Capítulo 52.1

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Guardo minha bolsa no armário e desço, precisando de um café, forte e preto como a porra da minha alma e humor nesse momento. Não querendo companhia e muito menos ouvir qualquer gracinha que me espera, afinal esses caras são mais fofoqueiros que um grupo de velinhas, me esgueiro pela varanda da frente, indo em direção a algumas mesas de piquenique sombreadas por uma enorme arvore que ficam mais distantes de toda a confusão do café da manha. 
Estou tão perdido em pensamento que só percebo que um pequeno corpinho corria em minha direção quando sou atingido. Seguro meu café com todo o cuidado, não querendo que caia em cima do pequeno meliante. Olho para baixo e franzo as sobrancelhas quando encontro Emma abraçada as minhas pernas, com um enorme sorriso no rosto me olhando.

— Onde você foi seu danadinho? Eu te procurei para gente tomar cafezinho juntinhos, mas a mamãe disse que você estava ocupado. — ela estreita seus olhinhos fazendo cara de brava e eu rio, sentindo toda a merda negra dentro de mim evaporar.

— Me desculpe pequena, eu tinha que falar com meu irmão. Mas... o que você esta fazendo aqui sozinha? Cade a sua mãe? — olho ao redor.

— Ela esta ali — ela segura minha mão e "me puxa" — nós estamos fazendo um piquenique na arvore. As moças estavam sendo más com a mamãe, eu não gostei nadinha, mas a mamãe disse que eu não devia ouvir nada que elas falavam, por que era besteira. Mas ela ficou triste — paro de andar e me agacho, para ficar na altura dos seus olhinhos.

— O que as moças malvadas falaram?

— Eu não entendi direito, mas uma chamou a mamãe de golpista e interessante.

— Interessante? — olho confuso para ela.

— Aham! Ela disse que a mamãe era interessante e que só queria dar um golpe no baú. Não entendi por que a mamãe iria querer bater na baú, vai machucar ela.

— Ah! — tento não rir da sua confusão com as palavras, ao mesmo tempo que me seguro para não me virar e ir enforcar essas filhas da puta. Eu sabia que elas vinham dando um mal tempo para Emilia, mas porra... elas não largam o osso?

— Vem titio, a gente precisa animar a mamãe. Ela não quis nem comer um bolinho e ela gosta de bolinho. Muito mesmo.

— Ela não comeu? Como assim? — finjo espanto — Isso esta errado. Eu tive que esconder os bolinhos dela ontem para ela não comer tudo. — Emma me olha com os olhos arregalados feito dois pires, mas depois ri, colocando sua mãozinha livre em frente a boca.

— Seu bobinho. É brincadeirinha né!

— É sim — bagunço seu cabelo. Andamos entre as mesas e encontramos Emilia encostada no tronco da arvore, com dois pratos de comida e alguns copos ao seu redor.

— Olha só... roubando comida — provoco piscando para Emma e ela solta uma risadinha, mas Emilia sequer parece me notar ali. — Ei... — me sento ao seu lado e cutuco ela. Demora um pouco mas ela finalmente volta de onde quer que tenha ido.

— Jake?

— Ladra de comida?

— O que? — Olho para ela e depois para os dois pratos bem abastecidos em seu colo. Seu rosto cora e a timidez logo se transforma em fogo. E aqui esta ela!

— Eu não roubei nada seu idiota! Mac quem fez essa montanha de comida, eu tentei devolver, mas ele disse que era falta de educação e que já havia respirado sobre elas ou alguma coisa assim.

— Eu estou brincando bruxinha, mas se você acha que é comida demais pode deixar que eu te ajudo com isso e a pinguinzinha também. Não é mesmo pequena?

— Uhum! — concorda com a boca cheia de muffin de chocolate. Emilia sorri, mas não pega nada.

— Não vai comer? — pergunto enfiando um cookie inteiro na boca, gemendo excessivamente em apreciação — Humm! Porra! Esses só podem ser da nona. Aquela mulher! Céus! Que mão! — Emilia me olha, um leve sorriso no canto de sua boca e eu me sinto quase vitorioso, quase. — Serio que você não vai provar? Porra! Bom que sobra mais. — Enfio um, depois outro e gemo com tudo de mim, quase revirando a porra dos olhos. Emilia pragueja e eu quase me engasgo rindo. — O que?

— Para de graça. Eu sei o que você esta fazendo.

— Eu? Eu só estou apreciando essa maravilha dos Deuses. Céus... eu vou ter que pedir a mão dessa mulher, mas acho que Paolo não deixa nem eu colocar o anel no dedo dela antes de me matar — rio e Emilia revira os olhos.

— Fala serio Jake!

— O que? Eu não estou mentindo caramba. Olha, como sou um ser humano muito bom vou deixar você provar, mas só um, afinal você quem disse que não queria, então não pode mudar de ideia. — ergo um cookie e levo até sua boca. Emilia só me olha e não se mexe.

— Você esqueceu de dizer "Olha o aviãozinho tio!" se não falar a portinha não abre — Emma explica, fazendo nos dois rirmos.

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