Jake
Assim que chegamos aos portões do MC, percebo que Luke esta me escondendo alguma coisa. Esse não era um bloqueio qualquer, era a porra de um modo defensivo, não apenas uma precaução como havia deixado subentendido.
Merda!
Meu irmão estava com medo. Finalmente a ficha havia caído e ele percebeu da pior forma possível que ao invés de manter todo o mal longe daqueles que ama, pode muito bem ter pintado um alvo em suas costas. Infelizmente sabia que uma hora isso iria acontecer, por isso me mantive longe do MC, não completamente por mim, mas também por ele.
Luke não entendia minha escolha em não entrar para o clube, na cabeça dele eu ja estava tão profundamente envolvido, que não havia diferença se aceitasse ou não, por que já era um deles, só precisava tornar a merda oficial, então segundo ele "Por que diabos não aceitava de uma vez e acabava com essa merda de cu doce?".
E la íamos nos começar mais uma discussão, onde eu tentava explicar meu ponto e ele parecia nunca me ouvir, só me dando a porra daquele olhar decepcionado e saindo.Eu odiava isso!
Odiava que quanto mais brigávamos por isso, mais Luke se afastava e cada vez mais eu sabia menos sobre sua vida, afinal querendo ou não o MC era grande parte dela e o merdinha era orgulhoso para caralho, ou seja, ou eu estava dentro ou fora. E por mais que ele me empurrasse — e muito — para longe do maldito muro, exigindo que tomasse a porra de uma atitude, consegui me manter ali, firme e forte naquele maldito limiar entre pertencer e não pertencer.
Permanecer ali era a única forma de me manter são e protege-lo, proteger a todos na verdade, por que aqueles filhos da puta do MC em sua maioria também mereciam ser salvos, não só por terem mantido meu irmão seguro enquanto servia, mas também por não pensarem duas vezes e se jogarem nessa merda maluca com ele. E talvez, um enorme talvez, os idiotas tenham conquistado minha afeição com o tempo. Então não havia a opção de salvar apenas um, eram todos ou todos. Nenhum homem ficaria para trás. Não comigo.
Luke não sabia, mas desde que aceitou entrar nessa loucura, vinha criando plano atrás de plano, pensando nas inúmeras merdas que poderiam vir a acontecer e em como poderia ajuda-lo. Queria muito poder me abrir com ele sobre tudo, cheguei a tentar uma vez, mas meus medos aos seus olhos se tornaram descrença em sua capacidade. Era como se eu falasse "A porra dessa banana é amarela Luke" e ele ouvisse "Você é um inútil, como não sabe a cor dessa maldita banana?", então parei de tentar e deixei para lá, talvez assim fosse melhor. O bostinha sabia que eu faria de tudo por ele e talvez mante-lo na ignorância fosse meu maior trunfo.
Para a raiva de Luke, me afastei cada vez mais do MC, só me enfiando nas questões dos passarinhos e algumas festas aqui e ali. Claro que mantinha contato com os caras, mas na maior parte bem longe da sede e da vista de todos. Se acharam estranho, não disseram nada, bem... talvez tenham dito, mas ignorei.
Como Luke e a maioria dos caras me deixavam cada vez mais alheio as merdas do clube, por que como diziam "negócios do clube só dizem respeito aos membros do clube". Iludidos do caralho. Fui obrigado a dar um jeito de descobrir por conta própria tudo que precisava. Embebedar meu irmão era uma das minhas grandes táticas, outras claro era me manter atento a tudo, inclusive a toda maldita conversa que rolava por ai.
Sempre fui muito bom em me manter longe, em não chamar a atenção e porra isso ajudava tanto. Quando não se é notado, espiar a merda dos outros e descobrir coisas se torna muito mais fácil. Foi assim que deixei de ser o "irmão do prez" e me tornei o "tatuador recluso e um tanto mal humorado da cidade" e porra eu estava feliz pra caralho com isso. Todas as tatuagens, a altura e meu olhar sempre um tanto irritado ou talvez entediado eram o melhor repelente de pessoas que poderia ter. Quer dizer... infelizmente não afastava a todos. Bem que eu queria. Mas foda-se, sem a maioria dos maldito olhos em mim, eu estava livre para me movimentar e invadir qualquer porra de jogo que estivesse em andamento e ajudar Luke. Eu era seu ultimo recurso e ele nunca saberia disso.
