Capítulo 8

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Emilia 

Andar pela primeira vez em uma moto é emocionante, te da aquele friozinho na barriga de medo e excitação que só uma montanha russa te proporciona. Depois disso você parece se acostumar e o passeio se torna prazeroso, libertador, mas chega uma hora que cansa.
E puta que pariu eu estava cansada.

Eu não entendia como os caras estavam se sentindo tão bem. As longas viagens estavam acabando comigo. Eu sei que estava em um estado de merda, na verdade depois do meu desmaio eu sai de merda para o deplorável, mas mesmo assim, como diabos eles não estavam nem um pouco quebrados? Isso era impossível!  

Se não tivesse gostado tanto de andar nessas malditas coisas eu estaria jurando em voz alta ao universo que nunca mais subiria em uma na minha vida, nem que me pagassem, mas... o problema não era a maldita moto e sim a viagem. Um curto passeio é relaxante, revigorante até, mas um longo passeio é aterrorizante. 

Minha pequena era uma guerreira, eu temia que essa viagem fosse ser uma tortura para ela tanto quanto estava sendo para mim, mas ela estava indo tão bem. Já eu? Só Deus sabe como tenho conseguido passar por tudo isso.

Depois do meu desmaio, virei a mais nova dona de uma horrenda e enorme cicatriz que ia das minhas costas até uma parte das minhas costelas. Sim, os pontos não aguentaram e eu sangrei por horas sem perceber até a adrenalina de toda a merda do dia cair e eu entrar em colapso.

Tiger fez o melhor que pode coitado, mas ele não era um maldito medico. Então... quinze pontos depois, varias garrafinhas de Jack Daniels e uma puta ressaca aqui estou, agarrada a sua cintura, me sentindo uma merda, mas com um enorme sorriso no rosto ouvindo as gargalhadas de Emma nas costas de KIll.

Eu ainda estava fraca e extremamente preocupada. Jeff, que eu vim a descobrir ser o nome do cara que nos ajudou, havia ligado para Tiger e contado que o segurança do shopping havia dado o nome do MC a policia, graças a identificação no colete que todos usavam. O que resultou em uma enorme confusão, pois horas depois a policia estava batendo nas sedes do MC, causando não só um enorme tumulto como a apreensão de alguns caras que foram pego no fogo cruzado.

Com essa bomba caindo sobre nós , eles deixaram de usar seu couro e tiraram de vista qualquer coisa relacionada ao MC de suas motos. Era nítido que não ficaram felizes com isso. Aquela peça para mim não significava nada, mas para eles significava tudo, era sua identidade, uma parte importante deles e me senti mal por te-los colocado nessa situação, mas apesar do nó em meu peito, faria novamente se isso fosse manter Emma segura. Egoísta eu sei, mas verdade.


Quando finalmente parecia que tínhamos despistado a policia, comecei a me sentir um pouco mais relaxada. Isso me deu esperanças de que conseguiríamos chegar ao nosso destino, que conseguiríamos finalmente sermos livres. E eu implorava todo dia ao maldito universo que isso fosse verdade.

A cada dia juntos, mais eu conhecia esses enormes e assustadores caras e mais meu coração se abria para eles. Passamos de desconhecidos para uma mini família. Emma estava nas nuvens, pois agora não tinha apenas um tio, mas sim quatro grandes tios que fariam de tudo por ela.

Meu coração se aquecia ao ver como aqueles grandes e perigosos caras se derretiam com minha pequena. Mal sabia ela que tinha todos os quadros presos em seu dedinho. Eu confiava nos quatro cegamente nesse ponto, claro que não era burra, sabia que faziam suas merdas, mas o que quer que fosse eles deixavam tudo bem longe de nós duas.

Um dia criei coragem e fiz a única pergunta que me importava: "Vocês  matam, torturam, abusam ou traficam mulheres e crianças?" 

Tive de tomar muita coragem para faze-la, por que no fundo já gostava desses bastardos, mas precisava saber se poderia deixar minha filha abrir seu coraçãozinho para eles. Eu não queria que Emma se decepcionasse novamente com mais um homem em sua vida, muito menos que associasse a figura masculina a algo ruim, por que nem todos os homens eram maus.

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