Capítulo 45

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Emilia

Minhas costas doem e minha cabeça lateja como inferno de tanto chorar, mas me recuso a sair de perto de Emma. Jake continua ali parado ao lado da porta como a porra de um segurança, me deixando cada vez mais nervosa.
Alguma coisa estava acontecendo, eu sabia disso, ele não estava tenso somente por Emma, tinha mais, eu podia sentir a energia nervosa e pesada no ar. Se fosse qualquer outro dia eu exigiria saber o que diabos estava acontecendo, mas hoje... hoje eu temia perguntar, pedir por respostas. Eu não aguentaria mais um golpe. Não depois de hoje.

Pela primeira vez deixaria tudo nas mãos de outra pessoa e focaria na minha menininha. Deus! Como dói vê-la assim de novo, nessa maldita cama de hospital, tão pálida, tão quieta, tão... pequena.

— Por que você não deita um pouco? — Jake se aproxima mais uma maldita vez e eu tenho vontade de jogar a primeira coisa que vejo nele. Porque diabos não pode me deixar em paz? Ele não vê que eu preciso da porra de um tempo? 

— Para com isso — sua voz perde a delicadeza do pedido anterior e seus dedos seguram firmemente meu queixo, levantando minha cabeça em sua direção, me fazendo olha-lo — A culpa não é sua Emilia. Nada disso é caralho! Então para com essa merda — desvio meus olhos dos dele e sinto aquela maldita ardência novamente, me dizendo que estava a um passo de começar a chorar mais uma vez — Olha para mim — ele pede, mas suas palavras soam mais como uma ordem do que qualquer outra coisa. Tento não olha-lo, por que sabia que estava chegando ao limite.
Precisava de uma distração, de uma forma de me libertar de toda a angustia e medo que me dominam. Precisava brigar, bater, gritar, tirar toda esse caos de dentro de mim e se olhasse para ele... céus! Se olhasse para ele, ele seria a distração, ele seria o alvo. E mesmo assim, mesmo sabendo que me sentiria uma merda depois, eu o olho.

— Me deixa em paz. — respiro fundo e fixo meus olhos nos dele — pare de fingir que sabe a porra do que estou sentindo. Por. Que. Você. Não. Sabe! — cutuco seu peito a cada palavra.

— Eu não vou cair nessa. Não hoje porra! — diz com o tom de voz baixo, assim como tem feito desde que entramos nesse quarto, não querendo que nada perturbe Emma. — Se você quer gritar, me bater ou fazer qualquer outra coisa, ok! Vá em frente, mas eu não vou cair na sua merda. — me solta e abre os braços — Se e isso que precisa, ok, vá em frente! Vamos la! Eu sou todo seu. — abre a porra daquele sorrisinho de lado, fazendo meus nervos fervilharem. 

Nossos olhares se prendem em uma pequena disputa, permaneço imóvel apesar da energia caótica dentro de mim, mas ele continua me provocando, me chamando, me dando o que quero com a porra de um sorriso zombeteiro no rosto, mas os olhos... aqueles malditos olhos me desarmam completamente. Eu não quero bater, gritar ou jogar tudo isso nele, não de verdade. Jake me irrita na maioria dos dias isso é um fato, mas... não merece nenhuma das minhas merdas. Não hoje. Ele salvou a vida da minha garotinha e por tabela a minha, mais de uma vez se formos honestos. Me salvou não só de morrer com aquela maldita bala, mas de viver meu pior pesadelo, descobrir como seria uma vida sem Emma. E inferno! Eu rezava aos céus que nunca descobrisse, por que meu coração não aguentaria. Já havia perdido tanto, mais um golpe, seria fatal.

Eu tinha noção do quanto era a porra de uma cadela com Jake, odiava agir assim, mas... por mais que tentasse não sabia como agir com ele. Tentava me controlar, mas inferno! Ele sempre conseguia tirar o pior de mim. Odiava a forma como me fazia sentir, como me inundava com tantas emoções novas e desconhecidas que me aterrorizava. 

Cada ação sua me irritava.

Me irritava a forma como seu enorme corpo pairava ao redor, sempre em meio as sombras, silencioso, com aqueles malditos braços cruzados sobre o peito e seu belo rosto inexpressivo, olhando e julgando tudo ao redor com  aqueles malditos olhos. Sim! Eu odiava aqueles olhos. Odiava que pareciam ver através de mim, prever meus passos, medos, inseguranças. Mas principalmente... odiava que Jake me enxergasse, que realmente enxergasse a verdade por trás de todos os muros, mascaras, medos e incertezas.

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