Capítulo 9

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Emilia

Existem certos momentos da vida que por mais que você tente se manter firme, você não consegue. Por mais que tente ser corajosa, por mais que você saiba que não pode congelar, que você tem que fazer algo, você simplesmente trava, congela.

Quando o primeiro tiro soou, eu me recusei a pensar que fosse a porra de um tiro. Me recusei a aceitar que eu havia passado por tudo que passei para terminar no meio de um tiroteio. 

Não! Eu não podia aceitar isso. Ainda mais com minha filha nas costas de Gunter.

Como diabos ele poderia protege-la assim?

Como eu poderia protege-la assim?

Eu estava congelada em um estado de puro terror. Enquanto os caras gritavam algo, eu não conseguia me mexer, não conseguia fazer nada.
Os tiros continuavam rugindo ao nosso redor e eu continuava ali, parada, feito uma idiota. Quando a moto de Gunter se aproximou, praticamente se colando a nossa, eu despertei com a fúria e potencia do seu grito.

— Você precisa juntar sua merda Emilia! Agora porra! Quando eu contar até três você pega Emma. 

— Você esta maluco? 

— 1...

— Gunter! Não!

— 2... 

— Não! Deve haver outro jeito! Por favor! — Implorei sentindo meu corpo inteiro tremer, mal conseguindo me manter segurando em Tiger.

— 3! — Gunter soltou Emma de seu corpo e a segurou por sua mochila e em um rápido movimento jogou seu pequeno corpinho sobre mim antes de sua moto dar uma guinada para o lado se desviando de uma bala.

Emma gritou assustada, seu corpinho se agarrando fortemente ao meu quando eu a peguei. Suas mãozinhas rodearam meu pescoço e as perninhas se prenderam fortemente em minha cintura. Seu corpinho tremia tanto quanto o meu e eu podia sentir as lagrimas molhando minha camisa.

— Eu sei que isso é assustador meu amor — minha voz tremia, por mais que eu tentasse soar firme — mas você precisa soltar um pouquinho seu aperto e ficar entre mim e o tio Ti. Você consegue fazer isso? — Ela balançou sua cabecinha e se soltou. Respirei fundo  retirei sua mochila  e virei seu corpo para que ficasse agarrada as costas de Tiger e não a mim. Quando seu corpo se encaixou onde deveria, rodeei meus braços em volta dela e de Tiger o máximo que pude, me fazendo de escudo entre ela e qualquer coisa que tentasse lhe atingir.

Eu podia sentir todo o meu corpo tremendo incontrolavelmente e minhas mãos escorregando meu aperto em Tiger, mas mesmo assim nada me faria solta-lo. Uma bala passou voando bem ao lado da minha cabeça me fazendo gritar enquanto Tiger nos manobrava tentando fugir de cada maldita bala.

Quando chegamos a um certo ponto da estrada, um carro preto cruzava as duas pistas ao longe. Ouvi os caras praguejarem em uníssono quando dois homens saíram do carro e começaram a atirar contra nós.

Estávamos cercados. 

Não havia para onde fugir.

Como diabos sai de um maldito inferno para cair em outro?

De repente toda o medo se esvaiu do meu corpo, sendo rapidamente substituído  por raiva. Antes mesmo que soubesse o que estava fazendo, uma das minhas mãos tateou Tiger até encontrar o que procurava. Amarrada a uma de suas panturrilhas, uma arma pendia em um pequeno coldre. Sem pensar duas vezes, puxei a arma. Tiger segurou meu punho antes mesmo que eu conseguisse puxar minha mão.

 — Que diabos você esta fazendo?

— Eu não sei caramba! Mas eu preciso fazer alguma coisa!

— Tem certeza? 

— Absoluta! — Ele praguejou alguma merda que não consegui ouvir com todo o barulho, tirou a arma rapidamente da minha mão e a devolveu em seguida me libertando de seu aperto.

— Passe suas pernas pela minha cintura e se segure o mais forte que puder. Não ouse cair dessa porra de moto! A arma esta destravada. 

— Mamãe! — Emma segurou minhas pernas firmemente enquanto as levantava e me enganchava na cintura de Tiger. Eu não conseguia me prender bem com Emma no meio de nós dois, mas fiz o melhor que pude.

— Quietinha meu amor. Só se segure firme no tio Tai. A mamãe não vai a lugar nenhum querida. 

Me virei sentindo o mundo se desestabilizar por um momento, a moto balançava demais e era difícil como o inferno mirar nos malditos idiotas. Fazia anos que eu havia colocado a mão em uma arma. Na verdade só havia colocado a mão em uma por que um amigo de papai havia nos feito sair para caçar com ele. Foi uma das piores experiencias da minha vida.

Respirando fundo, estiquei meu braço, enquanto com o outro continuava segurando Tiger e atirei. Cada bala foi gasta com um objetivo em mente.

Errei o primeiro tiro, acertando-o longe de qualquer um dos caras. O segundo tiro bateu na lataria da moto, não causando qualquer dano. O terceiro por uma sorte do caralho acertou a perna de um dos caras que acabou caindo com a moto e de bônus derrubando mais um junto.

Enquanto atirava da parte de Trás Tiger atirava na frente. Eu estava tão compenetrada que não percebi quando um tiro acertou o pneu de Kill, o fazendo cair com a moto pelo asfalto. Soltei um grito de puro pânico, morrendo de medo que ele tivesse se machucado. Comecei a gritar a plenos pulmões que Tiger parasse. Kill não estava se mexendo. Nós precisávamos chegar nele.

Eu podia sentir as lagrimas caindo, mas Tiger apenas continuou seguindo em frente. T-Rex também havia caído em alguma parte ou havia desaparecido, por que eu não o via em qualquer lugar ao nosso redor. Somente Gunter nos acompanhava. 

Comecei a bater nas costas de Tiger, exigindo que ele parasse a porra da moto, nos precisávamos voltar. Nos tínhamos que ajudar Kill e achar T -Rex.


Eu não havia notado que os dois homens do carro haviam sido abatidos e que os tiros aviam sessado até que Tiger finalmente parou sua moto atrás do enorme carro.

Ele pulou rapidamente da moto, tirando minhas pernas de sua cintura. Ele puxou Emma em seu colo com um braço, me levantando pela cintura com o outro. Quando me soltou fora da moto, segurou firme meu braço me arrastando até a lateral  do carro.

— Fiquem abaixadas e não saiam daqui. — ele me olhou serio me desafiando a questiona-lo.

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Continua...

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