se esvaia e Matthew me dava um pouco de paz por um tempo até que tudo se repetisse de novo e de novo.
Infelizmente algo dentro de mim ainda tinha esperanças de que Matthew voltasse ao seu completo juízo e voltasse pra mim, acho que era uma mistura dos malditos hormônios e os pequenos lapsos de amor que via nele as vezes. Meu coração se apertava quando pegava Matthew me olhando algumas vezes com amor em seus olhos, aquele amor que eu tanto sentia falta, mas quando ele me pegava olhando era logo substituído pelo olhar de traição.
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Continua...
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Eu escolho você!
RomanceEmilia amava tudo que contasse uma historia, não importava se vinha em forma de livros, pinturas, musicas ou um vaso sanitário da década de 20. Ela amava imaginar a historia por trás de cada coisa e foi assim que saiu de uma minúscula cidade no Bras...