— Hey! Terra para Jake! — um estalar de dedos me fez voltar a realidade.
— O que foi?
— Eu que te pergunto cara.
— Só pensando — digo limpando a garganta e aponto com o queixo a entrada, onde alguns dos caras andam armados de um lado ao outro enquanto outros verificam cada pessoa e automóvel que entra. — O que diabos esta acontecendo? — olho para ele, mas sei que é em vão por que o filho da puta é bom demais em esconder seu jogo.
— Ordens do Prez — diz simplesmente.
— Ceeeerto.— olho ao redor notando a enormidade de carros já estacionados dentro do lugar, assim como mais e mais pessoas entrando a pé pelo outro lado do portão. — De onde veio toda essa gente?
— Se ficasse mais por perto você saberia — diz como se não fosse nada, mas sinto o cutucão da repreensão ali no meio. Solto um longo suspiro e me preparo para mais um embate. Parecendo notar a merda no ar Emilia escolhe esse exato momento para se fazer presente.Obrigado porra!
— Esse lugar é enorme. — diz olhando um tanto encantada, confusa e talvez ate mesmo em choque para o terreno a frente — Não é nem um pouco como imaginava.
— Não duvido — Kane ri — Se tivesse visto o que vimos quando chegamos aqui, oh merda, tenho certeza que teria correspondido as suas expectativas ou até mais talvez.
— Serio?
— Se estivermos falando de merdas espalhadas por todo lugar, uma casa caindo aos pedaços, um monte de drogados filhos da puta rodando com mulheres semi nuas e um fedor do caralho por toda parte, então sim — ri.
— Foi mais ou menos o que pensei confesso — diz meio sem graça — Mas vocês tem que entender, o único parâmetro que tenho sobre toda essa coisa de MC vem de alguma serie ou filme que vi. E se formos honestos, não acho que inventaram todo esse estereotipo. Kane ta ai de prova que muita coisa do que pensei que fosse verdade acontecia aqui antes de vocês, então sei lá, só achei que continuassem seguindo a mesma linha. É um erro justificável.
— Ela tem um bom argumento. — diz Kane.
— Ta vendo. — faz todo um drama como se eu nunca tivesse apoiado ela. Hunf! — Obrigada.
— Ta! Ta! Ta! Que seja! — digo um pouco irritado, por ela agradece-lo tão facilmente ao contrário de mim — Você tem um bom ponto. Mas aqui, você não tem que se preocupar com nada dessas merdas. Desde que Luke tomou as rédeas o clube se tornou completamente legal, não tem nenhuma merda rolando debaixo dos panos e todos os caras sabem que se querem continuar por aqui, tendo não só o respeito de Luke, mas toda a ajuda e proteção que o MC fornece, eles precisam estar na porra do seu melhor comportamento.
— Justo, para dizer o mínimo.
— Também acho. Sabe a maioria dos caras são gente boa, outros nem tanto — rio — mas independente disso você esta segura, nada vai acontecer a não ser que você queira e caso alguém passe do limite nas brincadeiras ou nos comentários idiotas, não pense duas vezes em colocar quem quer que seja em seus maldito lugar e pedir que pare. Eles vão respeitar seus limites.
— Exatamente. Não somos filhos da puta agressivos, abusadores ou qualquer merda desse tipo. Aqui respeitamos aqueles que nos respeitam. Simples assim.
— Vocês tem me ajudando tanto, o mínimo que posso fazer é respeitar vocês e suas regras.
---------------------->
Continua...
VOCÊ ESTÁ LENDO
Eu escolho você!
RomanceEmilia amava tudo que contasse uma historia, não importava se vinha em forma de livros, pinturas, musicas ou um vaso sanitário da década de 20. Ela amava imaginar a historia por trás de cada coisa e foi assim que saiu de uma minúscula cidade no Bras...