Capítulo 27

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Jake

Emma estava quieta.

Quieta demais.

A animação que havia mostrado quando a convidei para esse pequeno passeio havia acabado no instante em que saímos pela porta. 

Eu estava me contorcendo por dentro, tentando adivinhar que diabos havia acontecido para minha florzinha passar de um enorme sorriso animado para esse pequeno e fofo beicinho em seu rosto. 

Dando espaço a ela para que me contasse o que quer que estivesse acontecendo em sua linda cabeçinha  quando estivesse pronta continue andando com sua mãozinha segurando fortemente a minha. Era fim de tarde e os últimos raios de sol cobriam uma pequena parte da grande área gramada nos fundos da casa, nos dando alguns poucos minutos a mais de calor, antes que as temperaturas baixassem de vez a noite.

Ignorando o canteiro de flores da minha mãe, afinal Emma parecia não estar mais no clima, nos guiei até o pequeno espaço ainda ensolarado e me sentei. Emma me olhou com uma leve ruguinha entre seus olhos, me fazendo sorrir.

— Que tal deixar as flores para um outro dia e aproveitar esse solzinho? Deus! Eu sinto falta de sentar aqui e curtir esses pequenos momentos. — expiro um pouco melancólico. Emma não diz nada, mas se senta ao meu lado. Suas perninhas esticadas e as mãozinhas apoiadas na grama como eu.

Fecho meus olhos curtindo o calor do sol em meu rosto, enquanto ficamos em silêncio. Meus olhos podiam estar fechados, mas meu corpo inteiro estava bem atendo a pequena garotinha ao meu lado, meus ouvidos atentos a cada barulhinho vindo dela e ao redor. 

Meu coração estava dolorido com seu silêncio, eu queria a pequena florzinha cantarolante, cheia das risadinhas e longos falatórios sobre os melhores desenhos, filmes e brincadeiras de volta. Por que mesmo animada e falante Emma ainda era a criança mais calma, educada e pacifica que eu havia conhecido e por mais que eu amasse isso eu compartilhava o desejo de Emilia de que ela fosse mais livre, solta, que corresse, gritasse... que fosse a criança que ela parecia não ter sido, por que minha doce florzinha muitas vezes parecia mais madura que seus meros quatro aninhos. E eu odiava ver o peso que a vida havia colocado em seus pequenos ombrinhos em seus olhos.

Enquanto o silêncio reinava a nossa volta, fechei meus dedos na grama tentando me manter calmo, imóvel... tentando passar uma tranquilidade que não sentia, por que cada segundo desse silêncio me matava por dentro. Como eu iria fazer essa pequena florzinha triste se abrir comigo? Por mais que nos descemos bem, nos nós conhecíamos a pouco tempo e mesmo tendo a honra de ganhar o titulo de tio, isso podia não ser o suficiente para que ela confiasse em mim a ponto de me contar seus pensamentos.

  — Tio... — meu coração para ouvindo sua doce voz. Porra! Obrigado Deus!

— Oi! — abro meus olhos e me viro para ela com um leve sorriso no rosto. Cruzando minhas pernas despreocupadamente uma sobre a outra.

— A gente vai se ver de novo? — Quase caio para trás com a surpresa da sua pergunta.

— Como é que é? — pergunto realmente confuso.

— A mamãe e eu vamos embora? Para casinha nova. Por isso ela estava chorando.

— Quem te falou isso?

— Eu ouvi a mamãe conversando com os tios e um deles disse que eles iam levar a gente em segurança para um lugar novo, mas levar quer dizer que eles não vão ficar, não é? — Oh merda!

— Eu... 

— Pode falar a verdade tio. — ela diz tão chateada que me parte o coração.

— Oh florzinha — puxo-a para mim, colocando-a no meu colo e abraçando seu pequeno corpinho com força. — Se caso isso vier a acontecer, não quer dizer que você nunca mais vá ver eles. Eles são seus tios, são família e família não abandona família.

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