Capítulo 51

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Emilia

Quando disse a Jake que não queria que Emma fosse igual a mim eu estava sendo sincera. Não confio nas pessoas... na maioria delas pelo menos, por isso estar aqui é tão difícil. São tantas olhos e ouvidos ao redor, que é como se eu tivesse entrado em um dos meus piores pesadelos. Tudo em mim grita "corra", "fuja", "estar aqui não é seguro", mas por Emma e até mesmo por Jake, fico. Mesmo que doa, mesmo que o pânico tente rastejar por minha pela, engulo em seco e coloco um sorriso no rosto, me forçando a ser o mais amigável e sociável possível, mas ao contrário de quando estava com Matthew, não me moldo ao que querem ou esperam de mim, sou apenas eu mesma, gostem ou não.

Por isso dói tanto entrar na porra dessa cozinha e ouvir toda a merda que dizem e não fazer nada. Eu deveria me virar e com meu melhor sorriso no rosto faze-las se arrependerem de falarem mal do meu bebe, mas me mantenho calada e isso é como esfaquear meu próprio peito. Se não fosse por Luke, por tudo que fez e faz por nós, céus, eu não teria pensado duas vezes em avançar, mas... acabamos de chegar, não faço idéia de quanto tempo teremos de ficar e com tudo que anda acontecendo...  Luke não merece mais esse trabalho quando já tem tanto em mãos. Então por mais que doa, por mais que me mate por dentro, ergo minha cabeça e pego a gelatina de Emma.

A sensação de nojo, se mistura com a raiva, impotência e culpa dentro de mim.  Foda-se o que falam sobre mim, honestamente pouco me importo, mas ser tão vil com uma criança, um serzinho inocente que mal entende o mundo, é revoltante. Como podem jogar veneno em algo tão puro? Meu peito dói com cada palavra que ouço enquanto saio, meu maxilar travado com força, segurando minha maldita língua, enquanto repito mentalmente...

Não faça nada Emilia!
Não. Faça. Nada!
Apenas se vire e saia.
Você consegue!

Respiro fundo, travo meus dentes e ando o mais calmamente possível, minha pele se arrepiando, meu estômago dando um nó com cada riso, cada chacota, cada humilhação que finjo não ouvir, não sentir, pouco me importar.

Meus olhos ardem e vou até a porta dos fundos, tentando parar de tremer, tentando acalmar toda a raiva dentro de mim e colocar o melhor e maior sorriso para Emma, por que minha filha já passou por tanto, não vou deixar que essas pessoas façam ela se sentir menos do que amada e bem vinda nesse maldito lugar. Estou tão perdida em pensamentos que bato em alguém, quase caindo de bunda no chão.

— Opa! Caindo de madura? — Jake provoca. Porra! Exalo longamente e fecho meus olhos. Esta tudo bem Emilia, você consegue fingir a porra de uma cara de tédio, raiva ou o que for preciso para passar pelos malditos olhos extremamente observadores de Jake. Você consegue! Só que assim que os abro sei que já estraguei tudo.

Por que diabos eu não posso me fechar inteiramente para esse maldito homem? Por que ele sempre parecer ver além do que quero mostrar? Inferno!

— O que aconteceu? — pergunta mais docemente que o normal e eu cometo a porra do erro de olha-lo nos olhos. Por que diabos ele esta preocupado? Por que ele se importa? Apenas me deixe ir Jake, por favor!

— Nada — minha voz sai embargada. Porra! Me afasto rapidamente do seu toque, do seu olhar e tento dar a volta por ele, rumo meu destino  — Eu preciso levar essa gelatina para Emma...

— Não ouse dar a porra de outro passo Emilia — quase sorrio ouvindo o tom de voz serio e irritado tão familiar vindo dele.

— Mas que diabos! Por que não? — sei que não devia, sei que ele não merece, mas... tudo esta tão cru e sangrando dentro de mim que viro minha raiva para ele. Porra Jake! Eu não queria fazer isso! Me deixe ir por favor, me deixe ir! Olho para ele, quase implorando silenciosamente. Mas como sempre, ele não me ouve e em um movimento rápido ele pega minha mão, entrelaçando sua mão a minha, ele me arrasta até um quarto e nos tranca assim que passamos pela porta . Mas que merda!

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