O preço da autoestima

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Reli o documento mais uma vez, assinei ambas as folhas e devolvi tudo junto da caneta.

Ela pegou os papéis, analisou brevemente e me entregou a cópia que continha a assinatura dela.


- Prontinho. – disse parecendo alegre, dirigindo-se de volta a prateleira e guardando sua cópia. – Com isso já podemos começar. Vou só me preparar.


Enquanto ela seguia para trás do biombo eu dobrei minha página e guardei no bolso da calça.

Dessa vez foi mais fácil de manter a compostura quando dona Fátima saiu de trás do biombo só de lingerie. O curso intensivo de massagem clássica ao lado da Erika, tão esforçada em me fazer passar vergonha, me colocou num patamar diferente da primeira vez.


- Dona Fátima, se a senhora preferir agora eu também sei fazer massagem clássica.

- Agora? Você não sabia?

- Não até antes desse final de semana. – expliquei. – A professora Cida disse que às vezes a senhora costumava preferir massagem clássica e por coincidência ela estava dando um curso no final de semana. Então eu decidi fazer.

- Sério? Que aplicado, Gabriel. – ela pareceu surpresa. – Bem, vamos ver então como é sua massagem clássica.


Ela se deitou de barriga pra cima e perguntei se ela preferia algum creme.


- Prefiro sem. Vou ter que sair depois e não quero ficar cheirando a creme.

- Sem problemas.


Diferente da outra ocasião dona Fátima parecia muito mais interessada em conversar dessa vez.


- O que mais você sabe fazer, Gabriel?

- De massagem?

- De tudo. O que você faz da vida?

- Eu ainda estou no ensino médio, então acho que não faço muita coisa.

- E do que você gosta?

- Música, vídeo game...

- Massagem?

- É. – até então eu ainda não havia parado pra pensar a respeito daquilo e me surpreendi ao perceber. – Eu gosto de massagem.

- Que bom. Por que eu gosto de receber massagem. – ela sorriu. – E você realmente leva jeito pra isso. Você faz massagem na sua namorada?

- Eu não tenho namorada.

- Não tem namorada? – ela pareceu surpresa e isso me lembrou da reação da Erika ao ouvir a mesma resposta. Comecei a ficar curioso sobre o que poderia haver de tão surpreendente nisso. – Você está no ensino médio, não é?

- Sim.

- Então tem alguém de quem você gosta. – ela falou com confiança. – Não tente me enrolar, Gabriel.

- É complicado...

- Aha, sabia. – dona Fátima pareceu bem contente consigo mesma. – Você já se declarou?

- Ainda não. – respondi de forma simples. Aquela simples pergunta fez tudo o que havia acontecido voltar a inundar minha cabeça por um breve momento.


Durante os próximos minutos respondi várias outras perguntas a respeito de muitas outras coisas da minha vida. Minhas matérias favoritas na escola, com o que meus pais trabalhavam, o nome da minha irmã, onde eu morava...

Por trás do toqueOnde histórias criam vida. Descubra agora